'CORTEJO DAS FÊMEAS'
Flagrante inusitado: golfinhos são vistos usando esponjas como chapéus
Descoberta foi feita por cientistas

Por Leilane Teixeira

Pesquisadores registraram um comportamento curioso entre golfinhos-corcunda-australianos (Sousa sahulensis) nas águas da Península de Burrup, na costa noroeste da Austrália. Machos da espécie foram vistos usando esponjas marinhas sobre a cabeça, em um comportamento que parece estar ligado ao cortejo das fêmeas.
A descoberta foi feita por cientistas do Department of Biodiversity, Conservation and Attractions (DBCA), durante uma expedição na Flying Foam Passage, região do Arquipélago Dampier conhecida pela biodiversidade marinha.
“Presente amoroso” no fundo do mar
De acordo com o DBCA, os golfinhos machos pareciam exibir as esponjas como se fossem oferendas amorosas, em uma tentativa de impressionar as fêmeas.
“Os machos utilizam as esponjas marinhas na cabeça como se fossem presentes para conquistar as fêmeas — algo comparável a oferecer um buquê de flores”, explicou a equipe em uma publicação nas redes sociais do órgão.
Os cientistas observaram esponjas de diferentes tamanhos, formas e cores, mas com um propósito em comum: chamar a atenção das parceiras durante o período reprodutivo.
Comportamento inédito entre espécies
Embora o uso de esponjas não seja totalmente novo entre golfinhos, o comportamento descrito na Austrália chama atenção por sua função social. Golfinhos-nariz-de-garrafa, por exemplo, já foram vistos utilizando esponjas como ferramentas para proteger o focinho enquanto procuram alimento no fundo do mar. Orcas também foram observadas com salmões mortos sobre a cabeça, em situações aparentemente lúdicas.
A combinação desses elementos — o uso de esponjas e o comportamento de cortejo —, porém, é inédita. Segundo os pesquisadores, não há registros semelhantes em outras partes do mundo.
Espécie ameaçada e rara
Reconhecidos como espécie distinta apenas em 2014, os golfinhos-corcunda-australianos são classificados como vulneráveis. Estima-se que existam menos de 10 mil indivíduos adultos.
A perda de habitat, a poluição e o avanço das indústrias de petróleo e mineração na região do noroeste australiano são apontados como as principais ameaças à sobrevivência da espécie.
Para os cientistas, se o comportamento realmente estiver ligado à reprodução, a cena observada pode representar um importante indício da complexidade social e emocional desses animais — uma espécie de “desfile subaquático” em nome da sobrevivência.
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