ATRAÇÃO INTERNACIONAL
Tim Owens faz show em Salvador ao lado de bandas baianas
Ex-estrela da banda Judas Priest irá se apresentar na 16ª edição do festival BigBands
Por Chico Castro Jr.

Eles podem ser “feios”, eles podem fazer cara de mau, eles podem parecer esquisitos – mas não tenha medo, eles não estão nem aí para você ou para qualquer um de nós. Tudo o que as bandas e artistas da 16ª edição do festival BigBands querem é fazer seu som em paz e se encontrar com seu fiel público. E neste ano, o produtor Rogério “BigBross” Brito caprichou, abrindo o primeiro dia do BB com uma estrela internacional do heavy metal.
Trata-se de Tim “Ripper” Owens, norte-americano natural de Akron, Ohio (mesma cidade que presenteou o mundo com Chrissie Hynde dos Pretenders e a banda The Black Keys), hoje aos 57 anos, e que, em 1996, teve a manha de substituir “Deus” – ou seja, Rob Halford, o insubstituível “Deus do Metal”, cantor da banda britânica Judas Priest.
Owens, que se apresenta em Salvador nesta sexta-feira, na Green House, com as locais Electric Poison e Estrada Perdida, ficou no Judas de 1996 a 2003, quando foi demitido após Halford reivindicar seu lugar de direito de volta. No Priest, Owens gravou dois álbuns – Jugulator (1997) e Demolition (2001) –, razoavelmente bem recebidos por fãs e crítica especializada. Muito por causa de sua garganta super privilegiada (e nem tinha como ser diferente, para substituir um monstro da voz como Rob Halford) e presença de palco desembaraçada e cheia de atitude (com o perdão pela má palavra).
A curiosa passagem de Owens pelo Judas Priest inspirou um divertido filme hollywoodiano, Rock Star (2001), com Mark Wahlberg (como o personagem de Owens) e Jennifer Aniston. Só não fale bem desse filme perto de Owens, que ele não é muito fã.
“(O filme) Realmente não teve efeito algum (em minha carreira). Quer dizer, eles basearam vagamente um filme em mim, com músicas ruins e uma história basicamente boba! Quer dizer, se fosse uma história real e o Judas Priest tivesse continuado envolvido, acho que teria sido muito melhor”, afirma Owens em entrevista ao A TARDE.
Em longa turnê de 11 datas pelo Brasil, indo da região Sul ao Nordeste, Owens vai cantar no show – claro – hits do Judas, da carreira solo e dos diversos projetos em que esteve envolvido. “Sim, já são 30 anos de carreira e muitas bandas, projetos e músicas. Este é um repertório muito bom. Algumas das minhas músicas do Judas Priest e alguns clássicos, e também do Priest (fase Halford), (da banda) Beyond Fear, do KK’s Priest (projeto solo de KK Downing, guitarrista do JP), além de algumas outras músicas. É um repertório divertido e desafiador”, detalha Tim.
Apesar de ser a primeira vez dele em Salvador, Tim Owens se apresenta periodicamente no Brasil há vários anos. Tanto que já tem uma banda brasileira pronta para acompanha-lo em suas incursões brasucas. “Toco por aqui solo há mais de 15 anos e adoro, fiz muitos fãs e amigos incríveis ao longo do caminho. Minha banda brasileira é incrível e é um verdadeiro prazer tocar com Fabio Carito (baixo), Marcus Dotta (bateria), Bruno Luiz e Wander Cunha (guitarras)”.
Dono de garganta versátil, capaz de cantar em tons tanto muito altos quanto muito baixos, Tim conta que cuida muito bem do seu instrumento de trabalho: “Sim, fiz muito coral e tudo mais! Tive sorte de nascer com uma voz! Trabalhei duro para isso e ainda trabalho. Só espero poder subir lá todos os dias e cantar”, conclui.
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Datas e locais diversos

