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SAÚDE

Aumento de infartos em jovens está relacionado ao estilo de vida

Dor no peito, falta de ar, palpitações, desconforto muscular e rigidez não devem ser ignorados

Por Ana Cristina Pereira

23/06/2025 - 9:10 h
Taís Sarmento, médica cardiologista
Taís Sarmento, médica cardiologista -

A tendência de aumento de infartos entre pessoas jovens vememuma crescente na última década e tem preocupado os especialistas. Segundo dados do Ministério da Saúde, as internações de pessoas abaixo de 40 anos em decorrência de infarto passaram de 1,7 casos por 100 mil habitantes em 2000 para quase 5 em 2022, um aumento de 184%.

Morte súbita

E mesmo que alguns casos de infarto e morte súbita tenham sido registrados durante a prática de atividade física, os médicos reiteram que ela não é a vilã. Muito pelo contrário. “O exercício físico feito de forma segura, progressiva e supervisionada reduz o índice e os riscos de doenças cardiovasculares”, afirma a cardiologista Taís Sarmento, para quem o aumento desses índices entre jovens podem ser explicados pela mudança do estilo de vida e perfil de saúde.

Uso de anabolizantes, energéticos e drogas para ganho de performance aumentam risco de infarto

As novas gerações estãomais sedentárias, obesas, estressadas e fazendou ma alimentação de má qualidade. “A gente tem visto muitos pacientes usando várias substâncias anabolizantes, altas concentraçõesde energéticos, drogas associadas para o ganho de performance, e isso pode estar aumentando a incidência dessas doenças”, completa.

Taís Sarmento, médica cardiologista
Taís Sarmento, médica cardiologista | Foto: Divulgação

A médica também chama atenção para a demora no diagnóstico, já que muitas pessoas, sobretudo os mais novos, desconhecem que possuem problemas como hipertensão, diabetes ou alterações estruturais cardíacas. E começam a fazer atividades físicas que exigem esforço sem passar por uma avaliação. Ela cita doenças silenciosas como as cardiomiopatias hipertróficas, alguns casos de miocardite e doenças arrítmicas hereditárias que também podem se manifestar durante o esforço físico.

Especialistas alertam para sinais de exaustão por exercício físico

Uma triste coincidência cruzou os caminhos dos atletas amadores Carolina Lemes de Oliveira, de 30 anos, e João Gabriel Hofstatter, de 20anos. No último dia 7,ambos sofreram um mal súbito, respectivamente em Goiânia e Porto Alegre, durante uma corridade rua. Além do impacto, a morte dos dois jovens voltou a colocar os cuidados durante a prática esportiva em foco. Na capital gaúcha, o vereador Moisés Barboza protocolou um Projeto de Lei que, se for aprovado, exigirá atestado para todo mundo que for participar de uma maratona.

Mas, independente dos desdobramentos, as fatalidades só reforçam a necessidade do cumprimento das orientações básicas que médicos e especialistas da área costumam recomendar antes do início de uma atividade física: passar por uma avaliação com um profissional de saúde e respeitar os limites do próprio corpo.

Principalmente para quem é sedentário, como alerta a médica Taís Sarmento, coordenadora de cardiologia do Hospital da Bahia.

“Sair do sedentarismo é uma das melhores decisões que uma pessoa pode tomar a favor da própria saúde, mas isso deve ser feito com responsabilidade”, afirma Taís, que aconselha uma atividade com tempo e intensidade menores para os iniciantes, com aumento progressivo depois que o corpo se acostumar e o condicionamento físico melhorar.

Ela diz que vinte minutos, três vezes por semana ,já servem para começar, seja caminhando, dançando ou andando de bicicleta, por exemplo. Tomada a decisão, o próximo passo é passar por um médico que, com uma boa anamnese, poderá descartar riscos ou pedir exames mais específicos como teste de esforço, eletrocardiograma e ecocardiograma, para detectar doenças prévias e silenciosas, como as arritmias, tão perigosas para o coração.

“Outra coisa importante para quem está começando é ficar atento ao corpo, a sinais como falta de ar, dor no peito, tontura, sensação de desmaio e palpitação, que não devem ser ignorados”, exemplifica Taís.

Nestes casos, mesmo que a pessoa tenha ido ao cardiologista, deve interromper os exercícios e fazer uma nova avaliação cardiológica.

