CASO GABRIEL
PMs envolvidos na ação que matou menino de 10 anos são afastados
Secretário Werner e familiares do garoto se reuniram na terça, na sede da SSP
Por Nicolas Melo
Os três policiais militares envolvidos na ação que resultou na morte de Gabriel Silva da Conceição Júnior, de 10 anos, no último domingo, 23, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, foram afastados das atividades nas ruas. A decisão foi divulgada na terça-feira, 25, após a família de Gabriel se reunir com o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner. Eles ouviram do próprio gestor que a primeira resposta dada foi o afastamento dos agentes.
"Tivemos uma primeira resposta que foi saber que os pms estão afastados. Isso já foi um começo. O secretário também disse que vai cobrar brevidade nas investigações, mas é como a gente disse para ele 'sabemos que tudo isso tem prazos, mas esperamos que não demore'. Ouvimos dele tudo que queríamos e sentimos o interesse dele em ajudar, mas espero que não tenha sido só teatro, pois queremos justiça por Gabriel", disse a avó da vítima, Selma Santana de Souza Silva, 51. Além da avó, estiveram também presentes a mãe de Gabriel, Samile de Souza Costa, o tio Rauan Souza, e a tia Noemia de Oliveira dos Santos, acompanhados por uma advogada. Após o encontro, a família prestou depoimento na 34ª Delegacia Territorial (DT) de Portão.
Selma reforçou o pedido de justiça e disse que vai lutar para que a história do neto não caia no esquecimento. Gabriel foi atingido pelo disparo na porta de casa, momentos após se sentar no passeio. A mãe do garoto disse ter visto a viatura da PM adentrar a localidade efetuando tiros. A versão da polícia é que houve confronto com homens armados na região.
"A gente não pode deixar parar, temos que confiar na justiça e eu disse [ao secretário] que, se a gente ver que tá demorando, vamos fazer o nosso movimento e vamos pressionar porque sabemos que a gente chega com essa dor e comove, mas depois de um tempo vai sumindo e as pessoas deixam de falar e cobrar", lamentou. "Então vamos cobrar até o final porque se tem justiça é para ser feita para podermos nos sentir um pouco aliviados", completou.
O corpo de Gabriel foi sepultado na segunda-feira, 24, quase que em simultâneo, uma manifestação se formou na BA-099, com bloqueio da Estrada do Coco, nos dois sentidos da rodovia, com a queima de pneus, galhos e outros materiais inflamáveis. A ação levou ao fechamento do comércio local, além do engarrafamento. O Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Militar informou que policiais militares da 52ª CIPM foram acionados às 16h, para acompanhar o protesto.
Horas depois, circularam vídeos nos grupos de mensagem com uma multidão correndo quando um grupo de policiais militares dispersou com disparos de bombas. Moradores relataram que, devido ao protesto, pessoas teriam se aproveitado da situação para roubar os motoristas. Não há informações sobre como começou a manobra da PM, mas segundo o DCS foram utilizados "artefatos de luz e som para conter vândalos encapuzados".
"Os manifestantes obstruíram as duas pistas da BA-099, sentido Salvador e Abrantes. A unidade solicitou apoio do Batalhão de Patrulhamento Tático Móvel (BPatamo) e da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Polo Industrial, que utilizaram artefatos de luz e som para conter vândalos encapuzados. Estes arremessaram pedras e bombas caseiras contra os policiais militares, bem como depredaram estabelecimentos comerciais e veículos", diz a nota da polícia.
Conforme Selma, o protesto não foi idealizado e nem promovido pela família de Gabriel, mas por moradores de Portão que teriam se indignado com a morte do garoto. "A gente não sabia desse protesto. Soubemos que estava tendo uma manifestação ainda quando estávamos no sepultamento. Quando voltamos para casa, até passamos por lá, agradecemos às pessoas e, até então, era um movimento ordeiro e pacífico. Depois fomos embora", contou.
"Mas, infelizmente, existem pessoas e pessoas. Assim como tem policiais bons e também os ruins, há pessoas que foram realmente para se aproveitar da situação, de uma ação promovida pela comunidade de Portão. Uma ação que, de certo modo, surtiu efeito porque se não fosse por eles, a gente não teria se reunido com secretário", completou Selma.
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