ACERVO
Empréstimo de obras de Krajcberg tem respaldo legal, diz Ipac
Em entrevista ao programa Isso é Bahia, diretor-geral do órgão defendeu que estado tem legitimidade na ação
Por Daniel Brito
Em homenagem ao centenário do pintor, escultor, gravador e fotógrafo polonês Frans Krajcberg, falecido no ano de 2017, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) vai promover ações para dinamizar o acervo do artista que foi doado ao estado. As atividades vão ser realizadas entre 7 de maio e 31 de julho. A abertura da programação vai ficar a cargo de uma exposição histórica no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, em São Paulo.
Todo o procedimento de transporte das obras, que pertencem ao governo estadual desde 2009, quando foram doadas pelo artista, vai ser de responsabilidade do espaço cultural, seguindo as exigências do Ipac.
No entanto, moradores de Nova Viçosa e admiradores das obras foram pegos de surpresa com a retirada das peças do acervo do artista, que residiu no município. Ela está armazenada no Sítio Natura, antiga casa e ateliê do artista na cidade, e teve itens levados pelo órgão para a exposição. Em entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM (103.9) nesta quarta-feira, 27, o diretor-geral do Ipac, João Carlos de Oliveira, defendeu a legalidade da medida.
"O ato administrativo que está sendo feito agora é de salvaguarda. O ambiente de reserva de mata atlântica é nocivo à preservação dessas obras e caso elas fossem mantidas lá, sem esse processo que nós estamos fazendo agora, corria o risco iminente de perda e desaparecimento total", afirmou.
Oliveira reconheceu a possibilidade de acionamento da Justiça por parte do município de Nova Viçosa, mas reafirmou que o governo estadual tem legitimidade para requerer o patrimônio e que a ação teve amparo técnico. "Precisamos entender que existe o contraditório em qualquer ação de gestão. Quanto a essa possibilidade, é um direito administrativo dela. Agora, também é um ato de polícia do governo do estado e do órgão de patrimônio. Uma das coisas que as pessoas se assustam e não entendem é que boa parte da preservação do patrimônio cultural brasileiro foi feita a partir de atos de polícia, de força, um ato técnico de restauro", continuou.
Por fim, o diretor-geral citou a existência de interesses privados nas obras do polonês. "Existe um termo claro de cessão temporária de um acervo onde há um instrumento que detalha quais são as esculturas. Isso tem uma identificação, vai para um termo de cooperação, tem seguro para transportar essas obras e para além da preservação do acervo, essas polêmicas envolvem interesses privados. Por exemplo, 106 obras de Krajcberg que estão na exposição em São Paulo foram avaliadas em R$ 126 milhões. Além de tudo, o estado da Bahia está garantindo o seu direto de posse de um dos maiores patrimônios artísticos do mundo hoje. Temos toda a tranquilidade para fazer esse enfrentamento", declarou.
Assista à entrevista completa:
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