MUNDO
Netanyahu ameaça o Líbano com destruição similar à de Gaza
A ‘condição’ imposta pelo premiê de Israel para evitar esse desfecho seria ‘livrar’ o país do Hezbollah
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou os libaneses, nesta terça-feira (8), com uma "destruição" semelhante à de Gaza se não "livrarem" seu país do Hezbollah, depois que o exército intensificou sua ofensiva terrestre contra o movimento islamista no sul do Líbano.
"Livrem seu país do Hezbollah para que esta guerra possa terminar", declarou Benjamin Netanyahu em um vídeo em inglês dirigido aos libaneses.
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O dirigente ameaçou, caso contrário, com "uma destruição e um sofrimento como os que vemos em Gaza", onde o Exército israelense lançou, há mais de um ano, uma implacável ofensiva contra o movimento palestino Hamas, que já deixou dezenas de milhares de mortos.
"Eliminamos [Hassan] Nasrallah [líder do Hezbollah assassinado em 27 de setembro em um ataque israelense nos subúrbios do sul de Beirute] e o substituto de Nasrallah e o substituto do seu substituto", continuou Netanyahu.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou pouco antes que o Hezbollah é uma "organização falida" pelos intensos bombardeios israelenses.
Apesar dos golpes infligidos ao Hezbollah e ao Hamas, cujo líder também foi assassinado, os dois movimentos continuam lançando foguetes contra Israel, que faz fronteira ao sul com a Faixa de Gaza e ao norte com o Líbano.
O Exército israelense, por sua vez, anunciou que a divisão 146 iniciou na segunda-feira "operações limitadas, localizadas e seletivas contra alvos terroristas e infraestruturas do Hezbollah no sudoeste do Líbano", na costa mediterrânea.
Esta divisão é a quarta que Israel mobilizou desde o início de sua ofensiva terrestre no sul do Líbano em 30 de setembro.
Israel "desmantelou" túnel do Hezbollah
Israel continua bombardeando o sul e o leste do Líbano, assim como os subúrbios do sul de Beirute, três redutos do Hezbollah.
A Agência Nacional de Informação libanesa (ANI) reportou uma série de bombardeios na noite desta terça-feira, que causaram "destruição maciça" nesta região do sul de Beirute.
O exército anunciou, nesta terça, que "desmantelou" um túnel do grupo islamista que ligava o sul do Líbano ao território israelense.
O movimento islamista, por sua vez, reivindicou disparos de foguetes contra posições militares no norte de Israel, incluindo a cidade de Haifa e ameaçou intensificar seus ataques se os bombardeios israelenses não derem trégua.
O Hezbollah também afirmou ter repelido tropas israelenses que se "infiltraram" perto de um posto da missão de paz da ONU no sul do Líbano.
"Todos os dias conseguimos vários êxitos", disse nesta terça-feira Naim Qasem, número dois do grupo. "Nossas capacidades continuam sendo boas" e a liderança do movimento está "perfeitamente organizada", acrescentou.
Após ter enfraquecido o Hamas em sua ofensiva destrutiva em Gaza, o Exército israelense deslocou, em meados de setembro, a maior parte de suas operações para o Líbano para combater o Hezbollah, que abriu uma frente em 8 de outubro de 2023 contra Israel em apoio ao grupo palestino.
Israel quer afastar os milicianos pró-iranianos de suas áreas fronteiriças, para reduzir as hostilidades e permitir que cerca de 60.000 habitantes do norte que fugiram da violência voltem para casa.
Após quase um ano de fogo cruzado transfronteiriço, o Exército israelense começou em 23 de setembro a bombardear massivamente os redutos do Hezbollah no sul e leste do Líbano, e nos subúrbios do sul de Beirute. Nasrallah morreu em um destes ataques.
Em 30 de setembro, o Exército israelense lançou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano, 24 anos após a retirada de suas tropas da região, que foi ocupada por duas décadas.
Desde outubro do ano passado, mais de 2.000 pessoas morreram no Líbano e mais de mil delas desde 23 de setembro, segundo um levantamento da AFP com base em números oficiais. Mais de um milhão de habitantes foram forçados a se deslocar.
"Fartos de massacres"
Na Faixa de Gaza, a Defesa Civil informou, nesta terça, a morte de 17 pessoas, inclusive crianças, em um bombardeio no campo de refugiados de Bureij, no centro do território governado pelo Hamas.
"Foi como um terremoto. Aqui todos somos civis e crianças!", disse Mohamed Abu Jader em meio às ruínas. "Queremos que a guerra pare. Estamos fartos dos massacres", lamentou.
O ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023 em solo israelense causou a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em cifras oficiais israelenses, que inclui os mortos durante o cativeiro na Faixa de Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 97 ainda estão retidas em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, na qual já morreram mais de 41.965 palestinos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que são considerados confiáveis pela ONU.
A guerra em Gaza e no Líbano desencadeou também uma escalada de violência entre Israel e Irã.
Israel afirma estar se preparando para um ataque ao seu arqui-inimigo iraniano, em resposta aos mísseis disparados há uma semana por Teerã contra o território israelense.
Já a República Islâmica promete responder a qualquer retaliação israelense.
Na Síria, pelo menos sete pessoas, incluindo crianças, morreram nesta terça-feira em um ataque israelense contra Damasco, segundo o governo sírio.
Uma ONG reportou nove mortos e afirmou que o bombardeio teve como alvo um edifício "frequentado" por membros do Hezbollah e da Guarda Revolucionária iraniana.
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