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Bolsonaro vendeu Refinaria Landulpho Alves abaixo do preço, aponta CGU

Relatório da Controladoria Geral da União (CGU) destrincha negociação com árabes durante a pandemia

Publicado quinta-feira, 04 de janeiro de 2024 às 12:05 h | Atualizado em 04/01/2024, 13:07 | Autor: Da Redação
Ex-presidente Jair Bolsonaro e sheik Mohamed bin Zayed
Ex-presidente Jair Bolsonaro e sheik Mohamed bin Zayed -

A Controladoria-Geral da União (CGU) realizou uma auditoria onde apontou fragilidades no processo de venda pela Petrobras da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, ao fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos. O processo foi conduzido pelo governo do ex-presidente Jaire Bolsonaro (PL), durante a pandemia da Covid-19.

A venda teve desfecho em novembro de 2021 por U$ 1,65 bilhão. A Refinaria de Mataripe, rebatizada, fica em São Francisco do Conde e é gerida pela Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital, subsidiária do trilionário fundo sediado em Abu Dhabi e que pertence à família real dos Emirados Árabes.

Bolsonaro esteve nos Emirados Árabes em visita em 2019 e 2021. À época, o ex-mandatário chegou a ser presenteado por integrantes da família real com objetos de alto valor, como um relógio de mesa cravejado de diamantes, esmeraldas e rubis e três esculturas, das quais uma de ouro, prata e diamantes.

De acordo com o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, a venda da refinaria fez parte do Projeto Phil, por meio do qual a estatal, durante o governo Bolsonaro, planejou a venda de oito refinarias no país, que correspondem a 50% da capacidade de refino no Brasil.

A negociação ocorreu através de um Termo de Compromisso de Cessação de Prática entre a Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), por meio do qual a estatal reduziria sua atuação no setor.

No relatório da CGU, foi apontado que, ao manter o processo de venda da refinaria na Bahia, em meio à pandemia, a avaliação do valor da venda foi feita abaixo do valor de mercado. A estatal avaliou o quanto a instalação valia entre abril e junho de 2020, primeiros meses da calamidade sanitária, de grande incerteza sobre o futuro da cadeia de petróleo, da economia brasileira e da mundial.

Ainda segundo o colunista, os principais indicadores macroeconômicos que norteiam o valor de uma refinaria estavam em queda livre: os preços de derivados do petróleo, as expectativas de crescimento PIB pelo mercado e de preços futuros do petróleo do tipo Brent. Assim, a refinaria ficou subvalorizada.

O órgão federal apontou ainda que a Petrobras poderia ter esperado mais para realiziar o processo de venda da refinaria.

“A questão do contexto da Pandemia da Covid-19, conforme afirmado pela Petrobras (…), traz risco direto à manutenção do valor e maior incerteza em relação às projeções de petróleo e margens de refino, ponto central da valoração desses ativos”, disse o relatório da CGU revelado pela coluna.

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