A TARDE AGRO
Sequilho, biscoito e polvilho feitos a partir da mandioca elevam renda de agricultores
Pequenos produtores do agreste baiano diversificam a produção, para além da farinha, e ampliam mercado
Por Dianderson Pereira*
A agroindústria de mandioca na comunidade de Araçás, no município de Fátima, agreste baiano, tem garantido novas oportunidades de renda para os agricultores familiares locais. Com o apoio da Companhia de Desenvolvimento Ação Regional (CAR), os produtores agora não se limitam à farinha de mandioca, expandindo para uma variedade de produtos, como sequilhos, biscoitos e polvilho, o que tem contribuído significativamente para o desenvolvimento econômico da região.
Thais Fontes, assistente territorial da CAR que acompanha o projeto, explica que a associação Centro Comunitário Rural Unidos de Araçás foi contemplada em 2007 com uma casa de farinha, que nunca deixou de funcionar. Em 2018, a associação foi selecionada no Projeto Bahia Produtiva para requalificar a produção de farinha, mas as mulheres da associação identificaram a necessidade de produzir produtos derivados da mandioca. "Com esses investimentos, geramos autonomia, reconhecimento e renda para o grupo de mulheres, que agora participam como autoras do trabalho".
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Adriana Santos, presidente do Centro Comunitário Rural Unidos de Araçás, destaca que a agroindústria, iniciada em 2018, gerou impactos positivos para a região, ofertando mais opções de emprego e renda para as famílias locais. "As capacitações que recebemos também trouxeram conhecimento tanto no plantio quanto no processo dos derivados da mandioca. Isso estimulou a valorização da agricultura familiar".
Novos equipamentos
A modernização trouxe novos equipamentos, permitindo a produção de sequilhos, amanteigados, biscoitos, brigadeiros e bolos, além da farinha e tapioca. "Hoje, a associação tem uma agroindústria familiar com grande capacidade de produção, adaptada às normas de fiscalização, e potencial para expandir a comercialização, trazendo desenvolvimento para os associados e a comunidade local", destaca Thais Fontes.
Ela acrescenta que a CAR, em parceria com o Sebrae, realizou capacitações focadas em boas práticas de fabricação, uso de máquinas e produção de receitas. "As participantes puderam se adequar às normas sanitárias, aprender a trabalhar com os novos equipamentos, adequar as embalagens e produzir novos produtos adaptados às exigências do mercado".
Em 2018 e 2019, a agroindústria forneceu farinha para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Após a reforma e ampliação, a produção foi retomada, e os derivados da mandioca estão sendo comercializados novamente para o PNAE. "Já entregamos 5.564 potes de sequilhos, 4.937 de amanteigado, 2.590 de biscoitos de maracujá e 76 kg de tapioca, totalizando uma receita de R$ 43.636,50", diz Thais.
A diversificação da produção possibilitou uma maior participação feminina, que agora tem sua própria renda garantida, produzindo produtos artesanais. Lindiana Oliveira, beneficiária do projeto, comenta que a agroindústria gerou mais empregos na comunidade e despertou um maior interesse pela cultura da mandioca na região. "Teve um grande impacto na renda da minha família e incentivou a continuidade da cultura da mandioca".
Amanda Sousa, outra beneficiária, destaca que a agroindústria além de trazer a renda extra, também possibilitou adquirir um maior conhecimento sobre novas técnicas e modernizar a produção que antes era manual e em menor escala. "Estamos sempre buscando melhorar e expandir nossos produtos".
Thais Fontes destaca que a requalificação e ampliação do empreendimento não só têm gerado resultados satisfatórios para os associados, como também têm beneficiado as comunidades vizinhas. Segundo ela, esses avanços têm contribuído de forma significativa para a sustentabilidade econômica da região, fortalecendo a agricultura familiar e possibilitando um crescimento contínuo do empreendimento.
"Essas mudanças estão criando um ambiente mais robusto para o desenvolvimento local, permitindo que os agricultores diversifiquem suas fontes de renda e se adaptem melhor às demandas do mercado", conta Fontes.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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