Afeto grisalho

“Junho Violeta” é a campanha dedicada a incentivar boas práticas relacionadas ao convívio de idosos, combatendo simultaneamente a violência de todos os tipos contra as pessoas na faixa etária dos 60+.

Vivem sob pressão de familiares, fragilizando o emocional; sob ataque iminente a qualquer momento dentro do próprio lar ou na rua; extorquidos financeiramente; e sem força física para defenderem-se de agressões.

Quem chegou antes, e persevera para durar mais uns anos, pede carinho, atenção e condições materiais; se não se sente amor, as opções são generosidade e compaixão, quando há aptidão moral.

O objetivo do movimento é incentivar estas descobertas de valores sem os quais não há qualquer chance de humanizar o relacionamento com o segmento populacional longevo, composto por sobreviventes.

O desafio de melhorar o cenário torna-se trabalho de Hércules num país onde a idade é interpretada como “peso” porque se paga aposentadoria, e o descarte em asilos acompanha a sombra da torpeza geral de caráter.

A negligência e a omissão, levando em conta a fragilidade da saúde da turma veterana, são levados em conta como falhas comportamentais de cuidadoras e cuidadores, conforme previsto no Estatuto do Idoso.

O serviço voltado para escuta de denúncias registrou 48 mil chamados em 2024. A Central Nacional de Denúncias de Violação dos Direitos Humanos, nome completo do Disque 100, não é a única maneira de buscar ajuda, ao menos espera-se das delegacias de polícia e conselhos municipais o acolhimento.

São 32 milhões, ou 15% da população, com perspectiva de aumento nos próximos anos, ganhando o país se soubesse a sociedade brasileira tirar melhor proveito das lições de vida e bons conselhos do Poder Grisalho.

Nações indígenas originárias; etnias ciganas; e até os lobos são leais aos mais vividos, jamais os abandonando, em prática virtuosa disponível para ser copiada na hipótese de se querer seguir a natureza do bem.