POLÍTICA
Milícia digital usa estrutura do 'gabinete do ódio', afirma PF
Relatório foi entregue ao ministro do STF Alexandre de Moraes
Por Da Redação
Em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) afirmou que a milícia digital estaria utilizando a mesma estrutura do chamado 'gabinete do ódio', grupo formado por aliados do presidente Jair Bolsonaro e que atuam até dentro do Palácio do Planalto.
O documento foi elaborado pela delegada Denisse Dias Rosa Ribeiro e entregue ao ministro do supremo Alexandre de Moraes. Ela é a responsável por conduzir os inquéritos das Fake News e justamente também das milícias digitais.
A investigação das milícias digitais havia sido arquivada por Moraes em julho do ano passado, após pedido do procurador-geral da república, Augusto Aras. No entanto, o inquérito foi reaberto pelo magistrado com o intuito de investigar a existência de uma organização criminosa que atenta contra a democracia.
De acordo com a Polícia Federal (PF), a ação do grupo teria o objetivo de difundir ataques e desinformação, criando e deturpando dados para obter vantagens e auferir lucros, buscando, assim, ganhos políticos, ideológicos e financeiros.
“Identifica-se a atuação de uma estrutura que opera especialmente por meio de um autodenominado 'gabinete do ódio': um grupo que produz conteúdos e/ou promove postagens em redes sociais atacando pessoas (alvos) – os 'espantalhos' escolhidos – previamente eleitas pelos integrantes da organização, difundindo-as por múltiplos canais de comunicação, em atuação similar à já descrita outrora pela Polícia Federal, consistente no amplo emprego de vários canais da rede mundial de computadores, especialmente as redes sociais”, diz trecho do relatório.
Segundo o documento assinado por Denisse, a suposta milícia digital atua anonimamente e tem como alvos adversários políticos, ministros do STF, integrantes do próprio governo, a imprensa tradicional, além da necessidade de estimular uma polarização.
A delegada pontua ainda que o grupo explora os limítes entre crimes contra a honra e a liberdade de expressão, criando assim uma falsa impressão de permissividade constitucional sem a responsabilização por parte do autor.
Em outro trecho do relatório, ela também cita a propagação de notícias falsas sobre a Covid-19 e o chamado tratamento precoce contra a doença, com remédios comprovadamente ineficazes.
Por fim, a delegada avaliou que as investigações devem ter continuidade diante dos vários elementos reunidos que indicam os possíveis crimes citados. O relatório parcial foi enviado na quinta-feira, 10, pois a delegada se afastará do caso por motivos pessoas a partir desta segunda, 14.
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