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‘A BYD abre um novo ciclo de desenvolvimento em Camaçari’, diz Caetano

Confira entrevista com Luiz Caetano, prefeito de Camaçari

Divo Araújo

Por Divo Araújo

28/09/2025 - 6:12 h
Entrevista com o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano
Entrevista com o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano -

Quando assumiu seu quarto mandato como prefeito de Camaçari, Luiz Caetano encontrou um município endividado, sem dinheiro em caixa e com políticas públicas paralisadas. “Foi o momento mais difícil que eu encontrei, pior do que nas outras vezes em que assumi o governo de Camaçari”, afirma, citando uma dívida acumulada de R$ 1,2 bilhão.

Nesta entrevista exclusiva ao A TARDE, Caetano detalha as medidas adotadas para recuperar as finanças e a autoestima do município, processo que, segundo ele, será impulsionado pela chegada da BYD.

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“Queremos alavancar o empreendedorismo local e fazer com que essas oportunidades cheguem à população”, explica, destacando como os trabalhadores de Camaçari estão sendo preparados para atuar não apenas na fabricante chinesa de carros elétricos, mas também em outras empresas que estão se instalando na cidade.

Durante a conversa, o prefeito abordou ainda ações para impulsionar o turismo, preservar o meio ambiente e melhorar serviços essenciais nas áreas de saúde, educação e transporte público. “Quero uma Camaçari moderna, com o povo vivendo em boas condições”, afirma.

Confira a entrevista completa

Prefeito, após alguns anos afastado da administração, o senhor reassumiu Camaçari. Como encontrou a cidade nesse retorno ao governo?

É a quarta vez que eu sou prefeito. Assumi o governo em 1º de janeiro de 2025, e nós vamos completar nove meses de gestão. Confesso que foi o momento mais difícil que eu encontrei, pior do que nas outras vezes em que assumi o governo de Camaçari.

Os nossos adversários deixaram acumular uma dívida de um bilhão e duzentos milhões. O ex-prefeito, além de usar o orçamento que teve, colocou a mão no orçamento da gestão seguinte. Eles fizeram dois empréstimos com o CAF (Corporação Andina de Fomento) e com a Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento). Só com o CAF eu já paguei quase 40 milhões em julho, e vou pagar mais quase 40 em dezembro deste ano, dependendo do dólar, porque o contrato foi em dólar.

Ou seja, nós vamos pagar só a uma instituição em torno de 75 a 80 milhões de reais. Com a Finisa, nós estamos pagando algo em torno de 3 milhões de reais por mês. E tivemos que retirar esses recursos de nossas fontes de investimento. Ou seja, só com o CAF, em quatro anos, eu vou pagar algo em torno de 300 e poucos milhões de reais, o que seria um volume muito importante para grandes investimentos no município.

Além disso, há precatórios, dívidas com o INSS, com o ISSM — que é o Instituto de Seguridade do Município — e diversas outras contraídas. Deixou também muito DEA (Despesas de Exercícios Anteriores). E não deixou dinheiro em caixa: praticamente nada, em torno de 7 milhões de reais. Portanto, ele não obedeceu nem à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), pois deixou uma dívida maior do que o recurso disponível em caixa para ser efetivado.

Diante desse quadro que o senhor herdou, quais ações considera mais simbólicas neste início de mandato?

Nós temos 105 escolas e todas estavam em estado muito precário. O total de 34 escolas não tinha condição de funcionar. Nós fizemos reforma na maioria dessas escolas. Fizemos uma reforma maior em quase 60 escolas. As unidades de saúde estavam todas fechadas.

Só tinha uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) aberta, e ainda assim funcionando mal. Uma cidade como Camaçari tinha só uma UPA em sua sede. Nós botamos todas as UPAs para funcionar. Estamos reformando todas as unidades de saúde e botando para funcionar.

E fizemos uma coisa de uma importância fundamental, que foi o combate ao câncer do colo de útero. Camaçari é o primeiro município do Brasil que faz isso, vacinando os meninos e as meninas de 14 a 19 anos. E também fazendo os exames, com nova tecnologia para poder identificar até 5 anos, se tem alguma célula que tende a ser cancerígena. Ali você faz o trabalho de prevenção. O câncer de colo de útero aqui em Camaçari já levou a óbito muitas mulheres. Por volta de 22% das mulheres de 40 a 49 anos que foram a óbito em Camaçari foram em função do câncer do colo de útero.

Fizemos também a Conexão Saúde, que é poder fazer os exames que estão atrasados. E cirurgias que tem 1, 2, 3, 4 anos sem ser efetivada. Nós começamos a trabalhar em função da pesquisa que fizemos na campanha, depois já na prefeitura, de que a prioridade do povo era a execução das políticas públicas.

