MUNDO
Invasão ET? Terra recebe mensagem por laser enviada a 10 milhões de km
Tecnologia de comunicação óptica avança silenciosamente e promete revolucionar missões científicas e viagens espaciais

Por Iarla Queiroz

Uma transmissão inédita por laser percorreu 10 milhões de quilômetros até a Terra e reforçou um movimento que já vinha acontecendo longe dos holofotes: a migração das telecomunicações espaciais para sistemas ópticos. Essa tecnologia, que usa feixes de luz em vez das tradicionais ondas de rádio, está abrindo espaço para transmissões mais rápidas, precisas e com enorme capacidade de dados — algo essencial para missões científicas e futuras viagens tripuladas.
Diferente das antenas de rádio, a comunicação óptica utiliza fótons emitidos por lasers instalados nas espaçonaves. Esses pulsos de luz viajam por milhões de quilômetros até telescópios e receptores em solo, que precisam detectar sinais extremamente fracos e reinterpretar os dados enviados.
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O sistema se apoia em três pilares: o laser da nave, o módulo que garante o alinhamento milimétrico do feixe e a infraestrutura terrestre que captura e decodifica a mensagem. Como qualquer desvio faz o feixe perder o alvo, a posição da sonda precisa ser controlada com precisão cirúrgica.
Por que esse tipo de transmissão é tão importante
O grande trunfo da comunicação óptica está na capacidade de enviar muito mais informação com a mesma energia. Lasers infravermelhos conseguem transportar volumes de dados incomparáveis aos sinais de rádio, permitindo transmissão de vídeos em alta definição, fotos científicas e enormes pacotes de telemetria.
Além disso, o feixe laser é estreito, eficiente e mais difícil de ser interceptado — um fator estratégico para missões tripuladas de longa duração, especialmente as planejadas para Marte.
O passo a passo da transmissão no espaço profundo
Para que tudo funcione, a sonda precisa transformar dados científicos, medições e arquivos multimídia em bits e modulá-los no feixe laser. Esses sinais são protegidos por códigos que corrigem erros ao longo do trajeto.
Enquanto isso, a espaçonave mantém o laser apontado para a Terra, mesmo viajando em alta velocidade e realizando manobras. Do outro lado, telescópios de grande abertura e detectores extremamente sensíveis — alguns deles supercondutores — fazem a captura e interpretação da mensagem.
Os desafios de enviar um feixe de luz pelo espaço
Apesar dos avanços, a comunicação óptica enfrenta obstáculos consideráveis. Qualquer vibração na nave, mudança de órbita ou variação de propulsão pode alterar o alinhamento do laser. Sistemas de controle fino, espelhos ajustáveis e algoritmos de previsão de movimento trabalham juntos para manter o feixe estável.
A atmosfera terrestre também atrapalha: turbulências e nuvens podem distorcer ou dispersar a luz, exigindo equipamentos de alta precisão e operação contínua por anos em ambientes extremos.
Onde essa tecnologia será usada
Com os testes avançando, a tecnologia começa a aparecer como peça-chave em missões para Marte, luas geladas e asteroides. A capacidade de enviar mapas detalhados, análises químicas, imagens científicas e longos registros atmosféricos se torna cada vez mais real.
Missões tripuladas também ganham com o uso de canais de alta capacidade, garantindo trocas intensas de informações entre astronautas e centros de controle. Entre os usos mais promissores estão:
- Transmissão de vídeos em alta definição diretamente das naves.
- Envio acelerado de grandes pacotes de software e instruções complexas.
- Compartilhamento de informações médicas e dados críticos da missão.
- Estruturação de uma futura “internet espacial”, conectando missões e naves.
O que esperar dos próximos anos
A comunicação óptica está deixando o status de experimento e se consolidando como parte do planejamento das agências espaciais. Os testes já mostram como o sistema se comporta em distâncias e condições variadas, abrindo espaço para equipamentos mais eficientes e protocolos mais robustos.
Em vez de substituir o rádio, a ideia é que o laser atue como aliado — especialmente lidando com o enorme volume de dados necessários para explorar o Sistema Solar. A tendência é clara: missões futuras dependerão cada vez mais dessa tecnologia para expandir fronteiras científicas e garantir segurança em operações tripuladas.
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