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26/05/2024 às 7:00 - há XX semanas | Autor: Gilson Jorge

ABRE ASPAS

“Com fé a gente supera”, diz superintendente sobre desafios da OSID

Confira a entrevista com Maria Rita Pontes

Maria Rita Pontes
Maria Rita Pontes -

Em 1991, quando a débil saúde de Irmã Dulce teve o seu quadro agravado, a jornalista carioca Maria Rita Pontes, sobrinha da religiosa, deixou a sua carreira de lado e veio a Salvador para administrar as Obras Assistenciais de Irmã Dulce (Osid). Seria um arranjo temporário até que se encontrasse uma solução definitiva. Mas atendendo ao desejo registrado por escrito do "Anjo Bom da Bahia", que morreria no ano seguinte, Maria Rita Pontes, que já havia herdado o nome da filantropa, assumiu também definitivamente a direção da Osid. Neste domingo, quando se comemoram 110 anos do nascimento da Santa Dulce dos Pobres e 65 anos de fundação da Osid, A TARDE publica entrevista com Maria Rita, superintendente da instituição, que fala sobre a atuação e os projetos de uma entidade que surgiu no galinheiro de um convento, quebrando resistências, e que graças à perseverança da freira se tornou uma referência em saúde, recebendo quase 50 mil internações por ano em sete municípios baianos. São cerca de 4.300 funcionários no complexo do Largo de Roma e aproximadamente 7 mil em todo o estado.

Depois da beatificação de Irmã Dulce, em 2011, e de sua canonização, em 2019, a Osid ganhou uma maior projeção dentro e fora do país. A consagração da primeira santa brasileira se reverteu em aumento de doações à instituição?

Sim, com certeza. Isso tornou a Osid mais reconhecida. E, por outro lado, nos fez refletir que o reconhecimento da Igreja Católica e da sociedade ao nosso trabalho aumenta também a nossa responsabilidade na assistência ao paciente, no cuidado com as pessoas que chegam aqui. E sermos cada vez mais Dulce, no sentido da empatia, da compaixão, do amor ao próximo. De estar no estado de paz, como ela sempre estava, apesar de todas as dificuldades. Era ela uma pessoa extremamente serena. Então, o nosso compromisso só fez aumentar. A gente sabe da responsabilidade daqui para a frente. Os serviços aumentando, as oportunidades também aparecendo.

No início das Obras Sociais, e mesmo nas ações sociais desenvolvidas pelo Doutor Augusto, pai de Irmã Dulce, houve o engajamento de empresários importantes do estado. A elite da sociedade hoje é menos solidária?

Eu sinto que a ajuda com que a gente pode contar vem das pessoas mais humildes. Pessoas que foram impactadas pela qualidade da assistência que receberam aqui. Recebemos ajuda de empresários não só da Bahia, mas de todo o Brasil. Vendo os projetos que são apresentados, as campanhas de doação que são feitas, sentimos uma participação muito grande após a canonização, por conta certamente da credibilidade e da transparência da instituição. Se passamos períodos de dificuldades, foi muito em função da situação econômica. A gente sente que às vezes está em uma montanha russa, como todos os filantropos. Há momentos em que a gente desanima e pergunta o que está acontecendo. Mas com fé a gente supera. No passado, havia grandes empresas com a matriz na Bahia. Mas isso não impede que a gente tente captar recursos em outros estados. Inclusive com empresários baianos que estão em São Paulo. A gente busca o apoio de todos porque não consegue fechar as contas com os recursos do SUS. O que o SUS paga mal dá para pagar os salários em dia, honrar nossos compromissos com fornecedores. É preciso investir em manutenção e requalificação da infraestrutura, em tecnologia. Para manter os programas de residência atrativos. Os residentes querem tecnologia. Como a ressonância magnética que a gente conseguiu inaugurar no ano passado. Hoje nós temos 20 programas de residência médica, com mais de 200 residentes.

Em 2023, a Osid teve uma receita total de R$ 288 milhões, com custo total de R$287,5 milhões, segundo dados oficiais da instituição. O SUS responde por quanto da receita obtida?

O SUS chega a cobrir 80% das nossas despesas. No ano passado, cobriu 71%.

Os números da Osid são imponentes. Segundo a assessoria, 5,6 milhões de procedimentos ambulatoriais e quase 50 mil internações por ano, incluindo outros hospitais e ambulatórios. Como funcionam essas parcerias para administrar unidades externas?

Isso vem de longo tempo, começou com a Prefeitura de Salvador, para administrar postos de saúde. Em 2006, a gente assumiu o primeiro hospital do estado, o Hospital do Oeste, em Barreiras, quando ele foi inaugurado e desde então estamos à frente desse hospital. Depois, pela qualidade do atendimento e por levarmos a essas unidades o mesmo modelo de gestão que fazemos aqui, temos mais cinco hospitais do Estado, um hospital municipal e uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Na Osid, a oncologia parece bem relevante. Quais são as especialidades com maior demanda?

