SAÚDE
Vai à manicure? Conheça 5 cuidados simples para evitar infecções graves
Confira coluna Ciência & Vida desta segunda
Por Ana Cristina Pereira

Uma simples ida ao salão de beleza mudou a vida aposentada Marise Teixeira de Araújo, de 66 anos, moradora de Goiânia. Divulgada na semana passada, a história dela teve grande repercussão, devido às consequências e ao fato de muitas mulheres fazerem as unhas frequentemente. Marise teve uma infecção grave logo após ter ido à manicure, em fevereiro, já passou por quatro cirurgias e se prepara para a quinta. Ela perdeu parte do movimento da mão direita, correu risco de amputar o dedo e segue na fisioterapia.
Em entrevista ao portal Metrópole, o cirurgião de mão Frederico Faleiro, que acompanha Marise, destacou que infecções como a dela, conhecida como paroníquia, não são raras, e podem se agravar rapidamente, levando à necrose da ponta dos dedos. “O uso de materiais não esterilizados rompe a barreira natural da pele. Assim, as bactérias entram na parte mais interna do dedo, causando uma contaminação aguda”, afirmou.
Além do perigo das bactérias, a dermatologista Gal Leto acrescenta outros riscos nos salões, como infecções virais, a exemplo da Hepatite e do HIV, através de fungos ou mesmo com os temidos piolhos. Eles podem estar presentes em objetos cortantes, como alicates e tesouras, e também em toalhas, bacias e pentes mal higienizados. “Os salões de beleza são ambientes que trazem, sim, riscos à saúde”, reforça a médica, que atua na clínica AMO.
Por isso, ela aconselha: precisamos nos cercar de cuidados básicos, como conferir se o local tem alvará da Vigilância Sanitária. Também é importante estar atento às condições gerais de limpeza e aos equipamentos de proteção usados pelos profissionais, como luvas e máscaras. Outro ponto fundamental é checar se o salão possui o autoclave, aparelho no qual são esterilizados alicates, tesouras e pinças.
Kit individual
Presente em vários ambientes hospitalares, consultórios e locais como estúdios de tatuagem e salões de beleza, o autoclave é responsável pela limpeza profunda, que evita a contaminação por germes invisíveis. Segundo a dermatologista, existem vários tipos do aparelho e um protocolo de uso detalhado, que garante a biossegurança. Mas, para ter segurança total, a médica dá um conselho que peut parecer exagero para alguns, mas que ela mesma adota: levar seu próprio equipamento de casa. “O ideal é que cada pessoa leve seu alicate, tesoura, espátula e até mesmo o esmalte”.
A enfermeira e técnica em biossegurança Regiane Ferreira explica que uma rotina básica de cuidados inclui limpeza dos equipamentos com álcool a 70%, para retirar o excesso de sujeira, e levá-los ao autoclave por cerca de 40 minutos, em embalagens de esterilização que indicam o dia em que o procedimento foi realizado. “Nós também podemos usar a cuba de ultrassom, que remove toda a sujidade antes da esterilização”, afirma Regiane, que atua como instrutora de biossegurança nos cursos de formação do Senac Bahia.
No curso de Manicure e Pedicure, a biossegurança aparece também em aspectos como a necessidade de uma boa iluminação do ambiente e de móveis adequados para os trabalhadores. Regiane diz que os alunos são sensibilizados para os cuidados mais importantes, tanto para a proteção dos clientes quanto deles mesmos, com o uso indispensável de EPIs - luvas, máscaras, jalecos e toucas.
Para o público, ela recomenda atenção. “A pessoa pode perguntar como o procedimento foi feito e conferir a data da esterilização na embalagem”, pondera Regiane, acrescentando que a responsabilidade pela nossa saúde deve ser assumida por cada um de nós. “Eu não sou uma grande frequentadora de salões, mas quando faço as unhas, uso meu próprio material”.
Não mexa na cutícula
Quando o assunto é unhas, a questão estética acaba tendo um peso que pode prejudicar a saúde. O gosto da maioria das pessoas de retirar a cutícula, que funciona como uma barreira natural das mãos, é desaconselhado pelos especialistas. A designer de unhas Layza Prado defende um trabalho de “desmame” junto às clientes, para que elas deixem o vício de lado.
Antes de qualquer procedimento, mesmo na manicure simples, ela realiza uma avaliação das unhas e explica a importância da cutícula para o crescimento saudável da lâmina. “Remover a cutícula de forma excessiva deixa um caminho aberto para germes e bactérias e, a longo prazo, pode atrofiar as unhas, que param de crescer”, afirma Layza.
Especializada nas técnicas de blindagem e alongamento, Layza lembra que a má fama deste último de estragar as unhas está relacionada à pouca habilidade de muitos profissionais, que lixam a unha de forma intensa, deixando-a porosa. “É um conceito errado de que, se não lixar, não vai ter aderência, mas o contrário: uma lâmina fragilizada não suporta o peso do gel e ainda fica mais suscetível a fungos e bactérias”, detalha.
No seu estúdio, só é retirada a camada superficial de gordura, que dá brilho à unha. Para unhas que estejam com algum problema — inclusive devido a um alongamento mal-sucedido — ela recomenda a blindagem, que funciona como uma proteção externa. “As unhas quebram e apresentam fragilidade por vários fatores, inclusive pela falta de vitaminas; por isso, é muito importante se certificar se o profissional entende mesmo do assunto, para que faça uma boa avaliação e garanta que a saúde e a estética andem juntas”, pondera Layza, que é engenheira de formação.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes