SALVADOR
Entidade que atende crianças e adultos com câncer passa dificuldade
Instituição busca se tornar uma referência no cuidado oncológico
Por Ian Peterson*
O Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer (NASPEC), que presta apoio integral a adolescentes, adultos e idosos carentes com câncer de municípios da Bahia, enfrenta dificuldades nos últimos tempos, com a redução nas doações, vitais para a continuidade dos serviços prestados.
A instituição busca se tornar uma referência no cuidado oncológico, promovendo a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento e mantém seus abrigados através da solidariedade de empresas e pessoas.
"A doação é algo que tem sido muito sacrificada", afirma Romilza Medrado, coordenadora do Naspec. Ela destaca que, embora o Núcleo promova uma série de eventos e ações para garantir a arrecadação de recursos, a falta de visibilidade nos canais de comunicação torna ainda mais desafiador alcançar as pessoas e obter o apoio necessário.
Os cuidados oferecidos pelo Núcleo incluem alimentação enteral, soro e curativos, além de atendimento por uma equipe multidisciplinar de psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e enfermeiros. “Não é de graça, então a gente precisa atender a demanda de pedidos dos profissionais para que esses cuidados paliativos realmente aconteçam”, ressalta Romilza.
O Núcleo conta com uma infraestrutura de 90 leitos em enfermarias, além de alojamentos separados para acompanhantes, refeitório, sala de entretenimento, copa, cozinha, salas de capacitações, artesanato, consultórios e uma lavanderia hospitalar. Todos os pacientes têm direito a um acompanhante, que também permanece hospedado na instituição enquanto durar o tratamento.
A diminuição das doações tem um impacto direto na qualidade do atendimento oferecido pelo Naspec, comprometendo o acesso dos pacientes a recursos essenciais. A coordenadora conta que essa redução afeta a capacidade de fornecer uma alimentação adequada, como a alimentação enteral, e de manter um estoque suficiente de material médico-hospitalar, crucial para tratar casos de cânceres tumorais que exigem cuidados intensivos. “O impacto negativo é não dar ao paciente o acesso a esses recursos”, afirma Romilza. “Temos uma lavanderia hospitalar que precisa ser mantida, é gasto grande, uma quantidade de energia enorme, de água. Os impactos chegam diretamente na qualidade ou na falta de qualidade do atendimento do paciente”, continua ela.
Ela contou também de todos os municípios que o Núcleo atende, apenas dois prestam algum tipo de ajuda à instituição. O que aumenta as dificuldades. “A gente pede para eles, por exemplo, material médico-hospitalar às vezes perde. Eles sabem que a gente usa muito dipirona, remédio para enjoo ou para o estômago. Damos um leque de opções, mas infelizmente eles não acreditam que o cidadão que sai do município também é responsabilidade deles”, expressa Romilza. Essas últimas falas se referem à lei Tratamento Fora do Domicílio, que garante ajuda de custo para pacientes do Sistema Único de Saúde SUS que precisam de tratamento fora de seu município. O TFD cobre despesas com transporte, alimentação e hospedagem para o paciente e seu acompanhante, desde que haja disponibilidade orçamentária no município ou estado responsável.
As informações sobre como realizar doações para o Núcleo estão disponíveis nas redes sociais da instituição, onde também são divulgadas as campanhas e ações em andamento.
*Sob supervisão do jornalista Luiz Lasserre
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