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SAÚDE

Mounjaro no Brasil: o que esperar da caneta que promete emagrecimento sem cirurgia

Medicamento foi aprovado pela Anvisa para obesidade e promete perda de até 25% do peso

Por Ana Cristina Pereira

16/06/2025 - 5:30 h
Sucesso e o boca a boca em torno do Mounjaro trouxeram também uma série de problemas
Sucesso e o boca a boca em torno do Mounjaro trouxeram também uma série de problemas -

O mês de Junho está sendo decisivo para pessoas que sofrem com a obesidade no Brasil. Depois de começar a ser vendido nas farmácias do país, o medicamento Mounjaro, da fabricante Eli Lilly, teve seu uso aprovado pela Anvisa para o tratamento de sobrepeso, em pacientes com comorbidades, e para a obesidade. Publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira passada, a norma abrange diferentes dosagens da caneta injetável e traz mais esperança para 25% da população diagnosticada com obesidade.

A autorização já era aguardada pela comunidade médica, complementando a autorização anterior para uso do remédio no tratamento do diabetes tipo 2. Além de já ser usada nos Estados Unidos, o estudo Surmount, que envolveu mais de 20 mil pacientes em nove países, mostrou que os usuários do Mounjaro perderam até 22,5% do peso corporal com a dose mais alta (15 mg), em comparação a 0,3% no grupo que recebeu apenas placebo.

Os resultados da pesquisa foram apresentados no ano passado em um congresso nos EUA. Cerca de 40% dos participantes que usaram o medicamento o perderam mais de 40% do peso corporal total e quem conciliou a medicação à dieta e ao exercício físico também reduziu o colesterol ruim, a pressão arterial e a medida da circunferência da cintura.

A endocrinologista Aline Feitosa, que integra a equipe do Centro de Prevenção e Tratamento da Obesidade do Hospital Santa Izabel, onde também atua como professora na residência médica na especialidade, destaca os grandes avanços que as novas medicações trouxeram nas duas últimas décadas. Sobretudo com a chegada da semaglutida (princípio ativo do Ozempic e do Wegov) e da tirzepatida (Mounjaro), que simulam a ação dos hormônios GLP-1 e GIP, responsáveis pela sensação de saciedade no cérebro e redução da velocidade da digestão. Eles também estimulam a produção de insulina pelo pâncreas.

“O Mounjaro tem uma ação dual, nos dois receptores, por isso produz uma perda de peso ainda maior, em torno de 20% a 25%, valores só alcançados com a cirurgia bariátrica”, afirma a médica, que comemora a aprovação da Anvisa. “Entendemos a obesidade como uma doença crônica e mesmo que o paciente perca peso ele é um obeso cntrolado, então a possibilidade de um tratamento efetivo sem cirurgia é muito animador”, considera, lembrando que há pesquisas em andamento que prometem resultados ainda maiores, agindo em até quatro receptores.

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Problemas com o Mounjaro

O sucesso e o boca a boca em torno do Mounjaro trouxeram também uma série de problemas, que incluem a indicação do remédio para pessoas que não precisam, contrabando e falsificação das canetas. Com a fabricação no Brasil, as apreensões nos aeroportos devem diminuir. Até porque, sem as taxas de importação, ficou mais barato comprar por aqui. A menor dose, de 2,5 mg, está custando em torno de R$ 1,6 mil - até março os valores beiravam R$ 2,5 mil.

A movimentação no mercado também fez o preço do Ozempic e do Wegovy diminuir em até R$ 200 a dose, como anunciou o laboratório Novo Nordisk no começo do mês. A doutora Aline Feitosa só não tem esperança que estas novidades contenham os abusos que acontecem em clínicas e consultórios médicos. Ela alerta que estes medicamentos não devem ser prescritos para quem quer perder poucos quilos e que todos apresentam efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e diarréias.

“Já recebemos pacientes com quadros graves de vômitos persistentes, semi obstrução intestinal, refluxo e até desidratação”, afirma a médica, reforçando que a indicação deles é para tratar o diabetes ou a chamada obesidade clínica: ou seja, pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30, circunferência abdominal maior que 94 cm (homens) e 80 cm (mulheres). Ou pessoas com IMC a partir de 27, mas que tenham comorbidades.

A venda do Mounjaro está sendo feita com a retenção da receita nas farmácias, o que a endocrinologista avalia como necessário, para manter o acompanhamento do tratamento e avaliação dos resultados e dos efeitos colaterais. A aplicação é semanal, no mesmo dia e horário, começa com a dose de 2,5 mg e vai, progressivamente, até 15 mg, de acordo com a avaliação médica. Por enquanto, as apresentações de 7 e 15 mg ainda não estão sendo produzidas no Brasil.

Experiências com o Mounjaro

Aline Feitosa celebrou chegada do medicamento
Aline Feitosa celebrou chegada do medicamento | Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE

Ainda inacessível para muita gente, o Mounjaro e as outras canetas só agora começam a entrar no horizonte de pessoas que realmente necessitam delas. No perfil do Instagram Mounjaro e Eu, criado para compartilhar experiências de diferentes usuários, é possível acompanhar relatos de pessoas que tiram dúvidas e se apoiam mutuamente.

A administradora do perfil, que começou o tratamento em fevereiro com 108 quilos, está na 19 a semana de uso, com uma perda de 19 quilos. Ela destaca os altos e baixos, mas reforça a necessidade de acompanhamento médico regular com a endocrinologista e mudanças no estilo de vida: “Nem sempre é linear. Nem sempre é rápido. Mas com paciência, acompanhamento e dedicação, sei que os resultados vão continuar a aparecer".

Governo avalia incluir semaglutida no rol de medicamentos do SUS

No mesmo dia em que a Anvisa aprovou a substância para o tratamento da obesidade, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Unico de Saúde (Conitec) abriu uma consulta pública para receber opiniões da população a respeito da inclusão da semaglutida no rol de medicamentos do SUS.

A classe médica e a sociedade civil podem se manifestar sobre o tema até o dia 30 de junho. A consulta faz parte da avaliação da prescrição do Wegovy 2,4 mg para pacientes com obesidade, com mais de 45 anos e com histórico de doença cardiovascular. Depois, as contribuições vão ajudar a embasar um parecer da comissão, recomendando ou não que o medicamento seja incorporado ao SUS.

A avaliação da Conitec foi solicitada pela farmacêutica Novo Nordisk, que em maio já tinha recebido uma resposta negativa do governo, devido aos custos elevados para a compra do medicamento, avaliados em até R$ 7 bilhões em cinco anos. Mas a empresa argumenta que a adoção do medicamento pode reduzir custos de tratamento de doenças crônicas associadas à obesidade.

No ano que vem, a patente da semaglutida vai expirar no Brasil, o que fará com que a concorrência aumente e medicamentos genéricos possam ser vendidos a preços mais baratos, iniciado uma nova fase para milhões de pessoas.

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Tags:

Emagrecimento Mounjaro Obesidade Ozempic semaglutida

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