SUBIU O TOM
Otto Alencar detona Eduardo Bolsonaro: “Seria um favor se ficasse nos EUA"
Senador reage com ironia e preocupação às ameaças feitas por Eduardo Bolsonaro em entrevista nos EUA e propõe que ele receba cidadania norte-americana
Por Rafael Tiago e Rodrigo Tardio

O senador baiano Otto Alencar (PSD-BA) subiu o tom e chegou a ironizar, nesta quinta-feira, 25, ao comentar as declarações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que durante entrevista ao programa Oeste com Elas, transmitido pelo YouTube, afirmou estar buscando apoio de congressistas norte-americanos para pressionar políticos brasileiros a fim de “ajudar” seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, a não ser preso e a manter a pressão em cima do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de quem busca o impeachment.
O Brasil já teve dois malucos, que foram Collor de Mello e Jair Bolsonaro
Em tom ácido, o senador baiano Otto Alencar relembrou que o país já enfrentou figuras políticas com posturas extremadas. “O Brasil já teve dois malucos, que foram Collor de Mello e Jair Bolsonaro, e agora vejo um novo maluco falando bobagens, só que dessa vez lá dos dos Estados Unidos”, comentou o senador em entrevista ao Portal A TARDE.
Otto ainda revelou que pediu ao colega Jaques Wagner (PT-BA) que sugerisse ao governo norte-americano conceder cidadania a Eduardo Bolsonaro. “Pedi a Jaques Wagner (senador pelo PT) que sugerisse ao governo norte-americano a cidadania dos EUA para Eduardo Bolsonaro, para que ele fique por lá e o Brasil se veja livre dele”, disse o senador, que prosseguiu.
“Ele [Eduardo Bolsonaro] pode, no máximo, cancelar o visto dos alvos dele. E isso, na verdade, seria até um favor que ele faria nesse momento [para os brasileiros]”, ironizou Otto. O senador criticou duramente Eduardo, que fez ameaças diretas aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

A fala de Otto foi uma resposta direta às ameaças a Alcolumbre e Motta, após Eduardo falar que "o Davi Alcolumbre não está nesse estágio ainda, mas certamente está no foco do governo americano. Ele tem a possibilidade agora de não ser sancionado e não acontecer nada com o visto dele, se ele não der respaldo ao regime. E também o Hugo Motta, porque na Câmara dos Deputados tem a novidade da lei da anistia". A declaração foi uma referência direta para ambos, caso o Brasil não consiga "pautar a anistia e o impeachment do Alexandre de Moraes, a coisa ficará ruim".
Filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo, que atualmente reside nos Estados Unidos (EUA), segue recebendo salário como deputado federal no Brasil, sem abrir mão do mandato, e tem se aproximado de figuras da extrema-direita americana. Segundo ele, o objetivo da pressão é internacionalizar a narrativa de que há “perseguição política” no Brasil contra o seu pai e aliados.
"O Trump tem um arsenal na mesa dele, e, pode ter certeza, ele não utilizou esse arsenal todo. Caso venha, talvez até hoje, quem sabe, Deus queira, a Lei Magnitsky contra o Alexandre de Moraes, esse vai ser só mais um capítulo dessa novela. Não será o último", ameaçou, mais uma vez, Eduardo Bolsonaro, na entrevista.
Nikolas também vira alvo
Durante o programa no YouTube, o deputado ainda citou outros nomes, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), sugerindo que ele também poderá ser alvo de "perseguições", caso não haja pressão externa sobre autoridades brasileiras.
"Na nossa percepção, é difícil que ele [Nikolas] não tenha a real dimensão do que está sendo tratado aqui nos EUA e que isso é vital para conseguirmos resgatar a democracia brasileira. Então, causa certa estranheza que ele tenha sido pouco ativo em levar essa mensagem adiante", ponderou. "Eu não acho o Nikolas uma pessoa mal-intencionada, mas eu achava que teria mais respaldo".

O que é a Lei Magnitsky?
A Lei Magnitsky é uma legislação criada originalmente nos Estados Unidos, em 2012, para punir autoridades estrangeiras envolvidas em graves violações de direitos humanos e atos de corrupção. O nome homenageia Sergei Magnitsky, advogado russo que morreu em 2009 após denunciar um esquema bilionário de corrupção envolvendo autoridades do governo da Rússia.
A norma permite que o governo dos EUA congele bens e negue vistos a pessoas acusadas de envolvimento em abusos como tortura, assassinatos extrajudiciais e repressão política. Posteriormente, a lei foi ampliada para o Global Magnitsky Act, com alcance mundial, sendo adotada também por outros países, como Canadá e Reino Unido.
A legislação ganhou destaque recente no Brasil após declarações do deputado Eduardo Bolsonaro, que afirmou tentar enquadrar políticos brasileiros na lei americana como forma de retaliação política.
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