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15/03/2024 às 5:00 - há XX semanas | Autor: Letícia Belém

INOVAÇÃO

Pesquisas aliadas às novas tecnologias geram expansão do agro

Ao longo dos anos, Embrapa e Fundação Bahia vêm estudando formas de aprimorar os resultados do agronegócio

Os drones têm sido cada vez mais utilizados nas lavouras
Os drones têm sido cada vez mais utilizados nas lavouras -

Mais do que fatores como fertilidade das terras, clima, localização geográfica ou técnicas de irrigação, o Oeste da Bahia virou referência no País pela inovação e adoção de tecnologias que aumentam a produtividade agropecuária. E a região segue em expansão, com intensificação de pesquisas e diversificação de culturas. O Extremo Oeste baiano é considerado um dos maiores celeiros do agronegócio do Brasil e, há mais de uma década, é um dos principais produtores nacionais de grãos e fibras, principalmente soja, milho e algodão.

Um estudo da Embrapa Territorial mostra que a expansão agropecuária foi favorecida pelo domínio tecnológico da produção agrícola em áreas de cerrado. A tendência de alta se consolida ainda mais com o sucesso de setores do agronegócio voltados para o mercado internacional. O volume crescente de investimentos dos próprios produtores e de bancos impulsionou os demais setores da economia e os vários segmentos do próprio agro.

Dentre os aspectos positivos da transformação da região incluem-se a geração de riqueza e renda, o crescimento econômico, o desenvolvimento das cidades, as migrações e a emancipação de povoados e distritos.

Um dos fatores que levam a tamanha pujança – em constante aceleração – é o investimento em pesquisas e inovações tecnológicas feito pela Embrapa e pela Fundação Bahia ao longo dos anos, seja para melhorar a saúde do solo, plantas e raízes ou para erradicar doenças e pragas que acometem plantações, além de desenvolver sementes melhoradas geneticamente e mais resistentes.

Monitora Oeste

Um exemplo é o Monitora Oeste, um aplicativo desenvolvido pela Embrapa Territorial para a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) a partir da demanda dos produtores. O sistema alerta, em tempo real, sobre o avanço de pragas e doenças do algodão e da soja sobre as propriedades agrícolas do Oeste.

O objetivo, segundo o coordenador do programa, Julio Bogiani, foi disponibilizar uma ferramenta que ajudasse o produtor rural na tomada de decisões do controle de duas doenças que atacam as lavouras, a ferrugem asiática da soja e a ramulária do algodoeiro. O sistema monitora o surgimento dos primeiros sinais da doença, como a presença e dispersão dos esporos no ar, e então dispara os alertas.

“Quanto mais rápida for a visualização por todos os usuários, mais eles terão acesso ao momento certo de aplicação dos defensivos agrícolas, evitando que a doença tome conta da plantação. O Monitora Oeste otimiza a solução, faz uma melhor racionalização do uso dos produtos químicos e possibilita um melhor controle das doenças com a informação organizada, rápida e em tempo real”, explicou o pesquisador.

Uma das vantagens é acabar com a aplicação calendarizada a cada 15 dias, diminuindo a utilização desnecessária e a quantidade de defensivos empregados, com menor agressão ambiental. “O produtor saberá onde e em qual intensidade estão começando as doenças, podendo aplicar produtos somente no momento em que há necessidade, e tendo menos perdas de produtividade causada pelas doenças, de forma mais sustentável”, eplicou Bogiani.

Dentro do Monitora Oeste, é possível realizar consultas on-line por municípios, tipos de áreas de cultivo em todos os locais em que ele precisar, inclusive se estiver offline. O produtor consegue localizar onde ele está no mapa e visualizar o entorno, onde ele precisará fazer a aplicação dos defensivos agrícolas. Além disso, o usuário tem acesso às condições de favorabilidade climáticas para ocorrência da doença.

Bogiani explicou que o software, lançado em 2021, é uma ferramenta interativa que pode ser baixada gratuitamente nos smartphones, e também ser utilizada através de um navegador web. “Em uma segunda etapa, ele passará a integrar também a praga do bicudo do algodoeiro, cujos alertas serão disponibilizados a partir de abril”, informou o coordenador.

O pesquisador informou também que a Embrapa atua com os programas de melhoramento genético da soja e do algodão, com sementes selecionadas que são resistentes a vermes e a veranicos, e ainda está desenvolvendo uma variedade de trigo adaptada ao cerrado. Em paralelo, está criando um projeto nacional de monitoramento de plantas resistentes a herbicidas, que será personalizado para uso na região Oeste da Bahia.

Combate às pragas

A Fundação Bahia atua como parceira da Embrapa no desenvolvimento de pesquisas e descobertas. De acordo com o gerente geral da fundação, Nilson Vicente, nos anos de 2002 e 2003, a principal doença da soja, a ferrugem asiática, dizimou grande parte das lavouras, gerando um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões. “Depois, a ramulária atacou o algodão. Foi o início do nosso trabalho”, contou.

