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O racismo e o sonho

Confira o Editorial do Jornal A TARDE desta quinta-feira, 22

Publicado quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024 às 05:00 h | Autor: Editorial
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Compartilhar de um objetivo, o do fim do racismo, no qual pessoas de todas as etnias possam abraçar-se sem rancor, é o possível desdobramento de recente reflexão do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida.

O pensamento por uma superação da chaga veio à lume após novo caso absurdo, registrado no Rio Grande do Sul, o mesmo estado reincidente onde baianos eram escravizados em vinícolas das prósperas serras gaúchas.

Na redução epidérmica do fato, um homem preto foi detido por elementos da Brigada Militar, mesmo após levar uma facada de um branco, trocando-se, no episódio, a vítima pelo réu, supõe-se, devido à pele.

Na análise da autoridade ministerial, trata-se de uma inversão decorrente dos descaminhos de instituições e dos agentes, produzindo frequentes injustiças. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reforçou a necessidade de o Estado combater com mais firmeza a ancestral estrutura de submissão da maioria.

Para ampliar a complexidade da trama, desigualdades atingem desprovidos de melanina, resultando na sensação de as diferenças de cor migrarem, não-raro, em contextos da igualdade de classe na condição única de oprimidos.

Outra nuance, não descartada pelos estrategistas, é a impossibilidade de um avanço efetivo, se não ribombar o clamor de um grito – “despertai!”– capaz de livrar da dormência a sociedade civil quelônia em relação ao tema.

“É feroz a urgência do agora”, tomando-se por empréstimo as eternas palavras de Martin Luther King, em seu discurso “I have a dream”, ainda a referência para sair “do vale da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial”.

Assim como o Prêmio Nobel da Paz assassinado, o Brasil tem um sonho, o de sair “das areias movediças para a rocha sólida da fraternidade”. Para chegar lá, é preciso articulação, engajamento e muita luta, a cada aurora.

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