POSICIONAMENTO
São João sem forró? Secretário opina sobre domínio do arrocha na Bahia
Das dez atrações mais contratadas dos festejos de 2025 na Bahia, apenas três são de forró
Por Edvaldo Sales e Flávia Requião

O secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, falou sobre o domínio do arrocha nos festejos juninos do estado em 2025. Segundo o Painel de Transparência divulgado pelo Ministério Público (MPBA) no domingo, 1º, das dez atrações mais contratadas, apenas três — Batista Lima, Mastruz com Leite e Calcinha Preta — são de forró. As outras sete são do gênero que nasceu na Bahia.
Leia Também:
“O São João é uma festa que tem uma característica muito grande da nossa identidade cultural. A cultura nordestina tem um espaço de muito protagonismo e as pessoas esperam muito por isso. Mas nós sabemos também que os festejos juninos cada vez mais ganham mais adeptos, ganham mais dias de festas, e as pessoas têm procurado também mais diversidade musical”, disse Bruno ao ser questionado pelo Portal A TARDE nesta quarta-feira, 4, durante a assinatura de convênios com organizações da sociedade civil selecionadas pelo edital do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad).
O gestor pontuou que a cultura é democrática, mas é importante não descaracterizar a tradição. “Ao mesmo tempo que nós devemos pensar em formas de abrir espaços para outros ritmos, contemplando a diversidade pública, a gente não pode nunca descaracterizar uma tradição como são os festejos juninos, que tem o forró, que tem o trio nordestino e tem as quadrilhas juninas como uma marca tão importante”, ressaltou.
Para o secretário, a cultura é sempre algo em construção, “nunca é um processo fechado”.
Eu jamais vou defender qualquer tipo de restrição. Sempre cabe formas de acolhermos mais, mas nunca descaracterizando um festejo que é tão tradicional e tão caro para a nossa cultura como é o festejo junino. Acho que a gente sempre deve buscar o equilíbrio.

Forró vai virar Patrimônio Cultural da Humanidade?
Na ocasião, Bruno Monteiro citou a discussão sobre o forró se tornar um Patrimônio Cultural da Humanidade. O chefe da pasta contou que se reuniu com o cantor Del Feliz e com o Fórum Baiano de Forró recentemente para tratar do assunto.
“Nós já tivemos reuniões com o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], haverá reuniões com a Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura] em Paris, em que os secretários do nordeste participarão”, revelou.
Monteiro destacou que estão sendo buscadas formas de valorizar o forró. “Eu não quero nunca trabalhar de uma forma de exclusão, que para uma crescer a outra tem que reduzir. Eu quero buscar a forma sempre de nós valorizarmos uma identidade cultural como é o forró. Ele tem o seu espaço, ele tem o seu público e ele merece ser valorizado porque faz parte da construção essencial da nossa identidade”, enfatizou.
De acordo com o secretário, existe um diálogo com as prefeituras para que sejam feitas contratações que valorizem a cultura do forró. Por fim, ele destacou que a expectativa é que sejam injetados R$ 2 bilhões na economia baiana. “É o poder da cultura de gerar emprego, renda e desenvolvimento”, finalizou.
Ranking das contratações
O ranking das atrações mais contratadas dos festejos juninos de 2025, segundo o Painel do MPBA, é liderado pela banda Toque Dez, que vai fazer 39 shows e vai faturar R$ 11,2 milhões. Na sequência vem: Tayrone, com 23 shows (R$ 6,5 milhões); e Devinho Novaes, com 22 apresentações (R$ 4,5 milhões).
Veja o Top 10 e o faturamento:
- Toque Dez - 39 (R$ 11,2 milhões)
- Tayrone - 23 (R$ 6,5 milhões)
- Devinho Novaes - 22 (R$ 4,5 milhões)
- Batista Lima - 19 (R$ 3,4 mil)
- Silfarley - 19 (R$ 3,5 milhões)
- Mastruz com Leite - 17 (R$ 3,8 milhões)
- Unha Pintada - 17 (R$ 5,6 milhões)
- Natanzinho Lima - 16 (R$ 9 milhões)
- Thiago Aquino - 16 (R$ 4,4 milhões)
- Calcinha Preta - 14 (R$ 6,8 milhões)
Cenário que se repete
Em 2024, o cenário foi parecido — porém mais equilibrado —, com Toque Dez em primeiro lugar, com 44 shows na Bahia e faturamento de R$ 7 milhões. Ou seja, a banda aumentou o lucro em R$ 4,2 milhões em um ano.
Devinho Novaes ficou em segundo, com 39 apresentações. Logo depois veio: Heitor Costa (34), Mastruz com Leite (29), Tayrone (29), Iguinho e Lulinha (28), Calcinha Preta (25), Tarcisio do Acordeon (24), Vitor Fernandes (23) e Pablo (22).
Ou seja, cinco de arrocha e cinco de forró.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes