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Feira na Horta celebra 10 anos com mercado ecológico e multicultural em Itapuã
Evento acontece sempre aos sábados, das 8h às 11h, na Praça Carlos Bastos, em Itapuã
Por Bianca Carneiro
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No coração de uma das maiores cidades do país, um movimento pela sustentabilidade e consciência ambiental vem ganhando força: a Feira na Horta, realizada semanalmente na Praça Carlos Bastos, localizada no Loteamento Pedra no Sal, em Itapuã. O espaço tem se tornado um ponto de encontro para aqueles que buscam práticas de consumo mais sustentáveis, valorizam produtos orgânicos e artesanais, e querem fortalecer a economia local.
O evento, que acontece sempre aos sábados, das 8h às 11h, completou 10 anos e atraiu dezenas de visitantes em sua última edição, reunindo pequenos produtores e artesãos, e oferecendo uma variedade de produtos que vão de alimentos artesanais e hortaliças frescas a artesanato indigena.
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A iniciativa foi criada em 2014 pelo casal Rebeca Barros e Jorge Lopes. “A gente se preocupava muito com a nossa alimentação e produzia algumas hortaliças nas nossas hortas caseiras aqui na cidade de Salvador. A partir do excedente da nossa própria produção, começou a surgir muita gente interessada, então, divulgamos para alguns amigos do bairro que se interessaram. A gente começou bem pequeno, com seis a oito pessoas vindo visitar a gente aos sábados pela manhã e tinha talvez, no máximo, dez alimentos entre hortaliças e frutas disponíveis”, contou a professora.

Rebeca explica que há uma parceria com produtores da região de Conceição de Jacuípe. “Eles produzem no interior, em produção orgânica, formato agroecológico, e mandam para a gente todo sábado de manhã. Aos sábados, em média, a gente tem uma visitação de em torno de 100 pessoas ou mais, regulares. E além da parte de hortaliças, que a gente ama, também tem parceria com expositores, fortalecendo, então, a economia local e apresentações musicais de ótima qualidade para potencializar as conexões entre as pessoas. Com esse trabalho, a gente acredita que a gente vem fortalecendo a agricultura familiar nessa conexão campo-cidade, difundindo ideias, trocando experiências em torno, tanto da manutenção da praça como espaço público, quanto a ideia de sustentabilidade, de uma vida saudável, e assim promovendo a saúde coletiva”.
Uma das produtoras de Conceição do Jacuípe e organizadora da Feira na Horta, Aliane Cerqueira diz que a principal proposta da Feira na Horta é incentivar o consumo de alimentos naturais, cultivados a partir de práticas que respeitem o meio ambiente. “Nós trabalhamos com produtos naturais, diferenciados. É um produto de qualidade”.

Economia ancestral
Em meio às opções de artigos disponíveis, alguns dos mais procurados são os produtos indígenas. As joias e adereços feitos a partir de matéria prima natural como a palmeira do licuri, o dendê, semente de açaí, ossos, penas e miçangas colorem a barraca das artesãs Paula Tupinambá de Itapuã e Jurema Kaimbé, ao lado de outros itens como óleos e cremes.
“É um espaço de resistência, de afirmação, através desta feira, a gente pode ter alimentos saudáveis, são alimentos que vêm da agricultura familiar [...] A gente se alimenta bem e através do se alimentar bem, nutrimos o nosso corpo, a nossa alma. Todo sábado, a organização da feira sempre traz uma música, uma poesia, um recital, um processo de cultura. A gente com o nosso artesanato, tem outros colegas que trabalham com a economia criativa. E esse espaço aqui da Pedra do Sal, da Praça Carlos Bastos, é um espaço de resistência, porque essa praça é pública e a gente, de forma positiva, ocupa para trazer o bem-estar para a nossa sociedade daqui de Itapuã”, diz Paula Tupinambá de Itapuã.
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E por falar em cultura, mais do que um mercado ecológico, a feira tem se consolidado como um espaço para celebrar a arte. Cantando juntos pela primeira vez no evento, os músicos Tícia Brito e Rafael Dumont fizeram uma releitura de canções dos repertórios de Caetano Veloso e Gilberto Gil. A dupla elogiou o propósito da Feira na Horta.
“Para a comunidade é muito bom, porque é um espaço diferente, com propostas de vários expositores. O mercado tem uma outra relação com o social, é que a feira das pessoas que estão aqui tem uma interação diferente, e acho que isso é bastante importante”, afirma Tícia, que é moradora de Itapuã.
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Outro morador de Itapuã, o fotógrafo Eduardo Ravi não perde nenhuma edição do evento, que já se tornou a programação oficial dele e da sua família.
“É uma iniciativa fantástica desses grandes amigos, Rebeca e Jorge, que trabalham muitos temas, a permacultura, a economia solidária, os alimentos orgânicos, os produtores locais, a valorização dos espaços públicos, a ocupação desses espaços com iniciativas multiculturais com arte, cultura e alimentos saudáveis [...] Pra mim, pra minha família, é sempre o nosso passeio matinal”.
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