Desde então, o corpo técnico da fundação fez uma rede de ensaios para monitorar estas doenças e começou a desenvolver, em parceria com a Embrapa, pesquisas para diagnosticar, estudar a doença e desenvolver ferramentas que pudessem controlá-la. Ele explicou que, além disso, a fundação também analisa e testa os produtos químicos que podem ser eficazes para uso nas plantações.

“Nosso papel é saber se essas moléculas – e quais delas que compõem os produtos químicos – estão funcionando. Muitas vezes, o produtor acabava usando um produto que não é bom, perdendo tempo, o investimento e a lavoura. A sugestão da fundação é colocar produtos que realmente estão ativos para manejar aquela doença. Cada cultura tem a sua doença predominante”, explicou Vicente.

“As novas tecnologias disponíveis diminuíram o uso de inseticidas e aumentaram a produtividade da soja. Além disso, mesmo se não chover o que é necessário para a lavoura, as inovações possibilitam o mesmo ganho de produtividade e evitam que o produtor tenha grandes prejuízos. Com elas, foi possível melhorar a produção em 40% e alimentar mais pessoas”, disse o gerente da Fundação Bahia.

Ele relata que foi a partir de 2014 que o uso de biológicos ganhou destaque no manejo das doenças da soja e do algodão e começou a ser utilizado com mais intensidade. “São agentes que estão na natureza, micro e macrorganismos que atuam como predadores naturais das pragas. Pode ser um vírus, um fungo, uma bactéria, um inseto. É possível multiplicá-los e usá-los na agricultura, fazendo um controle natural de pragas até então sem controle”, esclareceu.

Vicente explica que o uso dos biológicos é menos agressivo e melhor para quem está aplicando, para o meio ambiente, para a saúde das plantas e para o produtor, além de reduzir o uso de defensivos agrícolas químicos. “É melhor para toda a sociedade. E, a cada dia, as pesquisas estão disponibilizando mais biológicos”, explicou.

A Fundação Bahia pesquisa e utiliza biológicos que possam melhorar o produto químico ou substituí-lo, dando suporte ao produtor rural, além de estudar as variedades da soja e do algodão que têm resistência ou tolerância às pragas. Os pesquisadores também têm trabalhos de solo, de sistema de manejo, de rotação de culturas, de uso de palha para fazer cobertura e proteção do solo, e trabalhos de campo, além de testar produtos e tecnologias que chegam ao mercado para saber se eles realmente são eficazes.

Drone localiza problema e direciona aplicação de produto

A inovação mais florescente hoje no Oeste é o cultivo da cadeia produtiva do cacau, bem-sucedida fora do sistema cabruca (sombreamento na Mata Atlântica), além dos cultivos de mangas e bananas. No mesmo sentido, o diretor executivo da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Gustavo Prado, informou que, com as tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, hoje a Bahia é o segundo maior produtor de algodão do Brasil e possui a quinta maior frota de aviação agrícola do País para pulverização dos defensivos agrícolas em toda a propriedade.

“Agora, são os drones que estão muito fortes entre os produtores”, comentou Prado. “Eles localizam onde há o problema em toda a lavoura, e fazem a aplicação de produtos químicos somente naquela moita que está doente”, explicou. Também monitoram as plantações, fazendo com que o produtor deixe de andar a fazenda inteira. Prado informou que há uma tecnologia sendo desenvolvida já na semente do algodão, para torná-lo mais resistente à praga, aumentando a sua eficácia em mais de 80%.

Como parte da equipe de assessoramento do secretário de Agricultura, Pesca, Irrigação, Aquicultura e Pecuária do estado da Bahia (Seagri), Wallison Tum, o médico veterinário Paulo Emílio Torres explicou que o órgão é parceiro da Abapa, da Aiba, da Fundação Bahia e dos produtores rurais, apoiando e referendando institucionalmente as atividades de pesquisa, além de disponibilizar recursos e implementos agrícolas para o agropecuarista.

Torres explicou que a Seagri “escuta e ausculta” os problemas dos produtores, além de se aprofundar nas demandas do agronegócio baiano para a busca de soluções, através da articulação institucional com os diversos atores do setor.

“Às vezes, é um problema de logística, de infraestrutura ou de energia, de crédito no banco, de tributação ou de questões ambientais, e a gente vai conversar com outras secretarias, com a Coelba, com os pesquisadores, com a defesa sanitária, e junta os atores para a resolução dos desafios enfrentados pelo produtor, apresentando soluções”, detalhou Torres.

