As melhores redações do Cefet e do Anchieta, comentadas pelos professores
REDAÇÃO DE Luíza Sampaio, aluna do 3º ano do Colégio Anchieta:
Tema:
A Democracia envelheceu (perdeu a respeitabilidade) ou o homem perdeu o senso de respeito ao seu semelhante?
Texto:
É democrática toda ação que representa a expressão da vontade da maioria. A Democracia é o princípio que, ao unir liberdades individuais e coletivas do cidadão, permite a troca e o diálogo político, sem retirar do Estado o poder de decisão em prol do bem estar da sociedade.
Nunca existiu, entretanto, um regime verdadeiramente democrático no planeta, desde a antiguidade até a era contemporânea. No passado recente da história humana, dois sistemas políticos, aparentemente opostos, revelaram como o autoritarismo controla as relações de poder entre os homens, desde sempre.
A ditadura socialista errou ao partir do pressuposto de que todos os indivíduos possuem as mesmas necessidades, errou ao sufocar a individualidade e o movimento das massas com o autoritarismo. A ditadura socialista errou ao retirar do cidadão o direito de se expressar, o direito de citicar.
Da mesma forma, o capitalismo massacrou identidades ao impor produto e pregar padrão comportamental, propiciando as condiçõpes de massificação da sociedade. O jogo capitalista também tem sua forma requintada de manipular opiniões e controlar as formas de comunicação. A ditadura do capital apresenta a propaganda de uma sociedade guiada pela liberdade sem citar que para cada Estados Unidos, paga-se o preço de uma África.
Cada dia que passa, enfim, as nações se afastam do regime verdadeiramente democrático. É necessário desenvolver um modelo humanista que saiba conciliar as liberdades individuias e coletivas. Simultaneamente, o homem precisa ter assegurados seus direitos fundamentais e, ainda, notar que existe liberade maior que a pura e simples liberdade de escolher entre as marcas A e B.
Comentário do professor Evert Reis:
Temos aí uma redação de nível bastante competitivo. Atendendo perfeitamente ao contexto do tema, ela define, primeiro, o que é Democracia para, em seguida, responder, de maneira crítica e contundente, que nunca existiu, de fato, regime democrático do planeta. Toma dois valores referenciais e desenvolve a ideia de que eles sempre foram os manipuladores desse processo. O texto apresenta, também, um nível de linguagem formal, elegante e argumentação criativa, reafirmando pontos de vista com o uso de repetição enfática e objetiva.
A estrutura frasal é outra boa marca desse texto. A conclusão poderia ser menor (uma linha apenas) para ser mais perfeita, mas a fluência verbal é tão boa que absorve tranquilamente esse detalhe. Quanto ao conteúdo, um tema dessa natureza oferece um campo enorme de abordagem, mas no espaço oferecido de 25 a 30 linhas o aluno deve ter o cuidado de selecionar seus tópicos para não tornar seu texto denso ou prolixo. Enfim, o texto é claro, conciso, correto e de linguagem criativa. O vestibular não espera menos que isso.
REDAÇÃO DE Mauro Tupiniquim, aluno do 3º ano do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (CEFET-BA):
Tema:
Citação escolhida pelo aluno para a produção do texto dissertativo: “Com as mudanças climáticas, o cotidiano de bilhões de pessoas foi diretamente afetado e, para evitar a piora da situação, é preciso que haja o controle de um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global: o efeito estufa.”
Texto:
O elevado desenvolvimento capitalista, em um contexto de avanço tecnológico histórico na produção de materiais, provoca uma série de conseqüências, as quais podem ser desastrosas para o nosso planeta. A pressão do setor financeiro especulativo sobre os “detentores do capital” acentua o fenômeno da dominação econômica, não deixando espaço para solução de danos, como o do efeito estufa, inviabilizando as propostas criadas por cientistas renomados, alguns da NASA, para “salvar o planeta”.
Desde meados do século passado até a atualidade, a sociedade capitalista, firmada como soberana (com o fim da União Soviética) , vem acumulando uma série de detritos e restos resultantes da alta produção e resultante consumo de produtos. Esse lixo produzido em vasta quantidade, de composição altamente agressiva ao equilíbrio ecológico do planeta, vem causando prejuízos e danos às populações humanas como o caso do “Furacão Catrina” que arruinou cidades, no segundo semestre de 2006.
Dos danos previstos para o futuro, se nada for feito, acredita-se que o derretimento das calotas polares, causado pelo efeito estufa, será o mais significativo pois alagará cidades costeiras economicamente importantes como Nova York, principalmente a Ilha de Manhathan.
Mesmo com o perigo eminente dessas conseqüências, previsto para menos de 30 anos, os grandes capitalistas se recusam a gastar dinheiro em investimentos necessários para tentar evitar tais conseqüências. O principal argumento é que os investimentos são caros demais para serem arcados por eles.
Se continuarmos nesse ritmo, é penoso afirmar que não haverá saída para a civilização humana senão a adaptação a essas novas mudanças. A questão será se o ser humano conseguirá se adaptar a elas ou se seremos vítimas do nosso próprio fracasso.
Comentário da Professora Conceição Araújo:
O texto tem uma linguagem clara e fluente. Os argumentos são sólidos e contundentes. Não há problemas de coerência e coesão, elementos indispensáveis a um bom texto dissertativo.
Observações específicas sobre o tratamento do tema:
1. O aluno sublinha, na citação, o eixo central do tema proposto. Essa atitude demonstra que o aluno fez uma leitura interpretativa atenciosa. Iniciando dessa forma, pôde avaliar as possibilidades de escrita bem como a opção pela via de análise que mais seja apropriada para dissertar sobre o tema: o efeito estufa.
2. No 1º parágrafo, o aluno detecta e examina a raiz do problema apresentado na citação: o capitalismo.
3. No 2º , faz um breve comentário crítico sobre o lixo produzido pelo consumo exagerado de produtos, considerado como mais um elemento causador do efeito estufa, o que resulta em catástrofe ambiental, exemplificando com fato recente, divulgado pela mídia.
4. No 3º, destaca a recusa dos grandes capitalistas, em investir em soluções para o problema.
5. No 4º, acrescenta informação sobre previsão de catástrofe, num futuro bem próximo, em âmbito internacional.
6. Conclui coerentemente, apesar de não oferecer uma proposta de solução objetiva e prática para a questão, considerando a complexidade do tema abordado.