Primeiro, saúde. Aí nós atacamos com força a saúde. Melhoramos bastante a entrega de medicamentos no município, botamos duas UPAs para funcionar na sede, estamos construindo uma UPA em Abrantes. Temos outra fase de construção em Monte Gordo. Enfim, demos uma avançada muito grande na área de saúde.

Entrevista com o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano
Entrevista com o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano | Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

Que outras áreas foram priorizadas neste início de gestão?

O transporte coletivo. A cidade voltou a ter transporte coletivo. Em oito anos, o prefeito colapsou o sistema e entregou o município sem ônibus rodando. O transporte estava sendo feito por ligeirinho. Em seis meses, conseguimos construir um projeto para o transporte público. Licitamos emergencialmente por seis meses, podendo ser prorrogado por mais seis, e colocamos ônibus novos na cidade.

Hoje transportamos uma média de 8 mil pessoas por dia no município e estamos avançando para melhorar o transporte público cada vez mais em Camaçari. Vamos fazer uma concessão daqui a uns sete, oito meses. O terceiro item é a mobilidade, que também estamos melhorando. Fizemos um calçadão na cidade que a população está adorando, além de diversos outros investimentos.

Portanto, priorizamos Saúde, Educação, Transporte Público e Segurança Pública. Criamos um gabinete de Segurança Pública, junto com o programa Bahia Pela Paz, implantado aqui no Instituto Federal em parceria com o governo do Estado. Nos juntamos com o 12º Batalhão, com a Companhia 59 e com as delegacias, e estamos tomando conta da cidade e, consequentemente, reduzindo os riscos na área da segurança.

Também estamos investindo pesado em iluminação pública.Criamos o programa Brilha Camaçari, que é um grande sucesso. Em oito anos, o ex-prefeito deve ter trocado pouco mais de duas mil lâmpadas por LED. Nós já fizemos quase isso em apenas oito, nove meses de governo, com grande repercussão no município.

A reabertura da Cidade do Saber foi uma das primeiras medidas do seu governo. O que representa devolver este equipamento para a população?

A Cidade do Saber, que sempre foi orgulho de Camaçari, foi fechada durante a gestão do ex-prefeito. Nós reabrimos a Cidade do Saber. Eles vieram abrir a Cidade do Saber faltando um mês para as eleições, depois fecharam de novo. Em sete meses, colocamos a Cidade do Saber para funcionar.

Agora estão entrando as oficinas, os cursos, e o teatro está um espetáculo. Esse é um grande orgulho de Camaçari. Repercutiu muito na cidade inteira. Ainda não pude trazer a Cidade do Saber itinerante, porque quando a deixei funcionando, destruíram tudo. Estou agora trabalhando para comprar um caminhão e estruturar a Cidade do Saber itinerante. Mas a Cidade do Saber, por si só, já é um grande benefício para Camaçari.

Entrevista com o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano
Entrevista com o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano | Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

O senhor assumiu durante a chegada da BYD — considerada uma oportunidade histórica para Camaçari. De que forma o município tem capacitado os jovens e os trabalhadores locais para ocupar os novos cargos gerados pela empresa?

Camaçari passou por alguns ciclos de desenvolvimento econômico. O primeiro foi com a chegada do Polo Petroquímico. Depois, veio a Ford, que criou um novo ciclo de desenvolvimento no município. Quando a Ford foi embora, ficou um vazio na cidade, o que prejudicou nossa política industrial e a indústria local.

Agora, com a vinda da BYD, abre-se um novo ciclo de desenvolvimento na cidade. A BYD deve inaugurar em outubro. Junto com o Estado, realizamos um curso de qualificação para cerca de 500 pessoas. Agora está sendo iniciado outro curso de capacitação e qualificação para mil pessoas.

Também estamos investindo na capacitação por meio do Sesc, Sebrae, Cimatec e do nosso empresariado local — micro e pequenas empresas de Camaçari — para alinhar cada vez mais a pequena empresa ao grande capital industrial do município. Dessa forma, queremos alavancar o empreendedorismo local e fazer com que essas oportunidades cheguem à população. Firmamos parcerias com o Cimatec, Sesc e Sebrae, e estamos trabalhando continuamente na qualificação e capacitação do empresariado, incluindo cursos como o Empretec.

O trabalho é contínuo: agora estamos atendendo mil pessoas, depois ampliaremos, e, ao mesmo tempo, a empresa vai fortalecendo e contratando novos trabalhadores.

