SAÚDE
Dia do Homem reforça importância da realização do check-up anual
Confira coluna Ciência e Vida desta segunda
Por Ana Cristina Pereira

Não é só sobre saúde, mas os cuidados ou a falta deles nessa área mobilizam as atenções em torno do Dia do Homem, celebrado anualmente em 15 de julho.
Os homens se preocupam menos com a saúde, não costumam fazer consultas preventivas e têm medo de descobrir alguma doença séria.
Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) sobre a percepção masculina sobre a saúde mostrou que apenas 32% dos acima de 40 anos se consideram muito preocupados, e que 46% só vão ao médico quando sentem algo.
Esse número aumenta para 58% quando o homem utiliza apenas o SUS.
Mudar esse cenário é um desafio e campanhas como o Dia do Homem e o Novembro Azul, que alertam para a importância dos cuidados preventivos e de como eles impactam no diagnóstico e no tratamento, têm ajudado a furar a bolha.
“Sou otimista, pois tenho visto muito mais homens procurando o médico, seja por iniciativa própria ou incentivado pela família”, afirma o cirurgião e professor Lucas Batista, que coordena o serviço de urologia dos hospitais das Clínicas e Cardiopulmonar, e também é professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Com a experiência de quem está na formação de futuros médicos e na condução de cirurgias de ponta, o especialista observa que continua preponderante o fato dos homens passarem muito tempo sem ir ao médico – com um grande hiato entre o fim da infância e a idade adulta.
“Muitos só aparecem quando têm algum problema, já com sintomas”, reforça Lucas, acrescentando que é preciso ficar alerta e vencer barreiras e preconceitos.
Em uma área onde a vergonha e o tabu do exame do toque retal causam ainda muitos problemas, ele vê com confiança a presença de mais mulheres na residência médica em urologia e nos consultórios.
“No passado, esse paradigma de que homens não ficariam à vontade para falar de patologias nesta área com mulheres era muito forte, mas atualmente já vemos uma grande mudança e homens escolhendo ser consultados por mulheres”, aponta.
A consulta anual com o urologista não aparece por acaso como uma das mais importantes para a saúde masculina.
Ela é fundamental para cuidar das doenças do aparelho urinário, como infecções e cálculos, das disfunções sexuais e prevenir os tipos de câncer que mais acometem o homem, como próstata, rim e bexiga, sobretudo o primeiro, que é o mais comum na população masculina, depois do câncer de pele.
Segundo o doutor Lucas, sintomas como necessidade frequente de urinar, diminuição do jato e sensação de bexiga cheia não devem ser encarados como consequências do envelhecimento e negligenciados.
Na maior parte dos casos, eles estão relacionados à hiperplasia benigna da próstata, popularmente conhecida como aumento da próstata.
Ela é mais comum que o câncer e vai atingir 60% dos homens com mais de 60 anos, impactando muito na qualidade de vida”
Primeiro mundo
Pioneiro na realização de cirurgia robótica na Bahia, o médico destaca que a tecnologia tem sido usada na área urológica com grandes avanços, possibilitando procedimentos menos invasivos e com recuperação mais rápida do paciente.
“Nos casos de próstata há uma possibilidade de recuperação de 24h a 48h, e retorno precoce às atividades rotineiras”, afirma o urologista, acrescentando que a cirurgia robótica também diminui os riscos do paciente apresentar incontinência urinária e disfunção erétil depois do procedimento.
Voltar para casa rápido e bem era a expectativa do aposentado Ovídio de Souza Teixeira, que realizou uma cirurgia para retirar um tumor da próstata na última quarta-feira.
Aos 70 anos, seu Ovídio conseguiu fazer a cirurgia a laser pelo SUS, no Hospital Municipal do Homem (HMH), localizado no Monte Serrat — única unidade pública do estado que realiza o procedimento a laser.
Na quinta, quando conversamos, ela já se preparava para a alta.
“Estou me sentindo muito bem e também estou bastante emocionado”, disse o paciente, que tem uma longa história com o local, onde nasceu, ainda nos tempos do Hospital Sagrada Família.
Há dois anos, ele passou por cirurgias de vesícula e hérnia também na unidade, agora administrada pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).
Ovídio comentou que chegou a fazer os primeiros exames particulares, mas que não teria condições de completar o tratamento. “Foi um atendimento de primeiro mundo”, brincou.
O Hospital do Homem recebe pacientes através do Sistema Vida – vindo das Unidades Básicas de Saúde e prefeituras-bairro, além da regulação cirúrgica.
Completando um ano de atividades, a unidade não é exclusiva, mas colocou o público masculino em primeiro plano.
Nesse período, foram realizados mais de 40 mil atendimentos ambulatoriais, 6,8 mil cirurgias e mais de 76 mil diagnósticos de ultrassonografias, urofluxometrias, endoscopias e colonoscopias, entre outros.
“Nossa avaliação deste primeiro ano é muito positiva, principalmente em relação ao atendimento aos pacientes que ficavam esperando nas UPAs”, afirma a diretora Érica Razoni, que destaca a área vascular, na qual conseguiram zerar a fila municipal.
O hospital atende pacientes a partir dos 16 anos, mas o perfil principal é de homens a partir dos 40 anos, quando começam a aparecer as patologias urológicas, outro foco da unidade.
“Infelizmente, o homem, por uma questão cultural, previne pouco e vai pouco ao médico. Muitos sequer sabem qual é sua pressão arterial, sua glicemia e seu colesterol”, lamenta o cirurgião André Araújo, diretor técnico do HMH.
Ele afirma que manter as três taxas controladas e melhorar o estilo de vida vão prevenir doenças cardiológicas e vasculares, como a oclusão periférica das artérias — responsável pela amputação de membros.
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