DEBATE
Entidades protestam contra votação do PL da 'Cota de Tela'
O PL será votado em regime de urgência na Comissão de Cultura e Educação do Senado Federal
Por Da Redação
A votação do Projeto de Lei (PL) da Cota de Tela está sendo alvo de protesto por entidades como Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (ABRAPLEX), Associação dos Exibidores Brasileiros de Cinema de Pequeno e Médio Porte (AEXIB), Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (FENEEC), Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas e exibidores de todo país, os quais defendem uma discussão ampla com todos os elos da cadeia cinematográfica.
O PL será votado em regime de urgência na Comissão de Cultura e Educação do Senado Federal na próxima terça-feira, 29. De autoria do senador Randolfe Rodrigues (sem partido), o projeto estabelece a obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais. Segundo as entidades representativas do setor, porém, o projeto pode ser uma “pá de cal” para os exibidores brasileiros, que ainda sofrem com os impactos da longa paralisação provocada pela pandemia.
De acordo com as entidades, a proposta pode provocar o fechamento de complexos cinematográficos que mantêm entre uma e três salas em pequenas e médias cidades do país, entre outros efeitos.
Representantes da FENEEC, AEXIB, Sindicato das Empresas Exibidoras Cinematográficas no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul e a ABRAPLEX estiveram em Brasília para defender um maior debate, mas não foram atendidos.
Elas pontuam que “o PL desconsidera que os cinemas estão sofrendo com a falta de lançamentos, sejam nacionais ou internacionais, que tiveram as produções paralisadas durante a crise”.
“Mesmo após a reabertura das salas, o setor ainda está com índice 35% inferior de lançamentos, níveis de público 40% abaixo do cenário pré-pandemia e administrando milhões em dívidas acumuladas no período, situação que tende a se agravar com a greve de roteiristas e atores de Hollywood, ainda sem solução”.
Venda de ingressos no Brasil:
Em 2019 - 177 milhões de ingressos vendidos
Em 2020 - 40 milhões de ingressos vendidos
Em 2021 - 53 milhões de ingressos vendidos
Em 2022 - 97 milhões de ingressos vendidos
Em 2023 até agora - 79 milhões de ingressos vendidos
(A estimativa é de que os resultados serão inferiores ao ano anterior, em virtude da greve)
Market Share baixo
O market share - que é um indicador de mercado que calcula a porcentagem de participação de uma empresa no seu segmento de atuação - do cinema nacional nunca esteve tão baixo. Enquanto a média nos últimos 20 anos foi de 13%, aproximadamente, em 2023 está em 1,5%.
Presidente da ABRAPLEX, Marcos Barros afirma que é um “absurdo responsabilizar os exibidores pela ausência de filmes brasileiros nas salas”.
Em 2019, exibimos 97 produções nacionais. Neste ano, foram cerca de 120 e o market share continua baixo. Além da falta de divulgação, durante a pandemia a janela de exibição entre os cinemas e a disponibilização no streaming foi reduzido de 90 para 30 dias, o que tem obrigado os exibidores a apostarem em programar, em muitas salas, os poucos filmes que podem atrair grande público como Barbie e Oppenheimer”, explicou.
Pleito
Os exibidores querem que o PL não seja votado em regime de urgência e que se abra um debate sobre os impactos regulatórios e econômicos envolvendo todos os elos da cadeia (ANCINE, Conselho Superior de Cinema, produtores, distribuidores e exibidores).
“A Cota de Tela, para ser um verdadeiro estímulo ao cinema nacional, deve estar acompanhada de uma política mais ampla e que envolva mecanismos de fomento e incentivo às produções realizadas por empresas brasileiras e não só a obrigatoriedade de exibição. Não podemos obrigar o público a comprar ingressos para o que ele não quer ver”, afirma Barros.
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