Além da indústria automotiva, em quais outros setores industriais o município tem buscado investimentos?

Obviamente, a BYD incorpora esse desenvolvimento, mas há muitas empresas de fabricação de equipamentos de energia eólica e de energia solar. Temos a empresa Sinoma Blade, que fabrica aquelas pás eólicas de 90 metros de comprimento — um negócio fantástico. Tanto a fabricação de equipamentos para energia solar quanto para energia eólica tem crescido muito em Camaçari.

Na área de serviços, também temos a chegada de algumas empresas de centros de distribuição para o Nordeste e para o Brasil. Ultimamente, cerca de 40 a 50 empresas têm se inscrito para se instalar no município. Além disso, estão previstos dois hotéis Ibis na cidade, e também estão surgindo novos restaurantes e comércios.

Inauguração da fábrica da BYD na Bahia
Inauguração da fábrica da BYD na Bahia | Foto: Divulgação

O que o município tem feito para atrair esses investimentos?

Olha, estamos melhorando a infraestrutura do município, a iluminação, as escolas, a saúde, criando condições para que as pessoas realmente possam viver. No programa Minha Casa, Minha Vida, estamos conseguindo parcerias com o governo federal, e também estamos dando incentivos para a construção de conjuntos habitacionais em Camaçari.

Obviamente, o município estava muito destruído do ponto de vista de infraestrutura, educação, saúde e políticas públicas de modo geral. Por isso, estamos tendo um gasto muito grande para recompor essas áreas e oferecer à cidade e aos que chegam aqui oportunidades para se instalar e se desenvolver.

No início da entrevista, o senhor mencionou que já dá prioridade à área de saúde, e também foi reaberto o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do Parafuso, que estava fechado desde 2016. O que essas entregas significam para a comunidade?

Camaçari é uma cidade atípica. Tem o polo industrial, a área urbana, a sede, mas também a zona rural e a zona litorânea. Agora mesmo, focamos em Parafuso, Abrantes e Monte Gordo. Fizemos um grande mutirão de limpeza, organização, reforma de escolas, reforma de postos de saúde e construção de vias.

Em Parafuso, por exemplo, um povoado que não tinha CRAS, a população mais carente precisava se deslocar para a cidade para ser atendida. Com a reabertura do CRAS, o atendimento se humaniza, aproxima-se da comunidade e foi muito importante. Agora mesmo vou inaugurar o posto médico de Parafuso: nós reformamos, ampliamos, colocamos ar-condicionado na recepção e nos consultórios médicos, além de uma ambulância fixa.

Em Monte Gordo, na semana passada, inauguramos uma UPA 24 horas, com equipamentos novos, assim como em Parafuso. Estamos fazendo o mesmo em vários lugares.

Pela primeira vez, os moradores do litoral têm linhas integradas à sede, com bilhete único. Qual impacto essa medida terá para a população?

Eu acho que o impacto é muito positivo para a sociedade. Por exemplo, colocamos o transporte público, mas não aumentamos a tarifa — ela permaneceu a mesma dos últimos 2, 3 anos. Também unificamos a bilhetagem, o que incentiva as pessoas a utilizarem o transporte público, que está se consolidando.Estamos agora testando alguns ônibus elétricos na cidade para definir quais serão adotados no futuro.

A ideia central é modernizar cada vez mais Camaçari: organizar e melhorar a cidade. Quando assumi – tem registros históricos disso aí - você chegava ao centro e estava tudo tomado por ambulantes vendendo manga, melancia, banana; parecia que não havia prefeito. Dialogamos com todo mundo, organizamos o centro, concluímos a obra da Praça Montenegro, que tinha a fonte luminosa destruída — recuperamos e organizamos a praça, retirando os tapumes que haviam sido colocados para criar clima eleitoral.

A cidade ficou mais bonita, estamos colocando cores para torná-la mais alegre. Resgatamos o Camaforró, que foi um dos melhores já realizados e recebeu o prêmio de melhor São João da Bahia. Também animamos o comércio da cidade com essas intervenções. No centro, construímos o calçadão, que está muito bonito e em breve será entregue à população de Camaçari.

Camaçari é um município com uma atividade industrial forte, mas também com um setor turístico relevante. O que a prefeitura tem feito para conciliar e fortalecer essas duas vocações?

Primeiro, estou realizando alguns projetos com o governo do Estado. Concluímos a requalificação da infraestrutura de Arembepe, finalizamos o projeto de Monte Gordo e começamos o de Abrantes. Estamos melhorando as praças, a infraestrutura e promovendo a cultura e a culinária locais de cada região, além de organizar nossas praias. Vamos recuperar a Aldeia Hippie para apresentá-la melhor, pois ela tornou Arembepe internacionalmente famosa.

