Bem-vindos os migrantes

Guerra, fome, desemprego e, agora, deslocamentos climáticos. Há boas razões para quem precisa deixar seu torrão natal a fim de recomeçar a vida em outro país, como refugiado, cujo Dia Mundial se celebra amanhã, 20 de junho.

Embora a legislação internacional ampare as levas de migrantes em busca de novos horizontes, a intransigência dos extremistas influencia votos, como se viu recentemente no crescimento da bancada radical na União Europeia.

Em contrapartida, os Estados Unidos, referências de rejeição aos estrangeiros, mudaram de rota com um programa inédito e de alto valor moral, apoiando 500 mil pessoas, em manobra arriscada do presidente Joe Biden visando reeleição.

As graves violações de direitos humanos e a sanha persecutória dos nacionalistas, conjugadas, inspiram a cidadania engajada a criar meios de acolher multidões corajosas, dispostas a desafiar rudes polícias de “fronteira”.

O contexto teria menor impacto de desassossego se a humanidade já tivesse ultrapassado esta etapa das divisões por bandeiras e hinos, formando um só grupo de seres no mundo, sem necessidade de separarem-se em territórios.

Observa-se um movimento contrário, apesar dos esforços de entidades como o “Namir”, criado na Universidade Federal da Bahia, para dar a mão a quem chega, por meio da virtude convergente da solidariedade.

São venezuelanos, sírios, ucranianos, senegaleses, ganeses, afegãos, marroquinos, palestinos, entre dezenas de origens, contribuindo para o recorde pelo décimo-segundo ano, contabilizando 110 milhões em fuga no planeta.

O subdesenvolvimento afetivo generalizado, além da barreira imposta por falta de consciência e de empatia, ergue mais alto o sarrafo para saltarem os forasteiros as atitudes de indiferença e maus-tratos, ao escolherem nova pátria.

Decerto há bons anfitriões a defender o gesto da partilha, resultando em multiculturas representadas na reinvenção de linguagens artísticas, culinária e diversos outros ganhos de convívio, quando se recebe bem quem vem de lá.