RECORDE
Dino é único a exercer cargos nos três poderes em intervalo de um ano
Senador licenciado e ministro da Justiça e Segurança Pública, maranhense volta ao Judiciário após duas décadas
Por Lucas Franco
Quando tomar posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro do ano que vem, Flávio Dino se tornará o primeiro brasileiro na história da República a exercer cargos nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em um intervalo de um ano.
Nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública desde o início do governo Lula (PT), em janeiro, Dino, que foi eleito senador pelo Maranhão no ano passado, chegou a tomar posse na Casa Legislativa, em 1º de fevereiro, para em seguida se licenciar do cargo e passar a cadeira para a suplente, Ana Paula Lobato (PSB).
Anunciado como indicação de Lula para o STF no mês passado, Dino foi sabatinado no Senado e aprovado para exercer sua função na Corte. Ex-juiz federal, entre 1994 e 2006, o maranhense volta ao Judiciário após quase duas décadas. No período em que exerceu cargos políticos eletivos, também foi, sempre pelo Maranhão, deputado federal, entre 2007 e 2011, e governador, de 2015 a 2022. Entre 2011 e 2014, presidiu a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
Para o cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André, o ministro do governo Lula e futuro ministro do STF sempre soube transitar nos três poderes. “Eu entendo que esse lugar institucional do Ministério da Justiça tem uma relação muito intrínseca com o legislativo e, obviamente, com o Judiciário”, afirma Cláudio André.
A ida de ministros de governo para o STF, porém, não é inédita. Nelson Jobim, por exemplo, foi deputado federal pelo Rio Grande do Sul até janeiro de 1995, assumindo naquele mesmo mês o cargo de ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso. No entanto, sua nomeação ao STF aconteceu dois anos depois.
Com a mesma transição direta entre chefia de Ministério da Justiça e STF, Alexandre de Moraes nunca teve um cargo no Legislativo.
“Dino passou a ter um protagonismo por conta da derrota da oligarquia de Sarney, lá no Maranhão, uma das últimas oligarquias sobreviventes no início do século 21”, diz Cláudio André.
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