SAÚDE
Janeiro Verde: saiba como prevenir o câncer de colo no útero e o HPV
Bahia lidera como estado da região Nordeste no número de novos casos de câncer no colo do útero
Por Azure Araujo
Janeiro Verde é o mês de conscientização e prevenção do câncer de colo no útero, uma doença que é a terceira causa mais comum de tumores na região do colo uterino no Brasil, e que registra cerca de 17 mil novos por ano no país. Já na Bahia, no triênio de 2023 a 2025 são estimados 1.160 novos casos e 240 em Salvador, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Com esses dados, a Bahia lidera como estado da região Nordeste o número de novos casos de câncer no colo do útero. De acordo com a Sociedade Internacional de Câncer Ginecológico, aproximadamente 99% de tumores de colo uterino está relacionado ao HPV (Papilomavírus Humano), uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), que pode ser prevenida com vacina, a depender do tipo do HPV.
Entre as maiores incidências de câncer no colo do útero se relacionam aos tipos 16 e 18 que totalizam em média 70% dos casos considerados de alto risco. Segundo a Dra. Nilma Antas Neves, vice-presidente da Comissão Nacional da Vacinas da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, “as vacinas são o modo de prevenção primária, são muito importantes. No Sistema único de Saúde (SUS) existe a vacina quadrivalente, que é uma vacina que protege para os tipos 6 e 11, causadores das verrugas genitais e os tipos 16 e 18, que é responsável pelas lesões pré-cancerosas e o câncer de colo de útero”.
Atualmente, a vacina quadrivalente tem um esquema de duas doses e é disponibilizada no SUS para crianças entre os 9 e 14 anos. Ainda de acordo com a ginecologista, “em algumas cidades e estados, estão conseguindo vacinar até os 19 anos, mas isso pode ter uma variação no Brasil, mas já estão vacinando meninos e meninas até 19 anos com apenas uma dose”. Usuários e usuárias da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), também têm direito ao esquema vacinal contra o HPV, por meio do SUS.
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Outra vacina disponível, mas de forma privada, é a nonavalente. “Amplia a proteção contra a infecção, contra o câncer, e lesões pré-malignas relacionadas ao vírus, em relação à vacina quadrivalente, de 70% para 90% no que se refere ao câncer de colo no útero”, explica Marcella Salvadori, oncologista clínica com foco em tumores ginecológicos.
Na proteção secundária, a ginecologista Nilma Neves, alerta para a realização de exames preventivos, citologia, teste de DNA, HPV, coposcopia e biópsia. “É importante que todas as mulheres fiquem atentas que todos os anos elas devem ir ao médico, ginecologista, ou da família para fazer um exame local”, comenta a médica, que também aponta para a necessidade de conversa com um especialista que possa examinar e verificar possíveis alterações em exames ginecológicos mais simples, mesmo sem coleta de material, em mulheres e pessoas com útero.
“Atualmente, pelo SUS, é recomendado que se comece a fazer essa triagem com a citologia a partir dos 25 anos, indo até os 64 anos de idade. E a periodicidade é que você faça dois exames anuais, um exame, no próximo ano repete um outro exame. Se elas derem normais, aí pode passar para três anos”, acrescenta a ginecologista.
Já na prevenção terciária, é considerado o tratamento dos tumores de colo uterino. ”Em estágios iniciais, a cirurgia é o tratamento curativo. Na doença mais avançada utilizamos a quimioterapia e radioterapia e, mais recentemente, tivemos a adição de imunoterapia, que é uma tecnologia diferente e que estimula, a partir dessas medicações, a própria imunidade a combater as células tumorais”, exemplifica a oncologista Marcella Salvadori.
A empresária Carolina Sales, de 48 anos, foi diagnosticada com câncer de colo de útero aos 43 anos, após apresentar primeiramente corrimentos e depois sangramentos constantes, também após relações sexuais. A empresária não tomou nenhuma das vacinas disponíveis contra o HPV e realiza desde 2021 o tratamento contra o tumor de colo uterino.
Ao passar por muitos procedimentos como quimioterapia, radioterapia e braquiterapia, ela lamenta por não ter se prevenido. “Na minha vida o que mudou é que aprendi que independente do trabalho, da correria do dia a dia precisamos buscar nos cuidar”, desabafa Carolina Sales que permanece em tratamento com imunoterapia.
Novas tecnologias para prevenção do câncer de colo no útero também têm sido adotadas, como é o caso do teste DNA do HPV, que segundo a ginecologista Nilma Neves, é um teste PCR para detectar o DNA do HPV no local do colo uterino. Esse teste é mais sensível e teve uma eficácia melhor em detectar essas lesões em todo o mundo já há muitos anos.
De acordo ainda com a ginecologista, o teste já foi aprovado pelo Ministério da Saúde e pelo INCA e já é realizado em outros países com aprovação da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a expectativa é de que se consiga introduzir o teste de DNA do HPV a partir do segundo semestre de 2025.
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