SAÚDE
Periquito-da-praia funciona? Estudo comprova efeito analgésico
Estudo analisou o extrato etanólico das partes aéreas da planta em modelos de artrite

Por Isabela Cardoso

Um novo e importante estudo de pesquisadores brasileiros forneceu evidências científicas robustas para o uso tradicional da periquito-da-praia (Alternanthera littoralis). A planta, abundante no litoral do Brasil e historicamente utilizada pela medicina popular para tratar dores e inflamações, teve sua eficácia comprovada como anti-inflamatória, analgésica e anti-artrítica em modelos experimentais.
Os resultados da pesquisa, que envolveu cientistas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Unigran, Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foram destaque e publicados no renomado Journal of Ethnopharmacology, com divulgação pela Agência Fapesp.
O respaldo científico ao uso Tradicional
Por décadas, a população litorânea tem recorrido à Alternanthera littoralis para aliviar quadros dolorosos e inflamatórios, mas faltava o aval da ciência moderna. O estudo analisou o extrato etanólico das partes aéreas da planta em modelos de artrite, buscando identificar e validar a ação terapêutica de seus compostos.
Os pesquisadores realizaram um mapeamento químico detalhado do extrato antes de iniciar os testes funcionais. Os resultados foram animadores. De acordo com Arielle Cristina Arena, professora da Unesp e responsável pelas análises de segurança, os modelos experimentais demonstraram:
- Redução notável do edema (inchaço).
- Melhora significativa da função articular.
- Modulação dos mediadores inflamatórios.
- Evidência de um promissor efeito antioxidante, capaz de proteger os tecidos afetados pela inflamação.
Biodiversidade e o caminho até o medicamento
Os achados reforçam o imenso potencial da biodiversidade brasileira como fonte de novas terapias fitoterápicas. O trabalho destaca a importância de investigar a fundo as plantas da medicina tradicional com métodos científicos rigorosos.
Apesar do sucesso em comprovar os benefícios, a equipe alerta que o extrato da periquito-da-praia ainda não está liberado para uso clínico como tratamento.
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Para que a Alternanthera littoralis se transforme em um medicamento fitoterápico validado, é necessário um processo rigoroso que inclui:
- Análises toxicológicas mais abrangentes.
- Padronização do extrato, garantindo estabilidade, segurança e concentração correta dos componentes ativos.
- Estudos clínicos em humanos, essenciais para confirmar definitivamente a eficácia e a segurança em pacientes.
Os autores da pesquisa defendem que compreender a fundo a atuação dos compostos, estabelecer doses seguras e métodos de produção confiáveis é crucial para que os conhecimentos ancestrais, como o uso da periquito-da-praia, resultem em tratamentos validados e acessíveis.
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