Com certeza, a oncologia. Depois da pandemia, houve um represamento dos atendimentos às pessoas que procuravam fazer exames preventivos e periódicos. E hoje a gente vê um número muito grande de pessoas que precisam de atendimento, algumas em estado já muito grave. Atendimentos em quimioterapia e radioterapia. A obra está nesse momento na captação de recursos para a construção de mais 20 leitos de UTI, e depois outros 20 leitos, aqui na nossa unidade de oncologia, diante dessa grande demanda. Hoje são adiadas cerca de 70 cirurgias por mês por falta de leitos de UTI. Daí a importância de a gente fazer um apelo à sociedade, ao governo, às empresas, para que a gente possa ampliar o atendimento.

O paciente oncológico vem pelo SUS? Como é o procedimento?

O paciente bate à nossa porta como primeiro atendimento ou então vem pela regulação do estado e dos municípios. Uma coisa que me impressionou: estivemos recentemente em Fortaleza para o lançamento do livro Cartas de Santa Dulce e algumas pessoas pediam uma dedicatória para pacientes com câncer, que estavam precisando ler alguma coisa de Irmã Dulce, sentir a presença dela. Foi impressionante. Acho que a pandemia fez aumentar os casos de câncer.

A propósito, a Osid mantém aqui, do outro lado da rua, uma unidade para o atendimento a alcoolistas. Muito falou-se do aumento dos casos de abuso no consumo de álcool durante a pandemia. As pessoas trancadas em casa, com medo de morrer. Houve de fato um aumento de pacientes alcoolistas depois do período de isolamento social?

Eu acredito que não tanto quanto os casos de câncer. Nós temos esse trabalho. São 30 leitos para desintoxicação do álcool e de outras drogas. A gente sentiu uma maior necessidade de tratamento com a população em situação de rua, que sofreu muito no período, com os restaurantes fechados.

Qual o arco de atuação da Osid?

O principal diferencial das Obras Sociais de Irmã Dulce em relação a outras instituições filantrópicas é que nós não atendemos a um só segmento, atendemos a todos. Atendemos às crianças com um hospital pediátrico e uma escola de ensino fundamental, para 900 crianças e jovens. Temos a geriatria, inclusive com cuidados paliativos, passando por todos os graus de assistência, do ambulatório até a morada e a clínica. Também fazemos atendimento de pessoas com deficiência, de morada mas também de reabilitação. A gente atua em pesquisa clínica e pesquisa oncológica, um hospital de ensino e um hospital com várias especialidades. Atendemos alcoolistas e pessoas em situação de rua. Teremos também cirurgia cardiovascular e neurológica. A obra tem essa diversidade de atendimentos que a torna uma instituição singular. Também temos a padaria em Simões Filho, que fabrica os panetones, broas de milho, cookies e brownies.

Como é a produção anual de panetones? Essa é uma marca importante da Osid e devo dizer que é um produto muito gostoso...

Que o diga a Bauducco. Logo no começo da produção, há cerca de 30 anos, eles se ofereceram para fazer uma doação à Osid e em troca a gente pararia de fabricar panetones. Na época, eu usava um celular Motorola, daqueles pesadões. Eu agradeci muito a ele, disse que tomava a oferta como um elogio, mas que a gente continuaria fabricando. Era a certeza de que a gente estava incomodando a concorrência. A previsão de produção do Panetone Santa Dulce para este ano é de 750 mil unidades.

A ideia da rota de turismo religioso entre o Santuário Santa Dulce dos Pobres e a Igreja do Bonfim está pegando? Vocês têm uma loja de souvenirs, dois cafés. Como anda a visitação?

Em um primeiro momento, logo após a canonização em 2019, nós tivemos um crescimento exponencial. Entre 2019 e 2020, antes da pandemia. Chegou a duas mil pessoas por dia e caiu com a pandemia. E agora está retomando. O Memorial está passando por uma requalificação. Mas o Memorial temporário, que fica atrás do café, tem recebido dezenas de turistas diariamente. Um dos períodos de maior visitação é durante a Trezena, de 1 a 13 de agosto, no Largo de Roma. É um evento mais voltado para o público católico, para os devotos, mas que é aberto aos turistas e ao público que é de Salvador, mas não conhece a obra. A gente quer que essas pessoas venham visitar, até porque o Memorial será reaberto em agosto. O clímax da festa é mesmo o dia 13 de agosto. Mas teremos quermesses, palcos para apresentações religiosas, missas diariamente. A missa principal acontece às 8h30, de 1° a 13 de agosto. No dia 13, a missa contará com a presença de Dom Sérgio da Rocha, nosso arcebispo. No dia 13 teremos cantores também, mas ainda estamos fechando a grade da programação musical. Esperamos atrair um grande número de devotos. No ano passado, com toda a chuva no dia 13, tivemos na praça umas três mil pessoas.

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