Também estamos trabalhando com o Sesi e Senai para oferecer cursos de qualificação à população daquela região, investindo em educação e saúde. Se melhorar a saúde, a educação, a segurança pública, a iluminação, o esporte, etc., isso cria condições para que os turistas venham e o dólar, o euro fiquem aqui. Essa é a ideia central: estruturar a cidade, incentivar novos empreendimentos do ponto de vista de hotelaria para aquela região.

A questão ambiental é um desafio histórico em Camaçari, tanto pela atividade industrial quanto por ocupações irregulares em algumas áreas. O que a prefeitura tem feito para proteger e preservar o meio ambiente na cidade?

Nós temos feito um trabalho muito focado em fiscalização. A cidade estava abandonada, com muitas ocupações irregulares, inclusive de praças, tanto na sede quanto na orla de Camaçari. Então, nós montamos, através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, um sistema forte de fiscalização para inibir e também regularizar essas áreas ocupadas.

Nós também estamos trabalhando na questão ambiental. Quando fui prefeito, eu saí em 2012, deixei uma obra importante, que foi a obra do Rio Camaçari, boa parte dela feita. Nós fizemos um trabalho que também recuperou o Morro da Manteiga. Mas, como não teve nenhuma manutenção de lá para cá, quase tudo o que foi feito foi destruído.

Nós vamos retomar agora, porque apresentamos diversos projetos para o governo federal e para o governo do Estado. Para o governo federal, fizemos projetos para o PAC, que agora foram aprovados, incluindo diversos projetos de infraestrutura da cidade. Foi aprovada novamente a obra do Rio Camaçari, que vamos retomar, assim como diversos afluentes do rio em nossa cidade.

Conseguimos cerca de duzentos milhões de reais do governo federal pelos projetos apresentados nesse período de seis, sete meses. Isso terá um grande impacto na cidade e, obviamente, contribuirá para a sustentabilidade, preservando o meio ambiente do município e recuperando as áreas degradadas.

A segurança pública, de maneira geral, é responsabilidade do governo do Estado, mas a violência também atinge a Região Metropolitana. Como a prefeitura tem colaborado para enfrentar esse desafio?

A segurança pública é uma agenda muito complicada, porque não é uma questão apenas da Bahia ou do Brasil, hoje é do planeta. Mas, pela nossa experiência, já no ano passado conseguimos agregar e unir a Polícia Militar com a Polícia Civil. Criamos um gabinete de segurança pública na Prefeitura.

O Ministério Público construiu, no governo passado, um programa de segurança pública para Camaçari e nós absorvemos esse programa. Estamos trabalhando para colocá-lo em execução. Isso ajuda muito para que possamos fazer um trabalho mais organizado e estruturado. Criamos uma força-tarefa para coibir os paredões que aconteciam até tarde da noite, com som alto nos povoados e bairros populares.

Também investimos em iluminação pública, no social, no esporte e na cultura. A Cidade do Saber é um exemplo disso: temos mais de 3 mil pessoas inscritas em suas oficinas. Isso ajuda muito. Infelizmente, nosso estádio está fechado porque a inspeção determinou assim, mas estamos elaborando um projeto de reforma total do estádio de Camaçari, que também vai ajudar muito.

Estamos apostando fortemente na cultura, no esporte, no lazer, na educação, na iluminação pública e em um planejamento conjunto com a Polícia Militar, a Polícia Civil e a sociedade civil organizada.

O PT governa a Bahia há quase 20 anos e, na última eleição, não conseguiu eleger prefeitos nas maiores cidades do estado, com exceção de Camaçari. Isso aumenta a responsabilidade da sua gestão em ser uma vitrine para o partido, especialmente com as eleições do próximo ano?

Foi uma vitória muito grande a nossa eleição aqui. Por quê? Porque destruímos o caixa-forte da política do nosso adversário na Bahia. E não só aqui na região, mas em toda a Bahia. O ex-prefeito, por exemplo, roda pelo estado todo, tentando montar uma base para se eleger deputado estadual, com informações de gastos exorbitantes.

Camaçari é um município com arrecadação de 2 bilhões por ano, mas tem um contencioso muito grande em despesas com diversos programas. Por exemplo, o transporte universitário e o transporte escolar têm um custo muito pesado, além de outras demandas. E o município foi deixado sem obras estruturantes, sem políticas públicas consistentes, apenas priorizando contratos existentes. Isso atrasou muito a cidade.

