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Eleições Venezuela: tudo que se sabe até agora

ONG Foro Penal relatou a primeira morte no estado de Yaracuy (noroeste)

Por AFP

30/07/2024 - 17:17 h
Presidente venezuelano, Nicolás Maduro
Presidente venezuelano, Nicolás Maduro -

Ao menos quatro pessoas morreram e 749 foram detidas nos violentos protestos que eclodiram na segunda-feira (29) após a controversa reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e que foram reprimidos pelas autoridades, antes de novas manifestações convocadas nesta terça tanto pelo chavismo quanto pela oposição.

A ONG Foro Penal relatou a primeira morte no estado de Yaracuy (noroeste), e depois a Encuesta Nacional de Hospitales, uma rede que monitora a crise hospitalar, informou mais três mortes e 44 feridos, a maioria por arma de fogo. O Ministério da Defesa relatou 23 militares feridos.

Um dos quatro mortos pode ser um soldado que morreu "baleado" no estado de Aragua (centro), segundo o procurador-geral, Tarek William Saab, que também anunciou a prisão de 749 pessoas após o primeiro dia de manifestações.

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O líder da oposição Freddy Superlano foi preso na manhã desta terça-feira, no que a oposição chamou de "escalada repressiva".

Um dia depois de o Conselho Nacional Eleitoral, alinhado ao oficialismo, ter declarado a vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar.

A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha na segunda-feira para dispersar os protestos.

“Lamentavelmente, nas últimas horas tivemos relatos de pessoas mortas, dezenas de feridos e de detidos. Instamos as forças de segurança a respeitar a vontade expressada em 28 de julho e a parar a repressão às manifestações pacíficas”, escreveu na rede social X o candidato opositor Edmundo González, que denuncia fraude e reivindica vitória.

Liderada por María Corina Machado, a oposição diz ter provas de que venceu o pleito, enquanto a comunidade internacional pressiona para uma recontagem transparente dos votos. Machado convocou "assembleias de cidadãos" nesta terça em frente à sede das Nações Unidas em Caracas e também em todas as cidades do país.

Por outro lado, Maduro, que denuncia um golpe de Estado "de caráter fascista e contrarrevolucionário", convocou "uma grande marcha até Miraflores", o palácio presidencial, "para defender a paz".

"Na Venezuela não há protestos, mas sim focos de criminosos, armados, para atacar, para criar o caos", afirmou o procurador.

As Forças Armadas, que são a principal sustentação do governo, expressaram "lealdade aboluta e apoio incondicional" a Maduro, declarou o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de um golpe contra o governo.

“Atuaremos com contundência, em perfeita união cívico-militar-polícia, para preservar a ordem interna em todo o território nacional”, afirmou em uma mensagem transmitida pela televisão.

Maduro é “nosso comandante-em-chefe, ele foi legitimamente reeleito pelo poder popular e proclamado pelo Poder Eleitoral para o período presidencial 2025-2031”.

"Perseguição"

Detido nesta terça-feira, Freddy Superlano é uma figura importante do partido Voluntad Popular (VP), do líder exilado Leopoldo López, acusado de terrorismo.

Familiares esperavam do lado de fora do comando da Guarda Nacional - um componente militar com funções de ordem pública - onde estão detidas várias mulheres desde os protestos de segunda-feira, incluindo menores de idade.

"Minha filha é menor de idade, tem 16 anos, está com uma amiga que tem 25 anos, elas saíram ontem por volta das 11 ou 12 horas para dar uma volta e foram detidas (...) não estavam participando de manifestações", disse à AFP uma mulher de 50 anos, que pediu anonimato.

"Estou muito preocupada, minha filha é estudante, é música, é uma moça de família", acrescentou.

Um médico de 32 anos também aguardava informações sobre um familiar que foi preso no protesto.

"Infelizmente, estamos sofrendo uma perseguição deste governo", disse o homem, que também preferiu não revelar seu nome por motivos de segurança.

A oposição já havia reportado a prisão de cerca de 150 pessoas durante a campanha.

"Manipulação aberrante"

A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou nesta terça que as eleições presidenciais de domingo sofreram "a manipulação mais aberrante", segundo comunicado do secretário-geral Luis Almagro.

Machado afirmou na segunda-feira que tinha em sua posse cópias de 73% das atas de apuração que comprovariam a suposta fraude, projetando uma vitória de González com 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões de Maduro.

A divulgação das atas de votação também é uma exigência da comunidade internacional, que questiona a reeleição de Maduro, incluindo Colômbia e Brasil, além dos Estados Unidos.

O governo venezuelano expulsou o pessoal diplomático da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao que considera "ações intervencionistas" desses países.

Seis colaboradores de María Corina Machado estão refugiados há seis semanas na embaixada argentina. A líder de oposição denunciou um cerco policial à sede diplomática. A Argentina afirmou que se trata de "assédio" contra sua sede diplomática.

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