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Racismo é entrave para o desenvolvimento social, diz Ângela Guimarães

Secretária de Promoção da Igualdade Racial diz ver vinda do Liberatum à Bahia como natural

Publicado sexta-feira, 03 de novembro de 2023 às 15:44 h | Autor: Lula Bonfim
Ângela Guimarães analisou os impactos do racismo na construção social do Brasil
Ângela Guimarães analisou os impactos do racismo na construção social do Brasil -

A secretária estadual Ângela Guimarães (PCdoB), titular da pasta de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), foi uma das autoridades presentes, na manhã desta sexta-feira, 3, no primeiro dia do festival internacional Liberatum, que ocorre no Centro de Convenções de Salvador. Na avaliação dela, a vinda do evento para o estado foi natural.

“A Bahia é esse território majoritariamente negro, de onde, desde a sua origem, brotam as lutas contra coloniais, contra o escravismo, contra o racismo, onde a luta se atualiza, onde é há a gênese dessa agenda de racista no Brasil. Então, nada mais natural do que a chegada do Liberatum na América do Sul nesse território, que é o maior território negro das Américas”, avaliou Ângela Guimarães.

“A gente acolhe muito bem o Liberatum, que acaba chegando como mais uma agenda de visibilidade internacional e atraindo também, não só as personalidades que vão ter assento aqui, mas outras que querem escutar, que querem se conectar, que querem fortalecer esse movimento por equidade, por justiça racial, por igualdade, que é um clamor do mundo inteiro”, complementou a secretária.

Ângela ainda destacou que eventos como esses são importantes para contribuir com um autorreconhecimento da sociedade baiana, colocando sob holofotes temas como o racismo, o qual ela considera uma dos principais entraves para o desenvolvimento da Bahia e do Brasil.

“A Bahia recebe, numa perspectiva de conexão das agendas locais com as agendas globais, reforçando essa pauta que é vital para o desenvolvimento do Estado e para o desenvolvimento do país. A gente não vai ter um desenvolvimento justo, soberano e solidário com a população negra ficando à margem. Trazer a população negra para o centro, trazer as perspectivas do projeto de superação, dos entraves que o racismo impõe ao desenvolvimento da sociedade, é fundamental”, disse Ângela.

Para a secretária, o Brasil foi construído sobre estruturas racistas, o que acaba dificultando a universalização de direitos básicos. Segundo ela, o racismo é o principal causador das desigualdades no país.

“O racismo é o cerne da estruturação das nossas desigualdades, justamente por hierarquizar, excluir, inferiorizar determinados agrupamentos humanos. Foi sob este solo que a sociedade brasileira e das Américas se edificou. Onde teve escravismo colonial, teve o racismo como base. Ele se constitui num diferencial negativo, no sentido de que impede que a maioria da população acesse direitos básicos de cidadania. Sem esses direitos básicos de cidadania, a sociedade não avança. Sem acesso à escolarização, a sociedade não avança. Sem acesso à saúde universal, a sociedade não avança. Sem acesso a trabalho, emprego e renda, a sociedade não avança”, analisou a secretária.

Para Ângela Guimarães, mesmo não sofrendo racismo, as pessoas brancas também são prejudicadas pelo preconceito racial, que mantém a sociedade estagnada, sem possibilidade de desenvolvimento.

“À medida que esses 80% na Bahia e 56% no Brasil são alijados desses direitos, a sociedade inteira perde. É exatamente essa discussão que nós fazemos quando nós dizemos que o racismo é um problema de todo mundo, de toda a sociedade, não só dos negros que são vitimizados. Porque, para alguns serem atingidos pelo racismo, há alguém que se beneficia, entre aspas. Mas a sociedade como um todo não se beneficia. Uma pequena parcela se beneficia às custas da estagnação ou do lento desenvolvimento, porque está deixando a maioria de fora”, apontou a titular da Sepromi.

“Então nosso propósito é um desenvolvimento para todo mundo, e para desenvolver pra todo mundo, tem que enfrentar e tem que superar os obstáculos impostos pelo racismo”, concluiu.

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