A estratégia deles era outra: se preocupar apenas com os contratos e deixar as políticas públicas de lado. Quando vencemos as eleições aqui, a repercussão foi enorme, tanto no estado quanto nacionalmente. Vou participar da campanha da reeleição de Jerônimo e de Lula, não usando a máquina pública, mas a força política que temos em Camaçari. Nosso objetivo é unificar a Região Metropolitana em torno desse projeto que acreditamos. Foi estratégico e importante para a reeleição de Jerônimo, para a continuidade do nosso projeto na Bahia, e também para Lula e para o Brasil.

Para citar um exemplo, recentemente todos os deputados ligados ao ex-prefeito daqui votaram a favor dessa imoralidade que é a PEC da Bandidagem no Congresso Nacional. Já os deputados ligados a mim ficaram do lado do povo. A deputada Ivoneide, minha companheira, mesmo recém-saída da UTI e com atestado de saúde na mão, fez questão de ir votar contra. Esse é um sinal muito forte do compromisso que temos. Nós ficamos do lado do povo.

As mobilizações do último domingo surpreenderam o senhor?

Foi muito forte. O Brasil reagiu. Aquilo que aconteceu é uma vergonha, independente da política ou da ideologia. O que aconteceu no Congresso Nacional é uma imoralidade. Eu fui deputado federal e nunca pensei que o Congresso chegasse àquele ponto, com aquele cinismo, de dar um tapa na cara do povo, como diz o senador Otto Alencar, e um murro no estômago da maioria da população. Foi um absurdo, e nós vamos lutar para derrotar isso no Senado Federal.

Camaçari faz parte dessa luta, está desse lado. Se eles tivessem ganhado a eleição aqui, Camaçari estaria agora alinhada a essa política de safadeza no nosso país. Nós não. Estamos do outro lado. Não participei presencialmente das manifestações, mas acompanhei, postamos vídeos, estivemos juntos com a população de todo o Brasil, e vamos continuar nessa luta.

Não pode haver anistia. Eles acabaram de ser condenados pela bandidagem que praticaram com a tentativa de golpe de Estado, e agora já querem anistia? Isso é inaceitável. Colocar a bandeira dos Estados Unidos no nosso país, tentando destruir nossa soberania nacional. Jerônimo, Wagner, Otto e Rui Costa estão corretos quando fazem esse enfrentamento, e nós também fazemos. Portanto, do ponto de vista político, estratégico e eleitoral, foi importante para a nossa força política vencer em Camaçari e derrotar os adversários.

Prefeito, para concluir, qual legado o senhor espera deixar com a sua gestão?

Eu espero deixar um município onde as políticas públicas funcionem de fato. Quero buscar excelência no cuidar das pessoas. Vou fazer um parêntese: quando assumi o governo eu fui em várias escolas públicas, dentre elas uma chamada Félix de Moraes. A escola estava totalmente destruída, uma coisa horrível. Fizemos uma reforma lá.

Certa feita, estava com um jornalista que veio me visitar e chamei ele para ir lá comigo. Não sabia o que ia encontrar lá, mas arrisquei. Cheguei lá por volta de meio-dia e encontrei a escola toda bonita, funcionando. Não tinha terminado a reforma, mas a escola estava bem. Aí a diretora me chamou e disse: deixa eu te mostrar uma coisa. Abrir a porta de uma sala e lá estavam os pequeninos tirando uma soneca. Olha que imagem bonita aquela. Aquelas crianças naquele novo lar que é a escola, bem cuidadas por aquelas pessoas.

Esse negócio de cuidar de gente, de cuidar das pessoas, que eu defendo e exijo muito que façam em nosso governo. Passar para cidade isso – que a cidade é uma família, que a gente precisa melhorar o aspecto do município, as condições de vida do povo, botar as políticas públicas para funcionar e fazer a cidade avançar do ponto de vista tecnológico. Quero ver Camaçari moderna e o povo vivendo em boas condições.

Raio-X

Formado em Farmácia pela UFBA, Luiz Carlos Caetano foi eleito prefeito de Camaçari pela quarta vez. Seu envolvimento na política começou em 1980, quando foi eleito vereador e assumiu o primeiro mandato como prefeito. Em 2001, voltou à Câmara Municipal, mas deixou o cargo para se candidatar a deputado estadual, sendo eleito.

Entre 2005 e 2012, comandou novamente o Executivo de Camaçari por dois mandatos consecutivos. Em 2014, foi eleito deputado federal e reeleito em 2018. Em 2021, assumiu a Secretaria de Relações Institucionais (Serin) da Bahia, função que exerceu até o início de 2024.

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