SOLIDEZ NAS AMIZADES
Estudos de Harvard na Bahia
Confira artigo de Eduardo Athayde

Por Eduardo Athayde*

O Estudo de Desenvolvimento Adulto de Harvard (Harvard Study of Adult Development), a pesquisa mais longa da história sobre a vida humana iniciada em 1938, concluiu em dados atualizados até 2025 que a qualidade das relações sociais é o principal fator para a saúde e a felicidade.
O estudo revelou que a satisfação com os relacionamentos aos 50 anos é um preditor de saúde melhor aos 80 anos do que o nível de colesterol. Pessoas com amizades sólidas vivem significativamente mais e apresentam um declínio cognitivo mais lento na velhice. Conexões sociais fortes fortalecerem o sistema imunológico e reduzem o risco de doenças como diabetes e artrite.
O conceito de Social Fitness, que defende que as amizades precisam de "exercício" constante, foi introduzido em 2025 pelo atual diretor do estudo, Robert Waldinger. Não é o número de amigos que importa, mas sim a profundidade e a segurança dessas conexões. Viver em conflito constante é pior para a saúde do que estar sozinho, mas a solidão crônica pode ser tão prejudicial quanto o tabagismo ou a obesidade
Amizades sólidas não ocorrem por acaso, elas exigem investimento de tempo e atenção. Pequenas ações, como enviar uma mensagem curta para um amigo para reforçar o vínculo, geram benefícios imediatos no bem-estar. Pesquisadores de Harvard, como Arthur C. Brooks, destacam que as amizades mais valiosas são as "inúteis", aquelas que não têm fins utilitários (trabalho ou favores), mas existem apenas pelo prazer da companhia e do afeto mútuo.
O estudo descobriu que saber que existe alguém em quem você pode realmente confiar em momentos de crise ajuda o sistema nervoso a relaxar e a retornar ao equilíbrio mais rapidamente após situações estressantes.
A religiosidade na Bahia, marcada pelo sincretismo entre o Catolicismo e as religiões de matriz africana, é uma fonte de geração de amizades sólidas e atua como um pilar fundamental para a saúde mental e o equilíbrio social. Em 2025, estudos de sociologia e psicologia reforçam que essa vivência espiritual oferece benefícios práticos e emocionais.
As comunidades religiosas baianas (como os terreiros e as irmandades) oferecem uma rede de apoio inestimável. O indivíduo sente-se parte de uma "família espiritual", o que combate a solidão e a depressão. Em momentos de crise, essas redes funcionam como sistemas de auxílio mútuo e suporte psicológico comunitário.
A fé atua como um mecanismo de enfrentamento diante das adversidades. A religiosidade ajuda a ressignificar traumas e dificuldades, proporcionando uma perspectiva de esperança e continuidade. Rituais como as lavagens (ex: Lavagem do Bonfim) e as celebrações de Orixás funcionam como catarses emocionais, reduzindo os níveis de cortisol e promovendo relaxamento.
Muitas práticas religiosas na Bahia ocorrem em espaços naturais (praias, cachoeiras, matas). Essa conexão sagrada com a natureza estimula a preservação ambiental e proporciona os benefícios comprovados do contato com o meio ambiente para a redução da ansiedade.
A integração entre o sagrado e o profano gera um otimismo cultural que reflete diretamente na percepção de felicidade. Pesquisas indicam que pessoas com vida religiosa ativa tendem a ter hábitos mais saudáveis e um senso de propósito maior.
Fundada por rotarianos em 1941 como entidade sem fins lucrativos, a Associação Cultural Brasil Estados Unidos (ACBEU), que muito além de uma escola de inglês é um centro difusor e promotor de educação e cultura, vem articulando junto com o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) e o WWI, parcerias com universidades americanas, inclusive Harvard, para estudos e ações locais.
Pesquisadores americanos estão interessados em entender como a cultura da Bahia, através da história, oferece benefícios significativos ao bem-estar por meio da forte conexão social, festividades populares e integração com a natureza, fatores que, segundo relatório da ONU de 2025 posicionam Salvador como uma das cidades mais felizes do Brasil.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil e membro dos Conselhos do IGHB e da ACBEU. [email protected]
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