MUNDO
Após vitória recorde, Putin promete que Rússia não será intimidada
País vive guerra com a Ucrânia desde fevereiro de 2022
Por AFP
A Comissão Eleitoral russa elogiou, nesta segunda-feira, 18, a vitória "recorde" de Vladimir Putin nas eleições presidenciais, resultado alcançado devido à repressão da oposição e apresentado como prova de unidade nacional após a ofensiva na Ucrânia.
"É um indicador recorde (...) Quase 76 milhões" de votos, disse a presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova.
Putin, de 71 anos, foi reeleito para o seu quinto mandato com 87,28% dos votos, informou a comissão após a contagem de todos os colégios eleitorais do país.
O presidente russo comemorou a vitória na noite de domingo, ao final de três dias de eleições sem um verdadeiro candidato da oposição.
Os outros três candidatos obtiveram 4,31%, 3,85% e 3,20% respectivamente, segundo este resultado, que não inclui os votos no exterior.
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É um resultado "excepcional" e uma "confirmação eloquente do apoio do povo russo" ao presidente, reiterou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Putin, no poder há quase 25 anos, conseguiu 10 pontos a mais do que em 2018.
Para Putin, este resultado mostra uma Rússia que não se deixará "intimidar" pelos seus adversários.
Um concerto está programado para a noite na Praça Vermelha de Moscou para celebrar o resultado, coincidindo com o 10º aniversário da anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014, o início da operação militar de Moscou contra Kiev que culminou com o início da ofensiva em 24 de fevereiro de 2022.
No seu discurso, Putin celebrou a "consolidação política interna", dois anos após o início da ofensiva contra a Ucrânia e das sanções ocidentais contra o país.
"Não importa quem ou o quanto querem nos intimidar, não importa quem ou o quanto querem nos esmagar", disse o presidente. "Não funcionou agora e não funcionará no futuro. Nunca", acrescentou.
Ao longo da semana foram registrados bombardeios e ataques de milicianos ucranianos em solo russo para tentar perturbar as eleições.
"Escrevi Navalny"
Putin, que ainda poderá concorrer em 2030 e permanecer no poder até 2036, prestou homenagem aos soldados que lutam na Ucrânia e protegem "os territórios históricos da Rússia".
Na sua opinião, as forças russas, desde que assumiram o controle de Avdiivka em meados de fevereiro, têm "toda a iniciativa" no front.
As eleições contaram com outros três candidatos, que apoiam a ofensiva na Ucrânia e a repressão contra a oposição, que culminou com a morte do principal representante da dissidência, Alexei Navalny, em uma prisão no Ártico, em fevereiro.
A oposição, que foi proibida de apresentar candidatos, conseguiu, no entanto, mostrar-se de maneira simbólica, respondendo ao apelo da viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, que prometeu seguir com a causa do marido e pediu aos seus apoiadores que votassem ao meio-dia de domingo.
Navalnaya votou na embaixada russa em Berlim, onde vive exilada com os filhos.
"Escrevi 'Navalny' porque não pode ser que, um mês antes das eleições, o principal adversário de Putin, que já estava na prisão, tenha sido assassinado", disse Navalnaya à imprensa.
Para o Kremlin, a viúva do opositor "perdeu as raízes russas".
Em outras embaixadas russas, longas filas também se formaram ao meio-dia. Dezenas de milhares de russos exilaram-se no exterior desde o início da ofensiva contra a Ucrânia por medo da repressão ou de serem recrutados para o Exército.
Em alguns centros de votação em Moscou e São Petersburgo, as pessoas também se reuniram no mesmo horário.
No cemitério onde Navalny foi sepultado, na capital russa, dezenas de pessoas colocaram flores e cédulas com o nome do opositor.
Putin mencionou seu nome em público no domingo pela primeira vez em anos: "Quanto ao senhor Navalny. Sim, ele morreu. É um acontecimento triste".
"Sem opções"
Muitos países ocidentais criticaram as eleições.
A reeleição de Putin baseia-se na "repressão e intimidação", afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
Foi uma eleição "sem opções", acrescentou a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock. Para a França, também não havia "condições para eleições livres, plurais e democráticas".
Os aliados tradicionais da Rússia saudaram o resultado.
O presidente chinês, Xi Jinping, enfatizou o "total apoio" dos russos ao seu presidente. Os governos de Venezuela, Cuba e Nicarágua enviaram mensagens de felicitações.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, expressou a sua "vontade inabalável de continuar trabalhando estreitamente" para "avançar na cooperação mutuamente benéfica".
O líder cubano, Miguel Díaz-Canel, destacou que o resultado eleitoral é "um exemplo confiável do reconhecimento do povo russo à sua gestão".
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, descreveu a vitória "como uma contribuição para a estabilidade indispensável da comunidade humana".
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