BAIANO VOLTOU DE ISRAEL
"Deus não nos salvou da guerra, mas nos salvou na guerra"
Baiano de Itapetinga, Leonardo Cotrim estava no país e conseguiu retornar à Bahia
Por Leilane Teixeira
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"Deus não nos salvou da guerra, mas nos salvou na guerra". Essa é a frase usada pelo pastor Leonardo Cotrim que traduz o sentimento dele em ter conseguido voltar de Israel em meio a guerra que assola o país desde o sábado, 7, e já vitimou quase duas mil pessoas. Natural de Itapetinga, o líder da igreja 'Ministério Joel 2', no Centro Sul Baiano, conversou com o Portal A TARDE sobre estar no país em meio ao conflito e contou como foi o retorno para a cidade.
"Quando eu tive ciência do que estava acontecendo, o primeiro sentimento foi de preocupação e tensão. Primeiro por estar sendo bombardeado de notícias e pessoas me ligando para saber como eu e meu grupo estávamos, e também por algumas fake news que foram propagadas, a exemplo de que teria uma homem bomba. Mas ao mesmo tempo que vinha muita preocupação, a minha fé me deu um conforto de manter a calma e confiar no senhor. Tenho dito que Deus não nos salvou da guerra, mas nos salvou na guerra", desabafou.
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Leonardo foi para Israel no final do mês de setembro junto com um grupo de colegas no qual chama de "ovelhas", em uma missão evangélica que durou 20 dias. O Hamas iniciou a invasão no sábado, 7, na cidade de Tel Aviv, cerca de 50 km de distância de Jerusalém, local no qual o pastor e seu grupo ficaram. Apesar das invasões não terem chegado na região em que estavam, Cotrim afirmou ao Portal A TARDE que foi possível ouvir os barulhos dos mísseis e ver o efeito das explosões no céu.
"Fui para Jerusalém com um grupo. Levei duas ovelhas que eu pastoreio e alguns amigos, tanto alguns que já tinham ido, como outros que queriam conhecer pela primeira vez. Ou seja, foi como se fosse uma caravana, onde pessoas de todo o Brasil foram e eu fui responsável por levar e guiar os féis do Ministério Joel 2. O conflito iniciou um dia antes de voltarmos. Estávamos no hotel quando recebemos a informação e lá mesmo nós ficamos. Nos orientaram a procurar a sala de proteção, porque em Israel quase todos os prédios têm essa sala. Como era um período de Shabat [o sábado, dia dedicado inteiramente ao descanso pela religião judaica], então naturalmente a cidade estava vazia com as pessoas em suas residências, mas era possível ouvir os barulhos dos mísseis, das bombas, e até ver o céu com uma coloração diferente devido aos efeitos dos explosivos", explicou.
Em meio a tensão que se formava na região, o líder religioso ligou para a esposa para avisar que estava tudo bem. "Quando tem situações difíceis, as pessoas não acreditam que a gente esteja bem. Então tive também a preocupação familiar. Liguei para minha esposa e deixei ela mais tranquila. Apesar do caos, saber da proteção que Deus tem sobre a nação e saber que a gente estava ali no centro da vontade dele, fez a gente confiar que ficaria tudo bem".
RETORNO PARA ITAPETINGA-BA
O voo de Leonardo e seu grupo, estava previsto para a noite de domingo, por volta das 23h [horário de Brasília], mas todos decidiram ir logo pela manhã para o aeroporto para evitar a perda, já que, segundo ele informou em conversa como Portal A TARDE, o aeroporto estava lotado com muita gente tentando sair do país.
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"No domingo pela manhã, fomos bem antes da hora do voo porque não sabíamos como seria o dia, inclusive poderiam até fazer uma barreira na estrada. Então pegamos o trem que voltou a funcionar saindo de Jerusalém para Tele Viv e em torno de 20 minutos chegamos no aeroporto. No aeroporto, teve muita gente que teve o voo cancelado, outras que tiveram remarcado para hoje, outros remarcados para sexta,13. Mas algumas empresas como a nossa, mantiveram o voo. O aeroporto estava lotado com gente saindo do país, mas também chegando, porque foram as pessoas que estavam em translado quando tudo começou e nem sabiam da notícia. O governo brasileiro também enviou aviões da FAB, aí teve muita gente se cadastrando para voltar nesse avião também".
Nesta quarta-feira, 11, a segunda aeronave KC-30 (Airbus A330 200), da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou de Tel Aviv às 12h30 (horário de Brasília) com destino ao Rio de Janeiro. A bordo estavam 214 brasileiros resgatados após os conflitos e a previsão é que chegue no aeroporto de Galeão às 3h. Já o primeiro voo de resgate trazendo brasileiros de Israel, pousou em Brasília por volta das 4h desta quarta.
ALÍVIO E FÉ
De volta à Itapetinga na noite de terça, 10, Leonardo relembrou as emoções vividas e classificou todo o processo, desde a idade, a guerra e a volta, como um "mix de sentimentos".
"Foi um mix de sentimentos: o de querer sair para voltar para sua família, sua nação, ser livre de todo ataque, mas ao mesmo tempo o coração se compadece por aqueles que estão sofrendo também. E não só os israelitas, o próprio povo palestino vitimado, pois há muitos que não têm nada a ver com a guerra, não participam, mas acabam sendo atingidos. Então agora é reforçar ainda mais o nível de oração, que já é grande por todos, e ter fé em dias melhores, porque ela nos salvou".
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