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Já ouviu falar em controle do tabagismo? saiba como ele previne câncer
‘Agosto Branco’ visa alertar para a prevenção à grave doença, confundida com enfermidades respiratórias
Por Madson Souza
Após um resfriado em 2015, a aposentada Iane Cardim, hoje com 55 anos, passou a ter uma tosse insistente e dores na costela. Fumante de dois maços de cigarro por dia, ela visitou otorrinos, pneumologistas e gastroenterologistas, enquanto os sintomas avançavam e a situação piorava. Até que uma oncologista fez o diagnóstico: câncer de pulmão. O agosto branco visa chamar atenção para o combate dessa doença silenciosa, que muitas vezes é confundida com enfermidades respiratórias, e tem como principal fator de risco o tabagismo.
Tosse seca e persistente, falta de ar, rouquidão são alguns dos sintomas do câncer de pulmão. “Você pode reduzir em torno de 20% a 25% a mortalidade por câncer de pulmão se ele for diagnosticado numa etapa precoce e for tratado cirurgicamente”, afirma a oncologista Clarissa Mathias, líder do Câncer Center HSI Oncoclínicas.
Apenas em 2024, devem ser registrados mais de 32 mil novos casos da doença no país, conforme estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A expectativa é de pelo menos 6.500 diagnósticos no Nordeste. Na Bahia, são esperados 1.360 casos.
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“Atualmente, a recomendação de rastreamento é na população de alto risco. Pacientes que fumam ou já fumaram até 15 anos antes, com uma carga tabágica equivalente a 20 anos fumando um maço por dia, devem ser submetidos a uma tomografia de baixa dosagem. Ainda não há recomendação de rastreamento na população geral”, explica a oncologista clínica Samira Mascarenhas, diretora do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBTO) e titular do Oncologia D'Or.
O combate ao tabagismo também é uma forma de prevenção. Fumante desde os 13 anos, há 9 anos o aposentado José Raimundo Nunes, 60 anos, parou de fumar. “Uma vizinha me perguntou se queria ir ao Programa Municipal de Controle do Tabagismo (PMCT). Na primeira semana, ainda estava fumando, mas da segunda em diante nunca mais. Quem me ajudou primeiro foi Deus, depois minha força de vontade e a equipe maravilhosa do programa”, conta.
Ontem, ele voltou ao local em que fez o programa em 2015, a Unidade de Saúde da Família (USF) Jaqueira do Carneiro, no Largo do Retiro, para contar sua história para pessoas que estão tentando parar de fumar. “Tem que ter força de vontade. Se for para lá só ouvir a palestra, não vai adiantar nada”, afirma.
Foi ampliado de 20 para 46 o número de postos que oferecem o PMCT, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Cerca de 500 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) são beneficiados atualmente e a expectativa é que até o fim do ano 80 postos executem a iniciativa. Os interessados em participar só precisam procurar uma unidade com PMCT em posse do documento de identificação (RG) e Cartão SUS.
Outros fatores
Porém, o cigarro não é o único fator responsável pelo câncer de pulmão. Exposição ao gás radônio, fumo passivo, poluição do ar, exposição ocupacional, fatores genéticos, doenças pulmonares prévias e uso de cigarros eletrônicos (Vape) são outros fatores de risco para não fumantes, conforme o GBOT.
A projeção é de algo entre 272 a 340 registros de não fumantes com câncer de pulmão este ano na Bahia, segundo o GBOT. Fumante dos 18 aos 46 - idade em que recebeu o diagnóstico e parou de fumar - Iane Cardim, hoje, se trata com a imunoterapia, que é uma combinação de medicamentos biológicos.
“Vou fazer tratamento pro resto da vida, mas hoje vivo com qualidade de vida. Me cuido, faço meu tratamento e atividade física. Minha relação com o cigarro, hoje, é tentar desestigmatizar essa coisa de câncer de pulmão. Você diz que tem câncer de pulmão e a primeira pergunta que vem é: quantos cigarros você fumava?”, conta.
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