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Com as bênçãos de Lula, isenção do Imposto de Renda vira realidade
Artigo de Cássio Moreira fala sobre mudança aprovada pela Câmara dos Deputados

Por Cássio Moreira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu a maior façanha do seu mandato: aprovou a a ampliação da isenção do Imposto de Renda (o texto precisa passar pelo Senado). Mais que uma conquista pessoal do governo, é um sinal claro de que o Palácio do Planalto, ao contrário do que se dizia, permanece atento às manifestações populares e verdadeiras demandas do país.
Goste ou não do governo que aí está, é importante ser honesto e tirar o chapéu para o que foi aprovado. A atualização da tabela de isenção do imposto de renda era uma das maiores reivindicações do povo nos últimos anos. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), hoje condenado, chegou a prometer as mudanças, mas o assunto nem sequer foi discutido na sua gestão.
Fernando Haddad, tantas vezes criticado por sua atuação como ministro da Fazenda, a exemplo da polêmica "taxa das blusinhas", foi o maestro regente da orquestra e ousou tirar a ideia do papel. Desde então, a dupla petista coordenou uma força-tarefa.
A missão era uma: aprovar o imposto. Para isso, Lula mobilizou seus ministros; alguns vestiram a camisa como poucas vezes foi visto nos últimos governos. Nesse aspecto, além de Haddad, se destaca Geraldo Alckmin, Simone Tebet, Renan Filho, Rui Costa e Gleisi Hoffmann. A última, por sinal, fez campanha intensa para emplacar a pauta e constranger os deputados que ainda pensavam em votar contra a pauta de apelo nacional.
Cercado de ministros fiéis e mobilizados, Lula passou longe de repetir os placares das votações anteriores, obtendo a unanimidade entre os 493 deputados presentes na sessão. Para quem, em outros momentos, provou o gosto amargo da derrota na guerra fria travada com a Câmara dos Deputados, a aprovação de lavada mostrou que o jogo virou, mais uma vez, para o lado do petista.
Na prática, a Câmara entendeu o recado e soube estudar o cenário político. Lula não está fragilizado, como parecia estar, e é franco favorito nas eleições do ano que vem. Complicar a aprovação de uma pauta tão importante para o povo brasileiro em um momento de maré alta para Lula, não seria um movimento inteligente.
Não dá para dizer o que já muda com a aprovação, que ainda passará de maneira simbólica pelo Senado. Quem recebe até R$ 5 mil não precisará mais declarar imposto de renda. É o justo, chegou de maneira tardia, mas chegou.
O Brasil respira um pouco de justiça social, expressão que parece soar imoral em um país tão desigual. Nos versos imortalizados de Jorge Ben, "agora ninguém chora mais".
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