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POLÍTICA

Bruno Reis revela projetos em visita ao grupo A TARDE

Prefeito concedeu entrevista exclusiva para A TARDE e debateu questões com representantes do grupo

Por Lula Bonfim

20/07/2023 - 0:00 h
Prefeito conversa com representantes do grupo A TARDE
Prefeito conversa com representantes do grupo A TARDE -

Em visita ao grupo A TARDE, ocorrida na manhã desta quarta-feira, 19, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) concedeu entrevista exclusiva para os veículos do grupo, onde fez o panorama dos seus quase três anos à frente da capital baiana e o que projeta para o futuro de Salvador.

Em conversa com a reportagem, o gestor revelou em primeira mão que a Festa de Iemanjá será realizada de forma conjunta com o Carnaval de 2024, projetou a inauguração da nova estátua de Mãe Stella de Oxóssi, na Av.Paralela, para a próxima terça-feira, cravou a data de reinauguração do Teatro Vila Velha, que será requalificado pela gestão municipal, e falou também de novos projetos para as áreas de mobilidade urbana e para a prática esportiva na cidade.

Acompanhado da secretária de Comunicação, Renata Vidal, o prefeito foi recebido pelo presidente do grupo A TARDE, João Mello Leitão, e pelo diretor de relações institucionais, Luciano Neves.

Estiveram presentes também a diretora do Núcleo Digital do Grupo A TARDE., Caroline Góis, a diretora de Conteúdos e Projetos Especiais, Mariana Carneiro, o diretor da A TARDE FM, Jefferson Beltrão, Eduardo Dute, gestor de marketing, Marluce Barbosa, gestora comercial, o colunista político do grupo A TARDE, Levi Vasconcelos.

Confira a entrevista na íntegra:

O projeto do BRT liga a Avenida ACM à Lapa. Neste momento, porém, o sistema vai apenas até o Itaigara. Existe um prazo para que as obras da próxima etapa, que avançam até a Lapa, se encerrem, fazendo o serviço operar 100% e atendendo uma parcela maior da população?

A nossa expectativa é inaugurar, no início do ano que vem, o último trecho do BRT e aí ele passa a ter funcionalidade total. O BRT tem um traçado saindo da Lapa para a região do Shopping da Bahia, passando pela Vasco da Gama e pela Juracy Magalhães. Por essa área, passam sete de cada 10 linhas de ônibus que circulam na cidade. Há uma demanda muito grande de passageiros. Porém, com a inauguração do último trecho, é que a gente vai poder fazer a retirada das linhas que hoje concorrem com o BRT. Então, a nossa previsão é que, no início do ano que vem, com o funcionamento pleno, a gente atenda o principal objetivo, que é a satisfação do usuário, tendo um transporte mais ágil, com maior conforto e com maior segurança.

Existe um projeto da prefeitura de um túnel, ligando a região do Campo da Pólvora até o Comércio, passando pelo Centro Histórico. Em que pé estão essas conversas? Isso deve acontecer em breve ou está um pouco distante ainda?

Está sendo realizado um projeto executivo, que vai trazer algumas respostas. Primeiro, a viabilidade da obra. Segundo, o valor da obra. Concluído o projeto, a gente irá tomar a decisão se levaremos à frente ou não esse projeto. Eu entendo ser importante, porque vai representar a redenção da Barroquinha e do Comércio antigo. Na prática, vai levar o metrô do Campo da Pólvora para o Comércio. Sabemos que um dos problemas dessa região é a falta de estacionamentos. Com um transporte público de qualidade, a gente vai atrair mais pessoas para essa região da cidade. E, indo através do metrô e de esteiras rolantes, não precisará de veículos, permitindo, com isso, o surgimento de lojas, estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes, para ajudar a reativar essa região da cidade.

Tem um outro problema para reativar essa região da cidade, que é a falta de moradores. A ministra Margareth Menezes veio aqui há mais ou menos dois meses e conversou com a prefeitura sobre a possibilidade de um programa para o Centro Histórico, incluindo um programa habitacional. Em que pé está isso? Já foram definidos espaços para desapropriação?

Nós temos dois projetos de habitação para o Centro Histórico. Um de interesse social, que é na região do Pilar, que nós apresentamos à ministra Margareth e que o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] anunciou que utilizaria o projeto como um “case” para o Brasil, que passa pela restauração de casarões antigos sendo transformados em habitações e moradias para pessoas de baixa renda. Um outro projeto é para aqueles prédios do Comércio em especial, em que a ideia é transformar em unidades de multiuso, com comércio no térreo e os andares de cima como habitação. Esse, nós temos o projeto já pronto. Estamos criando, neste momento, um fundo imobiliário. A nossa ideia é, ainda no mês de setembro, na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, lançar este fundo, que vai permitir a captação de recursos para fazer esses investimentos. Serão unidades que terão como público prioritário servidores municipais, tendo em vista que hoje 80% dos órgãos da prefeitura estão lá no Centro Antigo.

Bruno Reis ao lado do presidente do grupo A TARDE, João Mello Leitão
Bruno Reis ao lado do presidente do grupo A TARDE, João Mello Leitão | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

O prefeito tem falado sobre Reforma Tributária e demonstrou uma preocupação com a perda de autonomia com a saída de cena do ISS [imposto municipal que incide sobre serviços]. Mas eu queria que o prefeito fizesse uma análise mais geral. Os efeitos da Reforma Tributária, da forma que ela define hoje no Senado, serão mais positivos ou mais negativos para Salvador?

