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CONFLITO

Drone é lançado do Líbano contra casa de primeiro-ministro

Defesa Civil informou que 33 pessoas morreram na noite de sexta-feira em um bombardeio israelense contra o campo de refugiados

Por AFP

19/10/2024 - 13:02 h
Benjamim Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
Benjamim Netanyahu, primeiro-ministro de Israel -

Israel anunciou, neste sábado, 19, que um drone lançado do Líbano tinha como alvo a casa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que estava ausente do local, em meio à ofensiva israelense contra o movimento libanês Hezbollah, que reivindicou disparos de foguetes contra várias regiões do país.

Na Faixa de Gaza (fronteira sul de Israel), a Defesa Civil informou que 33 pessoas morreram na noite de sexta-feira, 18, em um bombardeio israelense contra o campo de refugiados de Jabaliya, no norte do território palestino.

Israel lançou no início do mês uma nova operação militar no norte de Gaza, alegando que os milicianos do movimento islamista Hamas estavam se reagrupando na área.

Mais de 400 pessoas morreram nesta região desde o início da operação, segundo fontes médicas locais.

O movimento islamista palestino, que governa Gaza desde 2007, se encontra enfraquecido após um ano de guerra e o assassinato na quarta-feira de seu líder, Yahya Sinwar.

A guerra em Gaza começou após a incursão, em 7 de outubro de 2023, de combatentes que mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, e tomaram 251 reféns, 97 dos quais ainda estão em cativeiro, segundo contagens da AFP baseadas em dados oficiais israelenses.

Na ofensiva de represália israelense contra Gaza, um território de 2,4 milhões de habitantes antes da guerra, morreram 42.519 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Disparos lançados do Líbano contra Israel

O conflito de Gaza se espalhou para o Líbano, onde Israel intensificou os bombardeios e lançou, em 30 de setembro, operações terrestres com o objetivo de enfraquecer o poderoso movimento xiita Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã.

O Hezbollah respondeu com disparos de foguetes contra Israel, onde sirenes antiaéreas soaram neste sábado em várias cidades do norte. O exército israelense estimou que pelo menos 115 projéteis foram lançados durante o dia a partir do Líbano.

O gabinete de Netanyahu informou que um drone foi lançado em direção à residência privada do primeiro-ministro em Cesareia, uma cidade costeira no centro de Israel, esclarecendo que o incidente não deixou vítimas e que o primeiro-ministro não estava no local.

O exército israelense indicou que o drone, proveniente do Líbano, atingiu uma "estrutura" em Cesárea, sem esclarecer se esta fazia parte do terreno da residência.

Um homem de cerca de 50 anos morreu neste sábado na cidade portuária de Acre após ser atingido por estilhaços, informaram os serviços de emergência israelenses.

O Hezbollah anunciou que disparou foguetes contra a região de Haifa, o principal porto do norte de Israel, assim como contra Safed. O grupo também atacou uma base militar, em resposta, segundo afirmou, às "agressões" israelenses no Líbano.

Israel contra o Líbano

Um bombardeio israelense atingiu neste sábado pela primeira vez a rodovia que conecta Beirute ao norte do Líbano, matando duas pessoas, anunciaram as autoridades libanesas.

Israel também bombardeou o subúrbio sul da capital libanesa, reduto do Hezbollah, após convocar os moradores a evacuarem a área. No leste do país, quatro pessoas morreram em outro ataque israelense, incluindo o prefeito do município de Sohmor, informou a agência oficial de notícias libanesa ANI.

Israel afirma que busca neutralizar o Hezbollah nas regiões próximas à sua fronteira e permitir o retorno ao norte do país de cerca de 60.000 deslocados, que foram forçados a deixar suas casas há um ano devido ao lançamento de foguetes pelo movimento islamista.

Pelo menos 1.418 pessoas morreram no Líbano desde o início dos bombardeios israelenses contra o Hezbollah em 23 de setembro, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. A ONU contabiliza cerca de 700.000 pessoas deslocadas no país.

A guerra não dá trégua, apesar da presença no sul do Líbano da Unifil, a missão de paz das Nações Unidas criada em 1978 para este país.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, sugeriu neste sábado reforçar a missão da ONU, embora tenha ressaltado que isso “iria requerer uma decisão do Conselho de Segurança" da ONU.

"Barril de pólvora" no Oriente Médio

"A possibilidade de uma guerra na região é sempre séria, e ninguém além do regime sionista quer que isso aconteça", afirmou o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, durante uma visita a Istambul.

"Queremos reduzir as tensões, mas como dissemos várias vezes, estamos preparados para qualquer cenário e qualquer situação", prosseguiu, acrescentando que a região se tornou um "barril de pólvora".

O Irã disparou cerca de 200 mísseis contra Israel em 1º de outubro, em vingança pelos assassinatos de um general iraniano, assim como do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em julho em Teerã, e do chefe do Hezbollah libanês, Hassann Nasrallah, em Beirute, no mês passado.

O sucessor de Haniyeh, Yahya Sinwar, morreu na quarta-feira em uma operação israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O dirigente era considerado por Israel como o mentor do ataque de 7 de outubro de 2023.

Netanyahu afirmou na sexta-feira que a morte de Sinwar marcava "o início do fim" da guerra em Gaza, e vários líderes estrangeiros compartilharam a esperança de que isso abrisse caminho para um cessar-fogo.

No entanto, segundo vários analistas, a morte do líder do Hamas desorganizou ainda mais o movimento, que agora estaria disperso em pequenas células, o que poderia complicar as futuras negociações.

"A guerra não parou e os massacres continuam sem cessar", lamentou Jemaa Abu Mendi, um morador de Gaza de 21 anos.

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