ELEIÇÕES 2024
PSDB se reforça com Muniz e movimenta especulação para próximo pleito
Avaliação de políticos apontam que adesão do presidente da CMS o aproxima da base do prefeito Bruno Reis
Por Eduardo Dias e Fernando Valverde*
Mesmo restando mais de 500 dias para as eleições municipais de 2024, as articulações políticas na capital baiana já estão a todo vapor;. Enquanto uns discutem quem deve ou não ser o candidato principal do grupo, o prefeito Bruno Reis (UB), natural candidato à reeleição pelo grupo que governa a cidade há 12 anos, tem se movimentado para atrais apoios importantes.
Com a filiação do presidente da Câmara Municipal de Salvador (CMS), Carlos Muniz, ao PSDB na última sexta-feira, 28, após deixar o PTB, a oposição na CMS enxerga uma reaproximação do edil com o grupo do prefeito.
A avaliação encontra força com o fato de que Muniz chegou a negociar a sua adesão à siglas governistas como o Avante e o PP, que se reaproximou da base do governo estadual,
Capital político
A chegada de Muniz ao reduto tucano pode se configurar com um aceno a Bruno e um possível rompimento político com o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), de quem era extremamente ligado nos tempos de Legislativo e a quem prometeu apoio incondicional no próximo pleito.
Com o capital político do vereador, que esteve entre os dez mais votados em 2020, o PSDB, que saiu enfraquecido após as derrotas nas últimas eleições nacionais, busca retomar espaço e usar o novo quadro para barganhar mais espaços na política municipal, já que o presidente da CMS é visto como um excelente articulador e "montador" de chapas eleitorais.
Além disso, o partido deverá pleitear o posto de vice-prefeito na chapa majoritária em competição interna com o PDT, que detém o cargo com a vice-prefeita Ana Paula Matos, e o Republicanos.
O diferencial, agora, é que os tucanos têm a prerrogativa de ter o presidente do Legislativo, disputado entre vários partidos desde que assumiu o comando da CMS e decidiu sair do PTB.
Posição do PSDB
Com a adesão do novo vereador, que deverá assumir o comando municipal do partido em agosto, a expectativa fica por conta das movimentações feitas por governo e oposição para garantir o apoio do PSDB no próximo pleito.
Com a possibilidade bem clara de que o vice-governador Geraldo Jr. seja o candidato lançado pelo grupo do governador Jerônimo Rodrigues (PT), uma adesão do PSDB à candidatura do ex-presidente da Câmara poderia ser conduzida de forma menos conflituosa do que uma adesão a uma possível candidatura do PT.
Informações obtidas por A TARDE nos bastidores dão conta de que o PSDB tem pretensão de expandir o partido em Salvador, mas o apoio vai depender de quem queira recebê-lo. E a informação bate com o que era defendido por Muniz antes de aceitar se filiar a qualquer partido: ele queria a prerrogativa de ter autonomia e, inclusive, poder escolher a posição da sigla em relação às eleições de 2024, seja em alinhamento com o prefeito, ou com a oposição.
Em conversa com A TARDE, o deputado estadual Matheus de Geraldo (MDB) apontou que a adesão ao PSDB não determina uma posição pessoal de Muniz, que pode caminhar com Geraldo mesmo que sigla não feche questão em torno do nome do emedebista.
"A amizade e a parceria [entre eles] continua a mesma coisa dentro e fora da política, independente de qual segmento ou partido o presidente da Câmara escolheu. Acredito que Muniz teve sua escolha pensando na sua sobrevivência política em 2024 e que não haverá nenhum obstáculo que o impeça de caminhar junto com Geraldo Jr.", pontuou.
A posição é semelhante a do deputado Tiago Correia (PSDB) que comemorou o ingresso do presidente da Câmara e reiterou a posição do partido como integrante da base do prefeito Bruno Reis (União Brasil).
"Claro que o PSDB é um partido, hoje, da base do prefeito. Temos uma secretaria sob indicação do partido [Thiago Dantas, secretário de Educação], então é um partido que é da base historicamente e tudo indica que essa aliança permanece na próxima eleição", disse, ainda que admita que existe espaço para o diálogo e construção partidária pensando em 2024.
"Na política não se pode vetar nada. Tudo é feito à base da conversa e do diálogo e Muniz é um agente político que tem um trânsito muito bom no governo. É claro que esse trânsito favorece os diálogos acontecerem, mas a decisão será conjunta", pontuou.
Ainda segundo Tiago, o posicionamento de Muniz será livre mesmo que o partido não feche questão em torno do candidato que tenha o apoio do seu novo quadro.
"Claro que o partido terá uma posição institucional, mas o posicionamento pessoal de Muniz só ele pode te dizer. É claro que ao escolher um partido da base do prefeito, ele sinaliza alguma coisa. O posicionamento pessoal cabe a cada um e o partido não irá policiar", concluiu.
Impacto na Câmara
A adesão de Muniz ao PSDB foi assunto durante a sessão plenária da Câmara dos Vereadores nesta terça-feira, 2. Vereadores de oposição e situação também consideraram o gesto como uma reaproximação de Muniz com o prefeito Bruno Reis e
Em discurso, a presidente do PSDB em Salvador, a vereadora Cris Correia, deu boas-vindas a Muniz e confirmou a passagem de bastão para o presidente da Câmara a partir de agosto;
"É uma alegria ter em nosso partido o presidente desta Casa, Carlos Muniz, cuja filiação aconteceu na sede do nosso partido. Tenho certeza que ele chega para fortalecer e ampliar o trabalho do PSDB em Salvador e na Bahia", elogiou.
O vereador, e agora novo correligionário de Muniz, Téo Senna (PSDB) afirmou que mesmo com a amizade de Muniz com Geraldo, o caminho deverá ser mesmo, ou pelo menos é de vontade do partido, apoiar a reeleição do prefeito Bruno Reis.
Eu acho que esse é um grande avanço já definindo, inclusive, Muniz dentro do grupo de Bruno. Acho que não pode supor outras possibilidades né? A gente já vem caminhando com ACM Neto, com o Bruno e teria uma mudança agora? Eu acho que fortalece também nesse sentido", disse ao A TARDE. "Claro que [eles] tem uma amizade muito grande, mas a partir do momento que Muniz chega no PSDB, está indo de encontro a tudo no que diz respeito aos caminhos políticos dos dois. Geraldo Júnior que manteve a estrutura toda que fez Muniz virar presidente, mas eu acho que Muniz está dando um passo à frente".
Mesmo com a filiação, o bloco de oposição ainda avalia ser "muito cedo" para se definir um cenário. Em conversa com A TARDE, o vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB) afirmou que espera que Muniz mantenha a independência partidária na sua gestão à frente da CMS e no seu posicionamento para o próximo pleito.
"Carlos Muniz tem todo o direito de se filiar a qualquer partido, é uma decisão dele. Temos a compreensão de que é importante que a Câmara se mantenha de maneira independente e autônoma e que o diálogo seja estabelecido com todos os segmentos, inclusive com a oposição. Confiamos que ele vai manter essa característica e a gente compreende também que está muito cedo inclusive pra o fechamento da janela partidária", afirmou.
"Tenho a expectativa de que Muniz esteja do nosso lado na eleição municipal, assim como esteve na eleição pra governador, então nesse intuito não houve nenhuma mudança de diálogo e pode ser que tenhamos surpresas aí em relação às composições partidárias pra montagem das chapas do próximo ano", projeta.
*Com colaboração de Eduardo Tito e João Guerra
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