Cartunistas de A TARDE lamentam ataque à revista francesa | A TARDE
Atarde > Opinião

Cartunistas de A TARDE lamentam ataque à revista francesa

Publicado quinta-feira, 08 de janeiro de 2015 às 12:28 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Da Redação

Simanca

Imagem ilustrativa da imagem Cartunistas de A TARDE lamentam ataque à revista francesa

Cartunista Simanca possui exemplar da Charlie Hebdo (Foto: Mila Cordeiro)

Tenho um exemplar original da Charlie Hebdo de fevereiro de 2006 com uma charge de Cabu sobre Maomé com o título "Maomé ultrapassado pelos fundamentalistas". O profeta está chorando com as mãos cobrindo o rosto e dizendo "É difícil ser amado por idiotas". Depois deste covarde atentado terrorista poderia se acrescentar ao desenho: "É difícil ser amado por idiotas e assassinos". 

O fundamentalismo religioso é inimigo de todas as liberdades, historicamente o foi, e sempre o continuará sendo. O presidente francês François Hollande disse em 2007: "insuportável a ideia de que existam tabus dos quais não se pode falar. Estamos em um país laico; a tradição de fazer caricaturas do fato religioso remonta há mais de um século e o delito de blasfêmia não existe". 

Hoje é um dia triste para a liberdade de imprensa, para a sátira e o humor. Perdemos vários amigos e colegas. Não nos intimidamos nem nos intimidaremos com os fundamentalistas. A luta (a charge) continua! Je suis Charlie!!!

Cau Gomez

Imagem ilustrativa da imagem Cartunistas de A TARDE lamentam ataque à revista francesa

Cau Gomez (D) com o cartunista Wolinski (E) e o cartunista Kemchs em 1999, na cidade de Havana (Foto: Arquivo Pessoal)

Sob os efeitos do vil e covarde atentado que vitimou mais de dez pessoas, dentre eles quatro cartunistas renomados, na sede da revista satírica Charlie Hebdo, escrevo atônito e revoltado.

O mundo carece de respostas imediatas para banir definitivamente atos insanos e obscuros que nos feriram apontando a marca da intolerância e covardia. O bom humor que nos leva ao riso não pode se esconder.

Wolinski foi um representante incansável e irreverente do humor crítico. Tive a honra de conhecê-lo em Havana, no ano de 1999, onde fizemos parte do Júri do Festival de Humorismo de San Antonio de los Baños, em Cuba.

Apesar de sustentar um ar sério,  era divertido e admirador do traço e humor despojado do cartunista Jaguar, sobre quem contou diversas aventuras que tiveram juntos. É vital  para a prática da liberdade de expressão, da arte do cartum político e satírico, que a democracia volte a sorrir.

Os profissionais do cartum, da imprensa e de todas as sociedades não podem continuar a ser reféns de grupos que matam quem discorda de suas ideologias.

Publicações relacionadas

MAIS LIDAS