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TAXA DE MORTALIDADE CRESCENTE

Especialistas revelam novos métodos de atenção primária para o câncer

Segundo revista científica especializada, mais de 300 mil óbitos pela doença devem ocorrer entre 2026 e 2030

Por Isabela Cardoso, de Brasília*

11/05/2023 - 9:40 h | Atualizada em 12/05/2023 - 18:43
No país, casos de câncer de pulmão, por exemplo, mostram resultados com uma redução nos homens e um ligeiro aumento nas mulheres
No país, casos de câncer de pulmão, por exemplo, mostram resultados com uma redução nos homens e um ligeiro aumento nas mulheres -

O câncer é a segunda maior causa de mortes por problemas de saúde no Brasil, depois das doenças cardiovasculares, e deve se tornar a primeira até 2030, de acordo com especialistas. Segundo a revista científica Frontiers in Oncology, cerca de 355.305 óbitos pelo câncer devem ocorrer no país, entre 2026 e 2030, sendo 73.821 no Nordeste (20,8% do total), 27.495 (7,7%) no Centro-Oeste e 165.484 no Sudeste (46,5%).

Embora no Brasil esteja prevista uma diminuição de mortalidade para quase todos os tipos de câncer, comparando os períodos de 2011-2015 e 2026-2030, esta redução é inferior à meta de um terço ou 33% na mortalidade pela doença definida pela Organização das Nações Unidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

No país, casos de câncer de pulmão, por exemplo, mostram resultados de redução nos homens e um ligeiro aumento nas mulheres, com tendências crescentes nos últimos períodos previstos. A previsão é de que mais mulheres morrerão de câncer de pulmão no Nordeste (+9,23%) e no Centro-Oeste (+10,77%).

Segundo o estudo, essas duas regiões também terão aumento de mortes por câncer de mama: Nordeste +7,7% e Centro-Oeste +13,08%. Já no Sudeste, o índice é invertido, onde haverá redução de 13% em ambos os tipos de câncer entre as mulheres.

Em relação ao câncer de bexiga, como outro exemplo, a taxa de mortalidade intra-hospitalar é de 14,8%. O chefe do Grupo de Uro-Oncologia da FMBAC, Dr. Fernando Korkes, explica que foi necessário fazer um estudo aprofundado para entender o quantitativo de mortes pela doença.

“Por se tratar de uma população mais frágil, é um tratamento associado a um índice bastante alto de complicações e de mortalidade. As complicações chegam a 80% em centros de excelência. Faz parte do tratamento lidar com adversidades. A gente começou a estudar para ver o que é morrer muito e o que não é, nesse tipo situação”, descreve.

Entre os fatores associados à mortalidade do câncer de bexiga estão o estágio avançado, a condição clínica do paciente e as rotinas de serviço, além de características da cirurgia. Fernando Korkes destaca que, através dos estudos realizados, foi possível buscar novas formas de sucesso nos tratamentos.

Em relação ao câncer de bexiga, como outro exemplo, a taxa de mortalidade intra-hospitalar é de 14,8%
Em relação ao câncer de bexiga, como outro exemplo, a taxa de mortalidade intra-hospitalar é de 14,8% | Foto: Isabela Cardoso | Ag. A TARDE

"Para esses tumores volumosos que chegam, a gente tem a oportunidade de fazer uma quimioterapia neoadjuvante, passamos a usar outras vias de contato para tentar diminuir o tempo no SUS e conseguir, em poucos dias, que esses pacientes passassem por essa quimio. Durante esse período, a gente tem a oportunidade de melhorar as condições clínicas deles”, detalha.

O câncer de colo de útero é o terceiro tipo mais incidente nas mulheres brasileiras, sendo mais de 17 mil casos por ano. As mortes aumentaram 32% entre 2012 e 2020, apesar de mais de 95% dos óbitos pela doença serem evitáveis.

O exame do papanicolau é o principal método de rastreamento da doença, mas houve uma redução de 67% na coleta de material do colo de útero para exame citopatológico. O co-fundador e diretor-executivo da ImpulsoGov, João Abreu, explica que este exame está previsto como uma das prioridades na atenção primária do país.

“Existe uma meta que é realizar esse exame, neste momento, em 40% na população alvo, que são mulheres de 25 a 64 anos de idade. O Ministério da Saúde criou um programa chamado ‘Previne Brasil’, com algumas metas para atenção primária. Uma delas, relacionada ao câncer, é a prevenção do câncer de colo de útero por meio da detecção precoce”, ressalta.

Em relação aos municípios brasileiros, 83% deles não conseguem cumprir a meta de ter 40% das mulheres nessa faixa etária com, pelo menos, uma coleta de citopatológico nos últimos 3 anos.

Segundo João Abreu, a meta não consegue ser cumprida por fatores como: dificuldade de captar todas as mulheres na faixa etária aplicável; erro no registro de dado; fluxo de atendimento dispendioso; insumos (lâmina, consultório adequado, profissional); cultura “só se for com ginecologista”.

A ImpulsoGov tem como missão impulsionar o uso inteligente de dados e tecnologia no SUS para que todas as pessoas no Brasil tenham acesso a serviços de saúde de qualidade. Com isso, a empresa criou uma plataforma aberta e gratuita, a “Impulso Previne”, que centraliza análises e visualizações da atenção primária.

A ferramenta contém os resultados dos indicadores (incluindo citopatológico), histórico do indicador, recomendações para melhorias e informações sobre cadastros. Além disso, a empresa também criou um "piloto", um contato direto via Whatsapp, para mulheres cadastradas que precisam realizar o exame citopatológico.

*Repórter viajou a convite da Roche Farma Brasil para o 13º Fórum Nacional Oncoguia

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Tags:

Câncer mortalidade tratamento

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