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13/09/2024 às 23:51 - há XX semanas | Autor: Gabriel Vintina*

SAÚDE

Mais de 5 mil nordestinas vão receber o diagnóstico de câncer de colo do útero em 2024

Entre as iniciativas da campanha estão episódios de podcast nas plataformas digitais

Imagem ilustrativa da imagem Mais de 5 mil nordestinas vão receber o diagnóstico de câncer de colo do útero em 2024
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Um levantamento recente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) revelou números preocupantes para a saúde feminina em todo o Nordeste. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 5.280 mulheres da região serão diagnosticadas com câncer de colo do útero em 2024. Na Bahia, especificamente, são esperados 1.160 novos casos de câncer de colo do útero, 490 de câncer de corpo do útero (endométrio) e 460 de câncer de ovário, conforme o estudo divulgado como parte da campanha "Setembro em Flor", que busca conscientizar a população sobre o câncer ginecológico.

Entre as iniciativas da campanha estão episódios de podcast nas plataformas digitais e no canal do YouTube do grupo, além da distribuição de cartilhas educativas e infográficos explicativos. A campanha também inclui esforços para promover a vacinação contra o HPV e incentivar a realização de exames preventivos, como o Papanicolau, buscando ampliar o acesso à informação e estimular atitudes proativas na prevenção da doença.

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O vilão HPV

“O câncer de colo do útero está basicamente associado à infecção pelo vírus HPV. Na população mundial, esse vírus é bastante frequente, contaminando 80% da população sexualmente ativa. No entanto, a maioria das pessoas elimina o vírus, mas, em uma pequena porcentagem, o vírus permanece no organismo e, ao longo do tempo, pode causar vários tipos de lesões, sendo o câncer de colo do útero o principal”, explica a oncologista clínica Aknar Calabrich, membro da Comissão de Ética do Grupo EVA.

A vacinação contra o HPV, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), é uma das principais ferramentas de prevenção, mas tem enfrentado uma baixa adesão na região. “A cobertura vacinal no Nordeste é muito baixa; idealmente, gostaríamos de vacinar pelo menos 70% das crianças, mas estamos muito abaixo disso. O grande problema da vacinação hoje é a desinformação. Muitas pessoas desconhecem o benefício da vacinação ou têm medo dela, mas a vacina é extremamente eficaz e segura, e protege contra infecções pelo vírus HPV, que não só causa câncer de colo do útero, mas também câncer de pênis, faringe e ânus”, pontua Calabrich.

O rastreamento da doença, por meio de exames como o Papanicolau, também tem sido insuficiente. A oncologista alerta que, apesar de o exame ser oferecido amplamente, muitas mulheres não o realizam regularmente. “Infelizmente, a adesão da nossa população a esse exame é muito baixa, muito abaixo do desejado. Portanto, temos uma alta contaminação pelo vírus HPV e um baixo rastreamento através dos exames preventivos, como o Papanicolau e a testagem do HPV, chamada genotipagem”, afirma.

Para além dos números, as histórias de quem enfrenta a doença trazem uma dimensão mais pessoal ao problema. Uma paciente de 36 anos, que prefere não se identificar, compartilhou sua experiência ao receber o diagnóstico de câncer de colo do útero aos 32 anos, quando sua filha tinha apenas dois anos. “Foi uma surpresa para a minha família. Eu sempre fazia o preventivo e não sentia muitos sintomas, além de uma dorzinha ocasional no pé da barriga. Mas, em um dos exames, algo apareceu e fui encaminhada para mais investigações. Pouco tempo depois, veio o diagnóstico”, relata.

Ela lembra que, após o diagnóstico, passou por uma série de tratamentos, incluindo a cirurgia de histerectomia e sessões de radioterapia. “Durante o tratamento de radioterapia, muitas vezes se fala pouco sobre a sobrevida da mulher e a qualidade de vida após o tratamento. Por exemplo, um dos efeitos colaterais é a estenose vaginal, que é o fechamento da vagina. Há um tabu em torno disso, e muitas mulheres não estão informadas adequadamente sobre as opções e cuidados disponíveis”, conta a paciente.

Além do impacto físico, o tratamento trouxe consequências emocionais à paciente, que foi amplamente acolhida por sua família. “Lembro-me de que, ao receber um diagnóstico desfavorável, busquei conforto na igreja e pedi a Deus para não deixar minha filha de dois anos sem mãe. Emocionalmente, a fé e minha família foram cruciais para a minha recuperação”, desabafa.

Para a oncologista Aknar Calabrich, o suporte emocional e psicológico durante o tratamento é tão importante quanto os cuidados físicos. “O câncer afeta todos os aspectos da vida de uma mulher. Muitas vezes, ela está em plena fase ativa, com trabalho, família e vida social, e o tratamento mexe com tudo isso. O apoio de uma equipe multiprofissional, incluindo psicólogos e fisioterapeutas, é essencial para que a paciente consiga passar por esse processo de forma mais tranquila e retomar sua vida ativa e sexual depois do tratamento”, afirma.

Mesmo após o fim do tratamento, a paciente continua lidando com os impactos da doença. Em 2021, ela foi diagnosticada com uma metástase no pulmão, o que a fez passar por mais cirurgias e tratamentos. “Foram anos muito difíceis, mas eu nunca perdi a fé. O apoio da minha família e a confiança nos médicos foram essenciais para eu superar tudo isso. Hoje estou em remissão, mas ainda faço acompanhamento constante”, relata.

Para mulheres que estão adiando exames preventivos ou que foram recentemente diagnosticadas, o conselho da paciente é claro: "Não deixem de se cuidar. A prevenção é o melhor caminho. O câncer pode ser superado. Quanto mais cedo você busca ajuda, maiores são as chances de vencer. E nunca perca a fé, porque ela faz toda a diferença", finaliza.

*Sob a supervisão do jornalista Luiz Lasserre

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