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Alento contra a impunidade

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Publicado sábado, 23 de março de 2024 às 00:00 h | Autor: Editorial
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Os recentes julgamentos dos jogadores Daniel Alves e Robinho por estupro, além dos depoimentos de Cuca e Leila Pereira sobre o mesmo tema, trazem o alento de se conseguir a penalização de casos nos quais homens se permitem perder a razão para levarem-se pelo ímpeto do crime sexual.

Encarcerado 428 dias, o jogador baiano de Juazeiro, no Norte do Estado, poderá até responder em liberdade, mediante pagamento de 1 milhão de euros, mas seguirá condenado, correspondendo assim à figura de um antiheroi questionado por sua conduta extra-campo.

Já o ex-santista, famoso pelo lance conhecido por “pedalada”, amargou as primeiras 24 horas privado do bem da liberdade, após determinação do Superior Tribunal de Justiça, confirmando sentença de nove anos exarada pelo Poder Judiciário italiano por delito ocorrido em 2013.

O fato de ambos serem protagonistas de campanhas memoráveis por seus clubes e pela Seleção, bem como detentores de invejável patrimônio material, passava sensação de impunidade, como costumava acontecer, sinalizando uma alvissareira bruma de mudança de paradigma neste contexto.

As punições sinalizam um novo limite ao comportamento das “estrelas”. Fica a lição para os candidatos a famosos, pois terão de agir como cidadãos, submetidos às mesmas leis, revertendo um posicionamento arrogante de privilégio.

O ex-jogador Cuca, sentenciado na Suíça, também por violação, há três décadas, recentemente rejeitado como treinador do Corinthians, pela pressão feminista, veio a público reforçar a projeção de um convívio melhor, ao propor “a reconstrução do que é ser homem e combater de uma vez por todas qualquer violência contra a mulher”.

O processo do agora treinador foi anulado, mas nem por isso ele deixou de comentar sobre a importância de reeducar-se, participando do atual momento de transformação ao buscar o conhecimento a fim de inspirar talentos da juventude.

A presidenta do Palmeiras, Leila Pereira, em Londres para o amistoso com a Inglaterra, entretanto, prefere evitar otimismo exagerado, ao lamentar o fato de Daniel obter a liberdade provisória, mesmo condenado a quatro anos e meio, revelando, segundo a dirigente, um longo caminho a trilhar até a verdadeira – e desejada – virada no placar moral.

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