COINCIDÊNCIAS DO AMOR
'Antônios': casal tem o mesmo nome em homenagem a santo casamenteiro
Casal nasceu no mesmo dia, em anos diferentes, na mesma maternidade em Cachoeira
Por Matheus Calmon
Alguns anos antes do lançamento da canção “Escrito nas estrelas”, de Tetê Espíndola, um “caso do acaso bem marcado”, como diz a letra, começou a se desenrolar na vida do casal Antônio e Antônia. Os baianos, cujos nomes homenageiam Santo Antônio, nasceram no dia 13, dedicado ao santo, e na mesma maternidade. Além disso tudo, dividem ainda parte do sobrenome: antes de casar, ela era Roquelina Araújo e ele, Raimundo da Silva Araújo.
Ele nasceu em 1968, em Cachoeira, na Bahia. Três anos depois, em 1971, ela nascia no momento em que acontecia a trezena de Santo Antônio. Foi na adolescência que ambos tiveram conhecimento sobre as coincidências um do outro.
"Eu estudava em um colégio e a irmã dele estudava na minha classe. Desde a infância que eu já frequentava a casa dele, mas éramos muito crianças. E aí um dia, a irmã dele contou que eu fazia aniversário no mesmo dia que ele, então causou essa curiosidade nele", lembra a técnica de enfermagem.
Mas de curiosidade, o sentimento logo passou a ser algo mais. Por ser muito nova, Antônia foi proibida pela família de se relacionar. Os dois, então, viveram uma paquera às escondidas. "Foi aquele namoro escondido, foi aquela luta, ele jovemzinho, novo, todo mundo novo. Aí começou essa luta, mas nós não nos largamos, ficamos juntos e estamos até hoje".
Já Antônio ouviu de um irmão dela que antes de namorar, deveria começar a trabalhar e “virar homem”. Na ocasião, tinha 15 anos. "Quando eu fui conversar com o irmão dela, ele perguntou: 'você trabalha?'. Eu disse não. Aí ele disse 'então vá trabalhar, quando você virar homem você venha namorar minha irmã'. Como é que o cara trabalha com 15 anos de idade?".
O segurança conta que seu irmão também sempre lhe falava sobre a garota que tinha coincidências com ele. Quando foram apresentados, ficou surpreso por saber que era a mesma que já frequentava a casa de sua avó, e a quem ele dedicava olhares.
"Quando vi, tive a grata coincidência que era ela, que eu já dava umas olhadas. Aí tentei me aproximar e começou aquele namoro de criança. Eu, com 3 anos de idade, ganhei meu maior presente, que é minha esposa”.
Perrengues do destino
Antônia e Antônio, além de terem quase o mesmo nome, em homenagem ao mesmo santo, nascerem no mesmo dia de anos diferentes e na mesma maternidade, ainda têm outra coincidência.
"O nosso tipo sanguíneo é o mesmo também. A gente só descobriu depois que eu engravidei", diz ela referindo-se à gestação da Vitória, que atualmente tem 25 anos. E o tipo sanguíneo em questão também não é dos mais comuns: B+.
Caso o bebê fosse um menino, a escolha do nome ficaria por conta de Antônio, que também faria uma homenagem, mas não ao santo casamenteiro: "Evander Holyfield. Pratico boxe e seria esse nome. Acho que se fosse menino, ela não ia gostar, não", brincou.
"Eram uns nomes 'estrambólicos', que Deus deu livramento, né? Felizmente, graças a Deus, veio Vitória e foi uma luta. Todo dia tinha suspeita de aborto, ia para o hospital... Então eu coloquei a Vitória por conta da vitória do nascimento", diz Antônia.
Ser um casal com o nome similar também já causou confusões em atendimentos. "Quando fomos fazer a identidade, nós dois fomos juntos, e deu um problema feio, porque as pessoas estavam achando que nós éramos irmãos. Quando nós fomos nos casar também teve essa questão por causa do nome igual. Depois que viram que os pais eram diferentes, mas sempre tem um probleminha", diz ela.
"Acharam que poderia ser uma fraude, pois o nome e sobrenome era tudo igual", complementa ele.
Abençoados pelo santo
Os nomes não deixam dúvidas: a inspiração veio a partir da fé dos pais de Antônio e Antônia. Ele seguiu a devoção pelo santo. Já ela, preferiu não levar para a vida o preceito.
"Quando eu era mais jovenzinha, minha tia tinha esse negócio de vela para Santo Antônio. Tinha um Santo Antônio lá em casa e ela acendia a vela. Aqui na área de serviço, esse Santo Antônio ainda está. Mas eu não tenho muito aquela coisa de novena, ser devota, essas coisas", conta Antônia.
Mas apesar de não ser devota, a profissional da saúde acredita que o destino agiu para unir o casal. "No destino eu acredito. Alguma coisa que realmente tinha que acontecer, tínhamos que se encontrar, tinha que viver isso tudo. Eu digo a minha filha: 'olha Vitória, tem coisas que eu não vou nem lhe responder, porque tem coisas que nem eu sei o motivo'".
E se ambos foram batizados por inspiração do santo casamenteiro, com o dia 13 de junho tão importante, o matrimônio quase aconteceu na mesma data. "Foi no dia 27 de junho, lá em Cachoeira. Nós gostaríamos de casar no dia 13, porém não foi possível, infelizmente, não deu certo", conta Antônia.
Antônio, por sua vez, revela que o casal estava brigado, quando ele resolveu um dia sair do trabalho e ir marcar o casamento. "Fui na igreja sem ela saber, mas para o dia 13 não tinha mais vaga. Cheguei em casa e contei que o casório já estava marcado, para limpar a barra", brinca ele.
Sobre o futuro do casal, que está junto há 43 anos, ela deixa a cargo do mesmo destino (ou do santo) que os uniu. "São coisas que só Deus mesmo pode dizer em relação a isso. A gente tem que entregar tudo na mão de Deus e dar o tempo ao tempo. É entregar tudo ao tempo".
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