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Famílias Brazão e Bolsonaro são aliadas de longa data no Rio

Flávio Bolsonaro e Chiquinho Brazão, suspeito pela morte de Marielle, fizeram carreata em 2022

Publicado domingo, 24 de março de 2024 às 13:11 h | Atualizado em 24/03/2024, 13:46 | Autor: Da Redação
Flávio Bolsonaro e Chiquinho Brazão chegaram a subir juntos em um carro de som em uma carreata eleitoral
Flávio Bolsonaro e Chiquinho Brazão chegaram a subir juntos em um carro de som em uma carreata eleitoral -

Os irmãos Domingos Inácio Brazão e João Francisco Inácio Brazão, presos neste domingo, 24, como suspeitos de serem mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, fizeram campanha para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022.

Apesar das especulações que envolviam o nome de Bolsonaro na morte da vereadora terem sido esclarecidas, as ligações políticas, financeiras e pessoais dos Bolsonaro os integrantes da família Brazão são fortes e indiscutíveis.

A prova disso foi o registro onde Chiquinho Brazão registrou e compartilhou nas redes sociais um vídeo participando de um evento político ao lado do filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022. No carro de som aparecem as imagens de Jair Bolsonaro e dos irmãos Brazão. 

Família Brazão e Bolsonaro

Segundo o site The Intercept, a proximidade de Bolsonaro com os mandantes e o executor do homicídio da vereadora não é uma mera dedução sem fatos. O ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do duplo assassinato, era um dos matadores de aluguel do Escritório do Crime, grupo liderado por Adriano da Nóbrega, assassinado em fevereiro de 2020 . A relação dos ex-policiais com a família Bolsonaro vem desde essa época.

Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete, a mãe e a esposa de Adriano. Quando ele foi assassinado, o então presidente Jair Bolsonaro o chamou de “herói”.

Lessa morava no mesmo condomínio do ex-presidente e os filhos dos dois chegaram a namorar. Em 2009, ele perdeu uma perna durante um atentado a bomba enquanto trabalhava como segurança do bicheiro Rogério de Andrade.

A proximidade dos Bolsonaros com a família Brazão são bem pontuais. São famílias de políticos que se elegem para vários cargos ao mesmo tempo, atuam tradicionalmente na zona oeste do Rio de Janeiro.

Flávio Bolsonaro e Chiquinho Brazão chegaram a subir juntos em um carro de som em uma carreata eleitoral para apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro, em 2022. Além de fazerem campanhas políticas juntos, Flávio e Chiquinho mantiveram negócios imobiliários associados com milícias na zona oeste do Rio de Janeiro.

Ambos compartilham do interesse pela especulação imobiliária irregular na região. Como apontou o Intercept em 2020, documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro revelaram que Flávio Bolsonaro usou dinheiro da rachadinha feita em seu gabinete para financiar a construção ilegal de prédios pela milícia.

Queiroz, então chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro e amigo próximo de Lessa, confiscou 40% dos salários dos funcionários do gabinete e repassava para o Escritório do Crime. Segundo o inquérito, o lucro com a venda dos prédios seria dividido com Flávio Bolsonaro. Foi justamente essa investigação do MP que motivou o ex-presidente Jair Bolsonaro a pressionar o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio e em Brasília.

E entre as suspeitas dos motivos do assassinato de Marielle estavam justamente os negócios imobiliários irregulares nessa mesma região do Rio de Janeiro. A vereadora representava um impecilho para as pessoas que lucravam alto com a especulação imobiliária ilegal.

Mesmo não havendo qualquer indício do envolvimento de Flávio Bolsonaro com o crime, há suspeitas de que ele seria um dos beneficiários, lucrando, assim como os Brazão, com a venda de prédios construídos com a verba pública que supostamente teria saído de dentro do seu gabinete.

Também, a Abin sob durante o governo Bolsonaro monitorou ilegalmente os passos da promotora do caso Marielle, aparentemente sem nenhuma motivação.

Além de todos os fatos, apesar de negar, o ex-presidente teria agido para conceder passaporte diplomático ao deputado federal Chiquinho Brazão e sua família.

Operação Murder

Três pessoas foram presas na manhã deste domingo, 24, suspeitas de serem mandantes do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, em março de 2018.

A Operação Murder Inc., prendeu Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio.

Também foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado. Além do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, a operação também apura a tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves, que também estava na carro atacado, informou a PF em nota.

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