SAÚDE
Bahia registra mais de 31 mil mortes por infarto em 5 anos
Especialista explica fatores de risco das doenças cardiovasculares e os exames preventivos que podem ser feitos
Por Isabela Cardoso
Entre janeiro de 2019 e junho de 2024, a Bahia registrou 48.440 internações por infarto agudo do miocárdio, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). O número de mortes atribuídas à doença atingiu 31.398 desde 2019 até 29 de agosto deste ano, o que traz um cenário de atenção para o diagnóstico precoce e preciso, além dos cuidados preventivos na saúde.
Houve um aumento de 25% nas internações por infarto no Brasil nos últimos seis anos, segundo dados do DATASUS. Em entrevista ao Portal A TARDE, a médica cardiologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Kátia Martins, explica que a pandemia pode ter influenciado nesse número.
“A gente está observando dois fatores pós pandemia. Provavelmente as pessoas mais sedentárias ficaram em casa confinadas, sem fazer exercício, a população também envelhecida, fora hábitos de vida não saudáveis, podem ter justificado esse aumento no número de internações”, disse.
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De acordo com a cardiologista, a faixa etária recomendada para a realização de um check up anual em pacientes sem sintomas ou histórico familiar é de 40 anos para homens e 45 para mulheres.
“Caso tenha histórico familiar, componente de primeiro grau, um pai, uma avó que teve doença cardiovascular, essa avaliação deve ser antes dos 40 anos, a partir dos 30 já deve avaliar. podendo ser a partir dos trinta anos a gente já é avaliado”, pontuou.
Segundo a médica, existem fatores de risco que podem ou não ser modificados. A idade avançada, o sexo masculino e a raça negra são as principais causas que não podem ser alteradas e possuem tendência a um risco cardiovascular aumentado.
“O que a gente pode mudar são os fatores de hipertensão, diabetes, colesterol alto, sedentarismo, obesidade, sono ruim, alimentação ruim. Então, se você tem um paciente hipertenso, ele será aconselhado a cuidar da hipertensão arterial, desde uma dieta saudável, com pouco sal, pouco açúcar, pouca gordura saturada, evitar alimentos ultraprocessados, preferir peixes, vegetais, carne vermelha com moderação, e muitas fibras. Fora isso, fez a avaliação com o cardiologista, tem que usar o remédio regularmente. A aderência ao tratamento é importante, a gente sabe que um paciente que é hipertenso e usa o remédio corretamente, diminui o risco de ter uma doença cardiovascular como infarto, aneurisma, AVC, dissecção da aorta", descreve.
Os pacientes com diabetes têm um risco três vezes maior de eventos cardiovasculares, complementa a Dra. Kátia. Além disso, o tabagismo é a doença que chama atenção dos cardiologistas nessa prevenção.
“O tabagismo aumenta três vezes o risco em homem e seis vezes em mulher. Quando associado com diabetes, hipertensão ou colesterol alto, triplica, fica parecendo nitroglicerina. Então, se você fuma e tem outros fatores, a possibilidade de ter eventos cardíacos é mais de 40%, só não sabe quando vai ter. É largar ou largar, não tem como a gente negociar’’, comenta.
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Quais exames indicados?
A especialista explica que uma das formas de verificar a saúde do coração é por meio de exames de imagem, a exemplo do ecocardiograma.
“O ecocardiograma é um tipo de exame ultrassonográfico que permite determinar o tamanho do coração, avalia a força com que ele está batendo, o funcionamento das suas valvas, dentre outras informações, auxiliando no diagnóstico e tratamento precoce de várias doenças cardíacas. Esta análise é feita em tempo real e os resultados são liberados imediatamente ao médico assistente”, destaca a especialista.
Ela acrescenta que o exame é indicado para qualquer situação que haja suspeita de doença cardíaca ou com a confirmação dela, assim como para prevenção primária em indivíduos com fatores de risco para doenças cardíacas, como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e infarto precoce na família. Também deve ser realizado rotineiramente durante quimioterapia ou radioterapia e na vigência de doenças sistêmicas que possam acometer o coração.
‘’O paciente que chega para o ecocardiograma pode ir para uma avaliação funcional, como uma atividade física, correr ou entrar na academia. Esse ecocardiograma vai ser para avaliar se você tem algum defeito congênito, se tem alguma alteração estrutural no coração, alguma alteração valvular, se você vem com o coração crescido ou frágil. Esse exame é bom para avaliar a parte estrutural do coração, é um ultrassom que vai mostrar quanto de volume esse coração está injetando, quanto está trabalhando, como é que está o peso dele’’, ressalta.
O ecocardiograma permite diagnosticar doenças valvares, como estenoses ou insuficiências, doenças do músculo cardíaco que cursam com o aumento do coração e queda da função ventricular (miocardiopatias), hipertrofias ou infiltração do músculo, doenças congênitas, cicatrizes de infarto do miocárdio, aneurismas ou dissecções de aorta, trombos ou tumores cardíacos, entre outras patologias, algumas assintomáticas ou sem sinais clínicos evidentes.
O tipo mais comum é o ecocardiograma transtorácico, que é um procedimento não invasivo. “Neste tipo, o exame é realizado colocando o aparelho de ultrassom em contato com o tórax do paciente para avaliar as estruturas e o funcionamento do coração”, detalha a médica.
Ela esclarece que existem outras modalidades para situações específicas, como o ecocardiograma transesofágico e o ecocardiograma sob estresse. “No primeiro, o exame é realizado como se fosse uma endoscopia. Normalmente, o paciente é submetido a uma sedação leve e uma sonda é passada pela boca até o esôfago, de forma que é possível avaliar o coração bem de perto e mais detalhadamente”, informa.
A realização de um ecocardiograma deve sempre ser precedida por uma avaliação médica detalhada. A cardiologista enfatiza a importância de realizar esses exames como parte de um acompanhamento regular da saúde cardiovascular, especialmente para indivíduos com histórico de doenças cardíacas.
A cardiologista destacou também orientações necessárias para melhorar a qualidade de vida e reduzir riscos futuros, envolvendo o sono e exercícios. Além disso, ela enfatizou a prática regular de atividade física não só para combate da hipertensão, mas também para contribuir significativamente na saúde vascular a longo prazo.
‘’Investir na qualidade do sono, evitar o celular, o computador antes de dormir, pelo menos uma hora antes, diminuir as luzes do quarto que você possa ter um melhor nível de melatonina sérica. Se ronca, se tem apneia do sono, tem que procurar um especialista para resolver esse problema. Isso vai reduzir os riscos ao longo da vida, investindo no hoje. Quando você faz atividade física, você melhora a hipertensão, você está investindo na sua saúde vascular do futuro é importantíssimo’’, pontua a Dra. Kátia.
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