Treino com orientação

Especializado em traumatologia do esporte, o ortopedista Thiago Alvim destaca a importância do acompanhamento de um profissional de educação física. “Mais do que estrutura e equipamentos modernos, o mais importante na hora de escolher uma academia é garantir que ela ofereça acompanhamento profissional qualificado”, diz o médico, acrescentando que, ao orientar os treinos de forma correta, estes profissionais são fundamentais para a segurança, prevenção de lesões e alcance dos melhores resultados.

De acordo com o médico, as lesões mais comuns em quem pratica atividade física, especialmente nos iniciantes, são as musculares, tendinites e dores nas articulações. E para evitá-las, é preciso investir no fortalecimento muscular, exercícios de mobilidade e, principalmente, obedecer os limites e não não pular etapas, querendo aumentar a carga, intensidade ou volume de forma muito rápida.

"São dores persistentes nas articulações, desconforto muscular que não melhora com o descanso, perda de desempenho, rigidez, sensação de peso nas pernas e pequenos desconfortos que começam a se repetir nos mesmos locais”, detalha o ortopedista.

Dr. Thiago Alvim, ortopedista.
Dr. Thiago Alvim, ortopedista. | Foto: Divulgação

Ignorar esses sinais, completa, pode levar a sobrecarga e lesões, como tendinites, estiramentos e fraturas por estresse. “Quando eles aparecem,é fundamental reduzir a intensidade, descansar e, se necessário, procurar orientação médica”.

Para quem está querendo começar a correr, a dica dele é progredir de forma gradual, alternando caminhada e corrida nas primeiras semanas. Já os que correm com regularidade devem priorizar o fortalecimento muscular, principalmente das pernas, para proteger joelhos, quadris e tornozelos. “Também é essencial escolher um tênis adequado. E, acima de tudo, ter o acompanhamento de um profissional de educação física, que vai orientar na montagem destreino de forma segura e eficiente, ajudando prevenção de lesões e na melhora do desempenho", pontua.

Estilo de vida

Do consultório do médico Gabriel Mendes da Silva Oliveira, todo paciente sai com uma orientação para se exercitar. Ele inicia a conversa dizendo que atividade física é indicada para todos, ainda que o tipo e a intensidade varie de acordo com as condições e o foco de cada um. “Atividade física é como uma medicação, só temos que ver a dose certa”, compro médico, cujo trabalho é focado em emagrecimento e performance.

Procurado por muitas pessoas que querem perder peso, ele diz que a indicação de exercícios dependerá, por exemplo, da idade, nível de atividades físicas, existência de doenças pré-existentes, como hipertensão e diabetes, ou limitações físicas. “Para algumas pessoas, uma caminhada ao ar livre e um treino em casa podem ser mais indicados do que musculação na academia”, observa o médico.

No final das contas, pontua Gabriel, todos buscamos ter uma melhor performance, seja conseguir um corpo mais ágil, se livrar da fadiga constante, envelhecer bem ou ganhar músculos e mais rendimento nos exercícios. Muitos fatores vão contribuir para a performance, a exemplo da alimentação equilibrada e da boa hidratação. Ele explica que as cãimbras têm muito a ver com a falta de água no organismo e podem acabar lesionando o músculo.

Medico Gabriel Mendes da Silva Oliveira
Medico Gabriel Mendes da Silva Oliveira | Foto: Divulgação

E como cada caso é um caso, literalmente, é preciso ter em foco outras questões, como a grande perda de massa muscular naquelas que passam por dietas severas ou fazemuso demedicações emagrecedoras.Omédicoexplica que a avaliação pode incluir teste de esforço e bioimpedância, o exame que avalia a nossa composição corporal. E, nos casos necessários, faz a recomendação de utilização de suplementos e bioativos injetáveis.

Paciente de Gabriel, o instrutor de artes marciais Henrick Marinho conta que procurou médico para melhorar a sua performance. Aos 43 anos, ele tem uma rotina puxada de exercícios, próxima a de um atleta. “Sempre falo para os alunos terem paciência e não quererem dar passo maior que a perna, pois não se trata só de fazer academia, é preciso turboalimentação, estar em equilíbrio com os hormônios e vitaminas e cuidar do sono, que é o grande reparador”, reforça.

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Tags:

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