EIXO SUL
Primeira fase das obras do Canal do Sertão serão iniciadas em 2025
Em visita ao Grupo A TARDE, presidente da Codevasf detalhou sobre obras de transposição do rio São Francisco
Por Flávia Requião e Gabriela Araújo
A primeira fase das obras do Eixo Sul da Transposição do rio São Francisco, nomeada de Canal do Sertão, está próxima de ser retirada do papel e deve começar a ser executada entre o fim deste ano até o início de 2025, como projeta o presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira.
O projeto básico, que chegou a ser chamado de “revolucionário” por Moreira, é um dos frutos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], apadrinhado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. Para este primeiro momento da iniciativa, a estimativa do órgão é que seja aplicada até R$ 600 milhões, conforme detalhou o chefe da Codevasf, em visita ao Grupo A TARDE, nesta quinta-feira, 5.
“Nós já concluímos o projeto para iniciar essa tratativa. É uma obra que já está no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. É o eixo sul da transposição e está pronta para sair, eu acredito que, entre esse ano e início do próximo ano, devemos estar iniciando essa obra fantástica que vai trazer água lá do Salitre e Juazeiro até o Centro-Oeste da Bahia, até a barragem de São José do Jacuípe. Já concluímos os projetos já está cadastrada no PAC então é uma obra que temos a expectativa grande. [...]. A primeira fase a gente está estimando que seja algo em torno de R$ 400 e R$ 600 milhões”, disse Moreira.
A principal diretriz da construção do Canal do Sertão, que vai auxiliar na perenização de bacias hidrográficas dos Rios Itapicuru e Jacuípe, na Bahia, é garantir o acesso de água de qualidade a 1,2 milhões de pessoas, em 44 municípios. Com 300 km de canal, a expectativa é que a obra seja realizada por fase, com a perspectiva de ser concluída em 10 anos.
“Naturalmente é uma obra muito longa, são 300 km de canal, de uma obra entre R$ 4 a R$ 5 bilhões, mas que vai ser feita de forma faseada. Essa primeira fase, serão 20 km de canal, com duas estações de bombeamento, que vão trazer as águas de São Francisco a um ponto, o D700, e a partir desse ponto a água vai toda por gravidade”, complementou.
Uma das novidades promovidas do Canal do Sertão é a retirada das bombas hidrelétricas para a transportação das águas fluviais até a barragem São José do Jacuípe, no semiárido baiano. “Sem nenhuma bomba ou gasto de energia, atendendo a 42 municípios de forma direta e as adjacências”.
O Canal do Sertão Baiano é um sistema hídrico de adução e distribuição de água bruta com captação no rio São Francisco, na área do Projeto de Irrigação Salitre, para garantia da segurança hídrica das bacias hidrográficas Salitre, Tourão/Poções, Itapicuru e Jacuípe e do município de Uauá.
Entre os municípios contemplados com a iniciativa estão: Andorinha; Antônio Gonçalves; Caém; Caldeirão Grande; Campo Formoso; Candeal; Capela do Alto Alegre; Capim Grosso; Filadélfia; Gavião; Ichu; Itiúba; Jacobina; Jaguarari; Juazeiro; Mairi; Miguel Calmon; Mirangaba; Morro do Chapéu; Mundo Novo; Nova Fátima; Ourolândia; Pé de Serra; Pindobaçu; Pintadas; Piritiba; Ponto Novo; Queimadas; Quixabeira; Riachão do Jacuípe; Santaluz; São Domingos; São José do Jacuípe; Saúde; Senhor do Bonfim; Serrolândia; Sobradinho; Tapiramutá; Umburanas; Valente; Várzea da Roça; do Poço e Nova e Uauá.
Projeto Salitre
O Canal do Sertão Baiano ainda será interligado ao Projeto Salitre, perímetro irrigado de cerca de 5,1 mil hectares implementado pela Codevasf em 1998, em Juazeiro (BA). Com a iniciativa, também sob o guarda-chuva da Codevasf, a tendência é que o perímetro seja expandido. As obras serão divididas em cinco etapas.
Até agora, o Projeto Salitre recebeu R$ 915,7 milhões em investimentos federais. O montante serviu para a aquisição da área, além da construção de 41,5 quilômetros de canais, 159,5 quilômetros de drenos, 116,3 quilômetros de estradas, 6,38 quilômetros de adutoras, seis estações de bombeamento e oito reservatórios.
Canal do Xingó
Outra novidade revelada pelo presidente da autarquia, Marcelo Moreira, leva em conta a transposição das águas do São Francisco até a cidade de Sergipe. Os estudos iniciais apontam que o canal deverá beneficiar 69,3 mil pessoas, além de gerar 16,5 mil empregos diretos e 33 mil empregos indiretos.
“Temos também o canal do Xingó, que é um canal que vai abastecer Sergipe, mas vai sair de Paulo Afonso e passar pela Santa Brígida até chegar em Sergipe. Todo o início do canal do Xingó, ele passa pela Bahia e vai permitir a ampliação também de um novo perímetro de irrigação em Santa Brígida”, disse.
Adutora da fé
A Codevasf também deu início às obras da criação da adutora da fé, no município de Bom Jesus da Lapa, onde será implantada uma Estação Elevatória de Água Bruta (EEAB), interligada a uma Estação de Tratamento de Água (ETA). Cerca de 70 mil pessoas devem ser beneficiadas no município.
“Já estamos concluídos a primeira etapa agora. Bom Jesus da Lapa é o terceiro maior centro turístico religioso, só perde para São Paulo e Belém. A cidade está sempre cheia por causa desse turismo religioso e praticamente falta água todos os meses, então, estamos fazendo uma adutora do São Francisco para abastecer não só Bom Jesus da Lapa como os municípios vizinhos, Riacho de Santana e Igaporã”, concluiu.
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