SALA WALTER DA SILVEIRA
Filmes feitos por mulheres e não-binárias é tema de mostra gratuita
Cineinsite A TARDE conversou com diretoras e representantes do evento
Por Kian Shaikhzadeh*
A 6ª edição da mostra "Lugar de Mulher é no Cinema" exibe curta-metragens produzidos por mulheres e pessoas não-binárias. As sessões presenciais ocorrem de 5 a 9 de julho na Sala Walter da Silveira, na Biblioteca Central dos Barris, com um total de 46 filmes selecionados para as mostras Luas e Matinê.
Nesta quinta-feira, 6, o Cineinsite A TARDE visitou o evento e conversou com algumas personagens presentes no evento, a exemplo de Daniele Souza, que é uma das diretoras do filme "Ela Pode Tudo" e participa da mostra pela primeira vez.
Ao Cineinsite ela afirmou que o curta é inspirado nas histórias de mulheres potentes e criativas do seu entorno. "O filme traz um manifesto de incentivo e reconhecimento sobre as nossas lutas e insurgências no ontem e no agora. Na minha visão Salvador é um lugar com muitas potências femininas, esse solo foi cultivado com o nosso sangue e sob nosso cuidado. Esse filme fala sobre essa força que nós já sabemos que temos mas que por vezes nos fazem desacreditar".
Daniele afirmou que está feliz por participar deste ato. "Eu estou imensamente feliz e honrada em fazer parte dessa história. Léa Garcia, a homenageada dessa edição da Mostra, vem com essa força ancestral para nos lembrar que nossos passos vem de longe e somos a continuidade dessa caminhada".
Hilda Lopes, Co-idealizadora da Mostra, que trabalha também como diretora para cinema e audiovisual, diretora, roteirista e montadora na Olho de Vidro Produções, lembra o início do evento, em 2017, quando se reuniu com colegas e começaram a pensar em todas as realizadoras de Salvador e da Bahia.
Ela afirmou que, inicialmente, o evento seria algo pequeno, mas foi ganhando força e crescendo. "A Mostra vem muito dessa coisa de as mulheres poderem estar onde elas quiserem, e que é o nosso espaço, é quase um grito evocando esse espaço, que é nosso e que não é permitido que a gente tenha".
Ela avalia que, desde a primeira edição, houve uma mudança no cenário audiovisual entre o público feminino e não-binárias. "Eu vejo que realizadoras jovens chegam e falam: 'isso é o meu filme, que eu fiz com a minha equipe'. E aí tem uma propriedade maior, menos insegurança. Antes, logo no começo, houve muitas realizadores tímida para falar que eram diretoras e tudo mais".
Day Sena, produtora executiva da Mostra, que trabalha também como diretora e produtora para cinema e audiovisual, explica que a Mostra vai além da exibição de obras.
"Também tem as ações formativas, onde a gente tem as mesas de debate, Conversas de Mulher, e a gente tem também as masterclass, para poder apresentar a profissionais ou iniciantes a entender como funciona os setores, departamentos, dentro do audiovisual".
Ela pontua que ao longo desses anos pôde perceber que a Mostra conseguiu alcançar projeção nacional. "Um destaque por ser uma mostra de gênero, não existem muitas no Brasil, mas existem algumas dezenas e dentre essas dezenas a gente conseguiu aqui na Bahia ter um posicionamento assim de destaque".
Day pontua que as diretoras e realizadoras já criam expectativa para quando a Mostra será realizada. "A gente acaba percebendo que essas redes criam uma espécie de aquilombamento feminino e de pessoas não-binárias. Elas já têm uma expectativa, ficam esperando quando a mostra vai acontecer".
Apesar de ser contar com a exibição de curta-metragens produzidos por mulheres e pessoas não-binárias, a presença de homens como público é fundamental no quesito de conhecimento do potencial delas.
"A participação deles no sentido de ser público é importante para desmistificar e desconstruir qualquer ideia preconceituosa com relação à capacidade e o qualitativo dessas produções".
Com entrada gratuita, a programação pode ser consultada no site do evento, assim como nas redes sociais. Desde sua primeira edição em 2017, a mostra já exibiu 448 curtas-metragens, disponibilizando um catálogo virtual para acessar obras anteriores.
*Sob supervisão de Thiago Conceição
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