Mas nem só do ex-Judas Priest vive o festival BigBands 2025. Em primeiro lugar, é bom explicar que o BB não tem uma estrutura bonitinha, com os shows todos acontecendo no mesmo lugar durante alguns dias em sequência. Batalhador, Rogério Big realiza o BB nas datas que consegue agendar, com as bandas que consegue arregimentar, nos locais que consegue bancar – já que faz tudo sem apoio, seja estatal ou privado.
De forma que, depois desta noite de sexta com Tim Owens, Estrada Perdida e Electric Poison, a próxima data do festival só acontece quase dois meses depois, no dia 26 de julho, com as bandas Podridão (SP), Velho (RJ) e a local Bozokill, na Discodelia Pub & Records (Rio Vermelho, ingressos à venda na 101tickets.com.br).
A data seguinte é 2 de agosto, com shows acontecendo simultaneamente em Salvador – com Mystifier e Eternal Sacrifice, novamente na Green House (ingressos no Sympla) – e na cidade de Dias D’Ávila, numa parceria com o coletivo Quintal do Rock, apresentando as bandas Pastel de Miolos e Búfalos Vermelhos & A Orquestra de Elefantes.
O BigBands 2025 se encerra em 6 de setembro, no Espaço Dona Neuza, no Marback, com show do residente Irmão Carlos Psicofunk e outras atrações ainda não confirmadas. “O BB é feito realmente sem nenhum apoio, o que dá total liberdade, não temos que nos curvar a regras de editais, de patrocinadores, pedidos de indicação de artistas para tocar, nada. É um festival 100% livre”, delimita Rogério Big.
Não que Big seja alérgico à apoios ou patrocínios – inclusive, duas edições anteriores (2009 e 2012) contaram com apoios. O que falta é realmente interesse da parte de quem tem a caneta ou a chave do cofre. “Hoje você tem grandes festivais como o Radioca, o Sangue Novo, o Afropunk, e tantos outros acontecendo, basicamente com o mesmo perfil da nova música brasileira. Poucos ou nenhum deles abre espaço para o heavy metal baiano, para o hardcore baiano, para o rock pesado autoral baiano”, nota Big.
“O festival BigBands, hoje, junto com o Palco do Rock (no Carnaval) talvez sejam os dois festivais com continuidade no estado que se dedicam a esse tipo de música”, reivindica.
Para Big, esse cenário é uma contradição, já que, esses gêneros que ele privilegia em seus eventos também são “música baiana”. “Toda música feita na Bahia é música baiana. O heavy metal produzido na Bahia é música baiana. O punk rock produzido na Bahia é música baiana. Quando gestores culturais – do município e do estado – perceberem isso, talvez um festival como o BigBands tenha outra cara”, observa Big.
Legitimidade analógica

Veteranos do heavy metal baiano com álbuns lançados no exterior e turnês pela Europa, a banda Mystifier, liderada por Armando “Beelzeebubth” acredita que a permanência de bandas como a dele se deve à legitimidade de quem veio do pré-digital: “O público internacional tem venerado muitas bandas, assim como a nossa, que vieram do final dos anos 1980 e início dos anos 90 (era analógica). O público suplicou por algo mais ‘raw’ (cru), frente a um mercado digital, onde muitas bandas se assemelham e não conseguem se firmar”, observa Armando.
Na Green House, a banda, que pratica um black metal de primeira hora e tem muitos fãs, vai apresentar músicas clássicas e novas composições. “Devemos apresentar alguma surpresa, como a participação de ex-integrantes do grupo ou algo sobrenatural, terrificante”, diverte-se Armando.
“Essa sempre foi/é nossa essência, né?! Para quem já acompanha o Mystifier, será mais uma apresentação monumental. Mas, para os novos adeptos e agregados, nossa postura e performance no palco, poderá parecer paranormal”, avisa. E como se sabe, “quem avisa, amigo é”.
Bigbands 2025 / Sexta-feira (06), 18h: Tim “Ripper” Owens, Electric Poison e Estrada Perdida / Green House (Rio Vermelho) / R$ 90 e R$ 100 / Vendas: Sympla / Confira toda a programação dos outros dias do BigBands no perfil instagram.com/bigbrossprodutora
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