INAUGURAÇÃO DO COMPLEXO
Fábrica da BYD projeta a Bahia como polo da eletrificação
Complexo industrial da empresa, em Camaçari, será inaugurado oficialmente amanhã, com a presença do presidente Lula e do fundador

Por Núbia Cristina

O novo complexo industrial da BYD em Camaçari, que será inaugurado oficialmente amanhã com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do fundador e chairman global da BYD, Wang Chuanfu, representa um marco na transformação do tradicional polo petroquímico baiano em um centro de produção limpa e eletrificada.
Com investimento bilionário e capacidade instalada para produzir até 150 mil veículos por ano, ampliável para 300 mil unidades, a fábrica já monta os modelos Dolphin Mini, King e Song Pro no sistema SKD (Semi Knock-Down) e se prepara para, a partir de 2026, operar com manufatura integral e maior nacionalização de peças.
Dotada de tecnologia de ponta, energia 100% renovável certificada e programas de reciclagem de baterias, a unidade reposiciona Camaçari no cenário industrial global e consolida a Bahia como como um dos polos da transição energética na América Latina.
A planta da BYD conta com recursos de automação avançada e mão de obra qualificada, empregando atualmente 1.500 trabalhadores.
Apenas em setembro, foram contratados 365 novos funcionários, sobretudo para as áreas de logística e produção, incluindo 50 vagas exclusivas para Pessoas com Deficiência (PCD). As oportunidades seguem sendo oferecidas por meio do SineBahia, do Centro de Integração e Apoio ao Trabalhador (CIAT) e da plataforma Gupy.
O projeto também simboliza uma ampla integração entre equipes brasileiras e chinesas. Grupos de trabalhadores da unidade baiana vêm participando de programas intensivos de capacitação na China, especialmente na fábrica de baterias da BYD em Xi’an, para dominar os processos tecnológicos e padrões de qualidade que orientam as operações globais da companhia.
Segundo informações divulgadas à época do anúncio do projeto, em 2023, o complexo industrial da BYD em Camaçari recebeu investimento estimado em R$ 3 bilhões, o maior já realizado pela empresa fora da China. O montante abrange três unidades produtivas - de automóveis, chassis de ônibus elétricos e baterias - instaladas na área que antes abrigava o parque da Ford, reforçando o papel estratégico do estado na expansão da mobilidade elétrica no país.
Cadeia de suprimentos
Do ponto de vista industrial, a fábrica foi planejada para operar com uma cadeia de suprimentos local robusta. Segundo o vice-presidente sênior e head comercial e de marketing da BYD Auto Brasil, Alexandre Baldy, “a BYD sempre teve em seu planejamento a fabricação completa dos carros no Brasil e é natural a busca por fornecedores de peças tanto na Bahia como em outros estados”, disse.
“A BYD tem como meta alcançar mais de 50% de nacionalização de partes e peças até 2027. Já estamos qualificando dezenas de empresas instaladas no Brasil para fornecer peças para a unidade de Camaçari. A Continental Pneus, vizinha à fábrica, foi a primeira fornecedora oficialmente homologada”, destaca Baldy.
A meta de nacionalização e integração produtiva se apoia em parcerias com entidades como a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Abipeças e Sindipeças, dentro do programa “BYD Quer Conhecer Você”, lançado para atrair e desenvolver fornecedores brasileiros de autopeças.
Em linha com sua estratégia de indústria verde, a BYD recebeu a certificação internacional I-REC (International REC Standard), que comprova o uso de energia 100% eólica em seu complexo baiano.
A iniciativa evitou a emissão de cerca de 470 toneladas de CO2 entre outubro de 2024 e agosto de 2025 — o equivalente ao plantio de 3.300 árvores. Além disso, a empresa mantém um programa estruturado de reaproveitamento e reciclagem de baterias, com centros dedicados em Campinas e outro em implantação em Camaçari, destinados à triagem, reparo e reutilização das baterias em sistemas de segunda vida, como iluminação pública e armazenamento de energia solar.
Rede de revendas
A expansão da fábrica é acompanhada pelo fortalecimento da rede de concessionárias, que já soma 190 pontos de venda em operação e deve alcançar 250 até o fim do ano. Parte da estratégia envolve a instalação de 94 eletropostos rápidos, integrados à plataforma BYD Recharge, que permite monitorar, pagar e utilizar recargas em todo o país — um passo decisivo para consolidar a infraestrutura nacional de mobilidade elétrica.
Do ponto de vista tecnológico, a fábrica simboliza também a transferência de conhecimento e inovação para o Brasil. Um dos primeiros resultados da cooperação entre os centros de pesquisa chineses e brasileiros é o motor híbrido flex, que combina eletricidade e etanol — combustível limpo e amplamente disponível no país. O novo sistema equipará os modelos super-híbridos da marca produzidos no Brasil.
Para a CEO da BYD Américas, Stella Li, o projeto vai muito além da produção automotiva: “A nossa visão é transformar esta região da Bahia em um Vale do Silício da América do Sul, com foco em mobilidade elétrica e soluções energéticas integradas.”
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