Cabe ao Senado definir as alíquotas. Aí sim nós saberemos quais serão os percentuais destinados aos municípios e se irá ter aumento ou redução da carga tributária. Mas, do jeito que saiu da Câmara, representa na prática um golpe no pacto federativo, a partir do momento que retira dos municípios a sua autonomia arrecadatória. O ISS é o principal tributo das cidades e é o que permite à prefeitura manter todos os serviços públicos — Educação, Saúde e Área Social —, e ter capacidade de dar respostas imediatas aos problemas. Esse tributo, que é lançado, fiscalizado, arrecadado e aplicado pelo município, passará a ter agora a interferência de um conselho federativo. Por isso, os prefeitos das médias e grandes cidades se posicionaram de forma contrária. Somos a favor da Reforma, mas não dessa forma. Essa é a nossa posição e a gente espera que agora, no Senado, o debate possa ocorrer. E os municípios, que ao longo do tempo vêm perdendo arrecadação e tendo mais atribuições, torcem para que essa lógica possa se inverter. Por outro lado, Salvador poderia ter um ganho se o ISS fosse cobrado no destino. Todos os municípios do Nordeste ganhariam em relação aos municípios do Sudeste. ISS de bancos, de cartões de crédito, muitos estão beneficiando os municípios do Sudeste. E, nessa reforma, o que deveria ser imediato, a transição é em 50 anos. Então, sem sombra de dúvidas, é prejudicial para Salvador.

Você avalia que os municípios, especialmente os grandes e médios, estão sub-representados nessa ideia de conselho federativo presente na Reforma da Previdência?

Estamos. Nós somos mais de 5.500 municípios e temos apenas 27 assentos [na Câmara dos Deputados], que é o que cada estado tem, e o peso desses assentos é de acordo com o critério populacional. Isso significa que, mais uma vez, os grandes estados e estados mais ricos [são mais beneficiados], e é aí que faço um apelo para os parlamentares do Nordeste para que possam reagir contra isso.

Para falar um pouco de cultura também, ontem faz dois meses que o senhor anunciou a Salcine, programa que destinará mais de R$30 milhões para desenvolver o segmento do audiovisual na cidade. Tem alguma previsão para o lançamento do edital por parte da Fundação Gregório de Mattos?

Vamos ser a primeira cidade do Brasil a lançar os editais das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc. A nossa expectativa é fazer o lançamento desses editais no dia 27 de julho. Também seremos a única cidade do Brasil que para cada R$ 1 da lei Paulo Gustavo, iremos colocar R$ 1. Vamos dobrar os recursos da lei com o investimento da Prefeitura. Nunca antes o setor cultural dessa cidade teve tantos investimentos. A entrega de equipamentos importantes, e quero destacar a Casa do Carnaval e o Museu da Música, e outros que nós já entregamos, como o Memorial 2 de Julho. Vem aí o arquivo e o Museu da Cidade, para o qual fizemos uma parceria para concluir definitivamente e entregar ele de forma pujante para a sociedade. Estamos firmando também uma parceria para restaurar todo o Teatro Vila Velha e o Passeio Público, temos um projeto sendo elaborado para o Cine Excelsior, em parceria com a igreja católica, enfim. São muitos equipamentos que vão permitir a gente resgatar e valorizar a nossa história e principalmente potencializar esse grande caldeirão cultural que é a nossa cidade.

Na sexta-feira o senhor esteve no Teatro Vila Velha e queremos saber qual o projeto de revitalização do espaço. Ouvimos há um tempo atrás Caetano falando que o sonho dele era voltar a morar em Salvador e se apresentar ali...

Já pedi para ele se preparar. Fomos lá para isso. Para formar um termo de colaboração com a associação, presidida por Márcio Meirelles, que é o pai da gestão do Teatro Vila Velha. A Prefeitura vai restaurar e requalificar todo o teatro e agora no dia 31 de julho, quando o teatro faz 59 anos, iremos anunciar a assinatura desse termo de fomento já com um show de Tom Zé. E no dia 30 de julho do ano que vem, quando o teatro faz 60 anos, vamos entregar ele todo requalificado e restaurado para a cidade.

Pensando em algum show especial pra essa entrega?

Quem sabe, o próprio Caetano. Para marcar esse compromisso que ele assumiu. [risos]

Tivemos também uma parceria anunciada entre a Prefeitura e o Esporte Clube Bahia, por parte do Grupo City, para a gestão de campos em Salvador, mas não foi dito ali quais seriam os campos, quantos seriam e como funcionaria exatamente essa parceria. Em que pé tá isso?

O Grupo City já selecionou dez campos na nossa cidade e devemos nos reunir nessa semana ou no início da próxima, para que possamos consolidar essa parceria. São campos que a Prefeitura já reformou ou que estão em reforma atualmente, e o City vai ajudar na gestão desses campos. Ali vão implantar as escolinhas de futebol, vão ter profissionais com visão para identificar jovens talentos, jovens atletas que possam seguir a carreira profissional como jogadores de futebol.

Essas escolinhas farão parte de algum projeto social?

Serão todas gratuitas e voltadas para as pessoas das comunidades e que moram nas proximidades desses campos. Teremos um campo por prefeitura-bairro, portanto dez campos distribuídos na cidade. E eles tem o desejo de ampliar, para que a gente possa chegar a um universo de 30 ou 40 campos, e a Prefeitura tá muito feliz com essa parceria pois vamos ter a perspectiva de oferecer um trabalho social gratuito para as crianças carentes e, quem sabe, oferecer a perspectiva de uma atividade profissional para esses jovens. Na prática a Prefeitura requalifica o campo todo e entrega e o City fica responsável pela implantação das escolinhas e da manutenção.

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