COBRANÇAS
Auditor aponta subnotificação dos casos de trabalho análogo ao escravo
Sindicato cobra o aumento na quantidade de trabalhadores para ter uma fiscalização mais efetiva
Por Da Redação
Tema recorrente nos primeiros meses de 2023, o trabalho análogo à escravidão segue como um mal da sociedade brasileira. Recentemente, mais de 200 trabalhadores baianos foram resgatados em situações precárias no Rio Grande do Sul. A situação precária também foi apontada no festival de música Lollapalooza, um dos mais caros do país. Já em Salvador, um caseiro era mantido em situação similar à escravidão por uma tenente da Polícia Militar.
Apesar dos casos apontados, para o auditor fiscal do trabalho, Daniel Fiúza, existe uma subnotificação "gigantesca" em relação ao crime, até mesmo por desconhecimento dos próprios trabalhadores, que ainda não sabem identificar quais são os tipos de crimes e ações irregulares praticadas por empresas.
"A gente tem uma subnotificação gigantesca dos casos, principalmente no meio rural, onde os trabalhores tem pouco ou nenhum acesso aos órgãos fiscalizadores. Infelizmente a gente tem um problema em relação ao trabalho análogo à escravidão em que os próprios trabalhadores normalizam essa situação por estarem nessa situação no campo a vida toda...Tivemos casos chocantes no Rio de Janeiro, em Salvador", disse Fiúza, em entrevista ao Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM, nesta segunda-feira, 27.
>> Bahia ocupa 3ª posição em trabalho escravo
Para combater o trabalho análogo à escravidão, os auditores fiscais cobram maior número de efetivo. Conforme o Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho no Brasil, nos últimos 12 meses, a inspeção do trabalho na Bahia alcançou 901.256 de trabalhadores, identificou 5.239 irregularidades em Saúde e Segurança no Trabalho (SST), inseriu 4.031 aprendizes e Pessoas com Deficiências (PcDs).
"Nós temos poucos auditores na Bahia para as necessidades da população. Infelizmente, nos últimos quatro anos a gente teve uma piora na situação de recursos materiais do órgão e tivemos cortes no orçamento a partir do ano de 2019. Varia de uma unidade para outra, mas precisamos, de um modo geral, de viaturas em bom estado. A gente se desloca em locais rurais, distantes. Esperamos que agora as condições de trabalho melhorem", falou sobre as necessidades.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores-fiscais do Trabalho na Bahia, o déficit de pessoal está em mais de 1.500 profissionais da área.
"Nosso principal problema é a questão do efetivo. O ano passado a gente teve uma melhoria com o aumento dos valores de diárias quando o servidor viaja. Esse foi um avanço grande para as operações do trabalho escravo, já que os grupos móveis estão sempre em viagem. Precisamos de auditores para compor esses grupos", acrescentou Fiúza.
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