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Políticas trans sofrem perseguição e ameaças de morte no Brasil

Além dos graves casos de violência política, elas denunciam falta de suporte do próprio legislativo

Publicado terça-feira, 17 de maio de 2022 às 08:27 h | Autor: Da Redação
Filipa Brunelli (PT), primeira vereadora travesti de Araraquara, no interior de São Paulo
Filipa Brunelli (PT), primeira vereadora travesti de Araraquara, no interior de São Paulo -

Políticas trans têm enfrentado uma rotina de perseguição e ameaças de morte no país. Um levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo com 24 integrantes de Casas legislativas de municípios brasileiros mostrou que a maioria sofre violência política.

Das 27 trans eleitas para as Casas legislativas no país, 24 responderam aos pedidos de entrevista da publicação e, desse contingente, 17 relataram situações de violência política transfóbicas, sendo que 11 sofreram ameaças.

Foi o caso de Filipa Brunelli (PT), primeira vereadora travesti de Araraquara, no interior de São Paulo, eleita em 2020. Quando começaram a chegar prints com a frase que dizia para ela comprar um caixão, o choque foi enorme. "Some de Araraquara ô coisa horrorosa, lixo como vc não é bem vindo aqui. Vai criar dia municipal dos LGBT no inferno. Denunciou agora compra o caixão", dizia a mensagem, de agosto do ano passado.

No mesmo período, à reportagem do jornal, ela contou que um homem passou a dar voltas no quarteirão ao redor de sua casa. Sentindo-se ameaçada, chegou a vomitar de nervoso com a situação. Hoje, ela não sai mais só nas ruas e os locais de suas agendas são divulgados apenas após os eventos. Em menos de dois anos de mandato, 36 pessoas já foram denunciadas.

Outro exemplo trazido foi o da vereadora de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Benny Briolly (PSOL). Ela saiu do país antes de completar seis meses de mandato após sofrer uma ameaça de morte. Na mensagem, dizia-se que se ela não renunciasse ao mandato, seria morta com uma pistola 9mm. Por isso, atualmente circula em carro blindado.

O cenário revela também uma falta de apoio do próprio Legislativo para garantir a segurança desse grupo. Segundo o levantamento da Folha, 11 políticos transexuais foram ameaçados e, destes, em sete não houve nenhuma espécie de suporte no local de trabalho.

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