Eficiência em alta

O superintendente de Inovação, Tecnologia e Desenvolvimento Territorial da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Erick Rojas, que lidera as pesquisas na área, explicou que há muita incorporação de tecnologias no agronegócio baiano que aumentam a competitividade das lavouras da região. Há também muitas inovações mais efetivas nas formas de gestão de todo o processo e na análise de dados que fazem a região Oeste uma das mais eficientes do mundo. “A adoção de tecnologias de inovação permite que você produza com mais eficiência e produtividade na mesma área anterior, sem precisar incorporar novas áreas desmatadas”, comentou.

Além do uso de drones que fazem a captura de imagens nas fazendas para analisar o solo e o uso de tecnologias complexas, como os satélites e maquinárias modernas da indústria 5.0, o professor chamou a atenção para o aparecimento de startups que estão desenvolvendo tecnologias a serviço dos produtores das cadeias de valor que aumentam a produtividade, reduzem os custos, aumentam a competitividade e o crescimento da região, apesar dos problemas climáticos e longas estiagens.

Segundo ele, já há startups fazendo uso da inteligência artificial e há muito talento local que gera novas empresas tecnológicas. “Essa onda de inovações e tecnologias não são só para os grandes produtores. Os pequenos, que cultivam cadeias curtas locais e que não estão no mercado internacional também se beneficiam”, ressaltou.

Ele informou que hoje, há uma grande preocupação com o que fazer com as sobras das plantações, e transformá-las em subprodutos, dando um destino melhor do que o descarte simples. “Já há pesquisas para usar o caroço do algodão para a fabricação de tijolos e pré-moldados”, anunciou o professor.

Sérgio Abud, da Embrapa: ‘Foi o trabalho de genética que permitiu o cultivo’

O supervisor da área de Transferência de Tecnologias da Embrapa Cerrados, Sérgio Abud, explicou que os primeiros trabalhos de pesquisas que a Embrapa desenvolveu foi no solo do Oeste, que era ácido e pobre, passando a ficar fértil com correção de ph que viabilizasse o plantio de uma diversidade imensa de culturas, tendo o milho, a soja e o algodão como principais, no início da década de 1980.

Ao mesmo tempo, após o ano 2000, foram desenvolvidas novas variedades de soja e de algodão adequadas e uma genética de milho adaptada para a região, todas selecionadas com maior adaptabilidade ao cerrado.

“Foi o trabalho de genética que permitiu o início dos cultivos no Oeste da Bahia. E para resolver o problema das condições climáticas com distribuição irregular, foram desenvolvidas tecnologias para manter a umidade do solo”, informou o pesquisador.

O manejo integrado de pragas e doenças com microrganismos biológicos reduziram o prejuízo das lavouras. “A Embrapa busca uma série de inovações que possibilitam maior produtividade e rentabilidade ao produtor, o que significa que ele pode empregar mais pessoas, remunerar melhor a mão de obra e desenvolver economicamente a região”, destacou Abud.

A Fundação Bahia realiza eventos para a transferência de tecnologia aos produtores. “Nós pesquisamos e compartilhamos o resultado das pesquisas com os produtores rurais, engenheiros agrônomos, consultores das fazendas e outras empresas. Todo o nosso conhecimento é de domínio público e gratuito para os produtores, para os profissionais e os estudantes que querem se capacitar e qualificar, e também para as associações. E a Bahia sai na frente, porque os outros estados não têm uma estação do nosso porte. A ciência é a grande força do agronegócio”, afirmou Nilson Vicente, gerente geral da fundação.

GPS a serviço da produção

O gerente de Infraestrutura da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Luiz Stalke, ressaltou a contribuição para as lavouras de equipamentos como os sensores de geolocalização (GPS) controlados pelo celular, aliado ao monitoramento por imagens de satélite, que controlam com precisão a quantidade de fertilizantes a serem utilizados no plantio da soja, o que traz agilidade e redução de custos. “Às vezes, não é necessário fazer a mesma adubação em toda a área. Assim se consegue aumentar a produção e o rendimento da área plantada, sendo eficiente no uso dos insumos e garantindo a única safra que a soja tem por ano”, explicou. “Sempre buscamos novas variedades, novas técnicas de manejo e novas soluções para os problemas, e a pesquisa traz isso para a gente”, concluiu. Atualmente, são 1.300 produtores cadastrados na Aiba.

CONFIRA AS MATÉRIAS DO CADERNO A TARDE AGRO:

>>>Plantio direto é aposta: Técnica amplia produtividade agropecuária

>>>Certificação ambiental favorece acesso da produção ao mercado externo

>>>PIB do agronegócio baiano cresce 4,2% e alcança total de R$ 88,66 bi

>>>Feira de prestígio: ‘Agro: herança do Brasil’ é o tema da Bahia Farm

>>>Pesquisas aliadas às novas tecnologias geram expansão

>>>Produção agrícola transforma cenário do Oeste da Bahia

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